“Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não
o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia” (João 6:44).
Prezado
leitor, sinto gozo em meu coração quando me deparo com um texto tão
impressionante como este! Aliás, o livro de João em sua totalidade é uma das
mais gloriosas manifestações da sublimidade das Escrituras sagradas. O cap. 6
desse livro é algo simplesmente encantador, inaceitável à mente incrédula tão
entenebrecida no pecado. Quero aqui convidar o leitor atento, que ama a Palavra
de Deus para o exame desse verso. Não passemos superficialmente por essas
riquezas do conhecimento do Deus que neste mundo opera Sua gloriosa salvação.
Certamente o verso é humilhante, mas nossa humilhação é tão salutar, porquanto
somente assim teremos a nossa pobre, limitada e suja mente capaz de entender
verdades eternas reveladas àqueles que buscam o Senhor de todo coração.
Cristo
está perante uma multidão de homens e mulheres que corriam em busca de Seus
milagres; estava ali um homem que era tudo o que a natureza carnal e mundana
tanto queria; tudo o que eles precisavam para ter um mundo política e
religiosamente melhor. Eles queriam um reino mundano melhor e um deus capaz de
atender seus apetites carnais; aquele fazedor de milagres seria capaz de reinar
em Israel e mudar a situação daquela nação tão pobre e ainda escravizada à
tirania romana.
Mas,
repentinamente eles se viram perante alguém cujas palavras descobriam as
manobras de seus corações incrédulos e rebeldes. Com Suas palavras penetrantes
o Senhor transportou aquele povo para o Velho Testamento e mostrou que em nada
eles eram diferentes dos israelitas que ali no deserto recusavam o pão vindo do
céu; suas atitudes para com Deus eram semelhantemente rebeldes e obstinadas. Cristo
mostrou que Ele era o verdadeiro pão do céu, que veio ao mundo para dar vida
eterna; o maná que caía no deserto nos dias de Moisés para o sustento do povo era
apenas uma figura simbólica do verdadeiro pão celestial.
Foi
assim que a partir do verso 37 que nosso Senhor começou a disparar as flechas
das verdades soberanas diretamente contra aqueles corações rebeldes; a luz do
evangelho da glória de Cristo começou a brilhar perante o ódio intenso da
natureza orgulhosa e odiadora de Deus. O homem parece ser muito espiritual e
aparenta ser muito piedoso enquanto a glória do Filho de Deus não aparece. As
multidões estão aptas para aceitar uma religião mundana, um evangelho
humanista, mas quando brilha a verdade da corrupção e maldade de seus corações
corrompidos, imediatamente fogem ou ameaçam atacar o reino de luz. Isso
acontece porque o evangelho da glória de Cristo humilha o coração, desfaz toda
aparência e revela que homens e mulheres estão perdidos, a não ser que apelem
para as misericórdias do Senhor.
As
palavras penetrantes do Senhor começam a mexer com o orgulho daquele povo,
justamente porque Ele afirma ser o Filho de Deus, em plena igualdade com o Pai,
e em nada se intimida perante a rebelião humana; em nada nosso Senhor se
submete às exigências mundanas e idólatras de homens caídos no pecado. Foi
nesse clima ameaçador, nesse ambiente compenetrado com o mal, que nosso Senhor
passa por cima das reclamações, murmurações e ódio deles e afirma: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não
o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia”.
Amigo
leitor, eu sei que essas verdades do evangelho que exibe o Deus soberano é
realmente humilhante, porque faz desabar toda arrogância e anula toda atividade
carnal. É nesse clima de quebrantamento e contrição que a alma é colocada
perante o Salvador bendito! Somente assim homens e mulheres podem conhecer o
real significado da salvação bíblica! Somente assim corações rebeldes são
transformados em novos corações, que temem ao Senhor e realmente andam em Seus caminhos!
Enfim, a verdade revelada tem em vista nosso bem eterno; tem por meta o
conhecimento a salvação do perdido e seu erguimento do pó para a glória
eternal!
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