“Porque
o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e
cavaram para si cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas” (Jeremias 2:13).
Amigo leitor, até aqui pude mostrar
pelos vocábulos usados nas Escrituras o quanto a Palavra revela que a raça
adâmica deixou o Senhor na queda; o quanto desprezou o bondoso criador; o
quanto recusou propositalmente a Sua glória, a fim de curvar perante a astuta
cilada de satanás.
Prossigo em apresentar mais argumentos
da verdade revelada. Muitas são as palavras que descrevem a decisão do homem na
queda e que comprovam essas verdades na prática. Mas a Palavra também usa
expressões que descrevem essa condição tão triste dos homens. Vemos no Novo Testamento
como Paulo descreve a situação de homens e mulheres sob a tirania do pecado e
do príncipe deste mundo: “Filhos da Ira”: “...e éramos por natureza filhos da
Ira...” (Efésios 2:2). Notemos como no texto o apóstolo lança fora
qualquer base para que os crentes fiquem orgulhosos neles mesmos diante dos
tremendos ensinos da graça salvadora. Paulo está motivando os santos a terem
corações gratos; a serem humildes e viverem sob a constante atmosfera da
misericórdia do Senhor. O fato é que a linguagem de Paulo em Efésios é
realmente humilhante para nossa natureza tão orgulhosa, mas é para fazer os
crentes recordarem que a posição deles agora em Cristo foi obra absoluta da
graça.
Examinemos um pouco mais de perto. O
que realmente significa “filhos da Ira”? Indica que os homens vivem debaixo de
completa indignação; que por serem filhos do diabo e não de Deus; que por serem
nascido no pecado; que por serem elementos que se intrometeram no mundo a fim
de desafiarem a Deus com seus atos malignos, certamente são objetos da Ira; que
a todo o momento são alvos constantes da fúria de Deus; que em nada Deus tem
qualquer prazer neles; que em nada são bem vindos à terra; que são dignos de
serem expulsos daqui e que constantemente são atingidos pelas flechas do ódio de
Deus.
O leitor atento pode observar como não
há diferença na linguagem de Deus quando trata da situação depravada dos
homens. Que não há lugar para conceber um Deus que no Antigo Testamento fala em
Ira e no Novo Testamento fala de amor. É certo que no Na linguagem do Novo
Testamento o amor de Deus pelo povo salvo, o povo eleito aparece, mas realça
ainda mais a diferença do trato de Deus com Seus filhos amados e o trato deles
com a impiedade dos homens no pecado. Não há como escapar da fúria daquele que é
três vezes santo, a não ser se o pecador for achado em Cristo.
Por terem deixado o Senhor da glória;
por terem dado as costas ao maravilhoso amoroso Criador; por terem
propositalmente obedecido a voz da serpente e caído aos pés do pai da mentira
para amá-lo e adorá-lo, eis que homens e mulheres são chamados de “Filhos da
Ira” e não filhos do amor de Deus. Toda tentativa de mudar a situação é inútil;
toda luta para encobrir sua condição de réus é pura arrogância e presunção. O
Santo de Israel não pode mentir; o glorioso Senhor do céu e da terra é
imutável. Os verdadeiros salvos compreenderam isso, por essa razão seus
corações estão cheios de temor reverente; eles sabem bem que foram alcançados
pela força soberana da compaixão de Deus; sabem que realmente mereciam a
punição eterna; sabem que devem tudo ao amor de Cristo provado na cruz. Estão
certos de que agora são chamados filhos do amor de Deus, porque a graça os
chamou e que foram aceitos em Cristo.
Caro leitor, qual é a sua situação
neste momento? Está agora debaixo do amor de Deus porque foi lavado e
purificado pelo sangue do Cordeiro, ou ainda está debaixo da Ira de Deus? A
mensagem do evangelho chega para proclamar as maravilhas de uma tão grande
salvação conquistada na cruz. O amor de Deus aparece brilhando nas trevas deste
mundo e chamando pecadores arrependidos, a fim de que corram e busquem abrigo
eterno e plenamente seguro Naquele que na cruz morreu pelos nossos pecados.
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