“Por isso o juízo
está longe de nós, e a justiça não nos alcança. Esperamos pela luz, e eis que
há só trevas, esperamos pela claridade, mas andamos na escuridão” (Isaías
59:9-11)
O CLAMOR PELA SUA
CONDIÇÃO DE POBREZA ESPIRITUAL: “Pelo que a justiça está longe de
nós, e a retidão não nos alcança”
A verdade mais significativa a respeito
desse povo eleito é que eles aparecem nas Escrituras, todos juntos, numa
linguagem só, mesmo antes da conversão. É o que vemos neste impressionante cap.
59 de Isaías. Deus está mostrando a nós que é impossível haver pecadores
arrependidos se não for pela eleição divina. Mas também o texto é de particular
elucidação a respeito do que significa o arrependimento genuíno, visto somente
em corações tocados pelo Espírito de Deus. Então, é meu serviço ajudar meus
leitores no conhecimento dessa verdade. Notemos bem no texto que essa
disposição dos eleitos é vista coletivamente. Todos eles confessam a mesma
coisa e anelam a mesma salvação, e isso é visto nos pronomes possessivos
“nossos” e pessoais “nós”. Notemos que em Isaías 53 os eleitos juntos confessam
que a situação deles é a mesma e que a morte de Cristo foi para salvá-los.
Sigamos agora os ensinos que aparecem perante nossos olhos nessa maravilhosa
passagem.
A primeira lição nos mostra a
triste condição de injustiça interior: “...pela justiça e ela está longe de
nós, e a retidão não nos alcança...”. Eis a situação dos perdidos, mostrada por
Deus. Os eleitos de Deus, os que ainda não foram chamados pela graça da
salvação estão nessa real condição. Cristo veio buscar os perdidos (Lucas
19:10) e Isaías 59 está apresentando esses perdidos. Os perdidos são diferentes
ao contemplar a situação deles aqui. Eles veem a condição deles à luz da
justiça perfeita de Deus; eles percebem que estão longe da justiça e que a justiça
está longe deles. Tal verdade mostra a diferença com os outros, porque os
homens erigidos pelo orgulho do pecado sempre estão vendo a eles mesmos
carregados de justiça própria; eles sempre estão erigindo um altar religioso,
em prol deles mesmos. Mas não é esse o caso dos eleitos de Deus, pois eles
olham para si e encaram ao derredor e tudo é visto sem qualquer sinal de
perfeita justiça. Por isso que eles são chamados de “perdidos”.
Ora, o que é o pecado? É
injustiça tanto horizontal como vertical. Pecado é não dar a Deus a glória
devida somente a Ele e como resultado, não dará aos homens o tratamento
conforme a justiça perfeita de Deus exige. O mundo vive de bondade, mas não de
justiça, mas fora da justiça perfeita, eis que tudo aqui é manchado do pecado.
Os eleitos percebem isso e não se contenta mais com o mundo; vê escuridão ao
derredor e busca saída. É claro que essa condição só é vista pelos eleitos
quando Deus lhes mostra. O alvo do pecado é manter Deus do lado de fora; o
pecado cancela a visão da alma, enche a mente de escuridão e transtorna as emoções.
Sem a justiça perfeita de Deus no homem, nada consegue funcionar direito e até
mesmo os atos de aparente bondade, humanidade e fraternidade estão sujeitos à
ruina, vergonha e decepção.
O que quero dizer é que se
a alma estiver torta, tudo por fora será tortuoso; tudo por fora se torna
inconfiável; o mundo será sempre mutável em todos os aspectos, porque é
impossível confiar no homem, enquanto ele estiver no pecado. O ambiente que
parece realçar felicidade, logo é manchado com vergonha e dor; a felicidade é
transformada em tristeza e decepção; a segurança é dissipada, dando lugar ao
medo e angústia. Não há como estabelecer a vida onde não existe alicerce firme
e seguro da justiça. E quando tudo parece indicar que há vitória no pecado,
logo tudo é dissipado pela presença da verdade do evangelho. Tudo para Saulo de
Tarso era belo, bonito e certo, mas quando despontou a glória do Cristo ressuscitado,
por meio da pregação, eis que tudo foi mudado em ódio e implacável perseguição
contra Deus: “E sereis perseguidos por causa da justiça”.
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