“Deixo-vos a paz, a
minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso
coração, nem se atemorize” (João 14:27).
O LEGADO DE CRISTO
PARA SEU POVO: “Deixo-vos a paz...”
Amado leitor, se você é um crente
certamente há de entender que essa paz deixada por Cristo aos Seus discípulos
ainda é a mesma paz que os santos desfrutam aqui como um santo legado deixado a
nós, num ambiente carregado de conflitos e de guerra do homem contra Deus. O
mundo não deixou de ser o que sempre foi desde a entrada do pecado. Nosso
Senhor jamais deixou os crentes sem a orientação devida, daquilo que aqui eles
enfrentam e hão de enfrentar, justamente por causa do intenso ódio que arde nos
corações contra o Senhor da glória (João 15). Meu trabalho aqui consiste em
mostrar que paz é essa paz e o que ela realmente significa.
É óbvio que é a paz é exatamente aquela
apresentada por Paulo em Filipenses 4: “E a paz de Deus que excede todo
entendimento...”. Note bem que não é a paz com Deus, conforme nos é mostrada em
Romanos 5:1, porque esta é a paz resultante da justificação, e acontece assim
que a alma é salva do pecado. É claro que a paz com Deus vem em primeiro lugar,
porque enquanto o pecador não for achado pela graça salvadora eis que ele ainda
está em guerra e ainda não foi reconciliado. Posso afirmar aqui que a paz com
Deus é fruto do poder do sangue remidor, enquanto a paz de Deus é fruto do
poder do Espírito Santo no viver do crente.
Preciso enfatizar um pouco mais acerca
dessa paz, porque ela aparece em forma de poesia no Salmo 46. Ali vemos uma
descrição bela acerca do que é este mundo em sua agitação como as ondas do mar.
É claro que isso que vemos acerca desse sistema mundial é visto coração do
ímpio, porque ele não tem paz: “Para o perverso, diz o meu Deus, não há paz”
(Isaías 57:21). O coração do homem no pecado é assim, tão agitado como as ondas
do mar e isso não cessa um instante sequer. Então, ajuntemos toda essa multidão
de impiedade e a soma de tudo é o que vemos no Salmo 46.
Mas como deve ser o crente? Sua calma
está lá dentro. Enquanto o mundo é como o mar, eis que “Há um rio, cujas
correntes alegram a cidade...”. Uma alma que foi reconciliada com Deus nada
pode sentir de perturbação e angústia interior. Do seu coração foi varrida toda
essa onda de sujeira e de maldade; do seu ser foi tirado todo arsenal de guerra
que ele costumava empunhar contra Deus. Agora reina a paz com Deus e dia após
dia pode experimentar a paz de Deus. Caro leitor, somente os crentes podem
entender isso. Afirmo assim porque vejo como o evangelismo moderno tenta passar
tranquilidade aos homens no pecado. Até mesmo a música “cristã” de hoje aparece
para tentar fundir uma confiança perigosa num coração onde reina o mal. Como
pode o homem no pecado experimentar a paz de Deus, quando ainda nada conheceu
da paz com Deus?
Então, o que esse evangelho moderno fez
foi erguer mais um trabalho ligado à psicologia. Por essa razão eis que os
cultos modernos sempre estão cheios, sempre estão lotados de pessoas que acham
na música e nas palavras pregadas uma calma, uma paz que eles pensam que vem de
Deus aos seus corações. Não raro vemos os ímpios correndo para orar, louvar e
fazer o trabalho “de Deus” em ajudar outros. Veja o que a psicologia pode fazer
e até onde ela pode chegar. Mas tudo isso é inútil, porque somente quando a
alma é salva, somente quando o pecado lança fora todas as suas armas do pecado,
assim ele pode entender o que Paulo entendeu. A paz de Deus não muda o mundo,
ela capacita o santo de Deus a olhar para o mundo e para todos as suas mazelas
do ponto de vista bíblico. O Senhor agora reina no coração; a direção da vida
está agora sob o domínio do Senhor e Ele mesmo é quem habilita o crente a viver
assim.
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