quarta-feira, 20 de agosto de 2014

NAS MÃOS DE UM DEUS IRADO (5)



   Jonathan Edwards
“...A seu tempo, quando resvalar o seu pé...” (Deuteronômio 32:35)
        
         A maior parte daqueles que antes viveram debaixo da dispensação da graça, e que agora estão mortos, sem dúvida alguma foram para o inferno. E não é por terem sido menos espertos do que os que ainda estão vivos, nem por terem planejado as coisas de tal forma que não lhes assegurou o escape. Se pudéssemos falar com eles, um a um, e perguntar-lhes se, quando vivos, esperavam ser vítimas de tamanha miséria, sem dúvida ouviríamos todos dizer: “Não, eu nunca pensei em vir para cá. Eu tinha esquematizado as as coisas de maneira bem diferente. Pensei que iria conseguir algo melhor para mim, que meu plano era adequado. Pensei em me precaver melhor, mas tudo aconteceu de maneira tão repentina. Não esperava por isso naquele época, e nem daquela maneira. Mas tudo veio como um ladrão. A ira de Deus foi rápida demais para mim. Oh, maldita insensatez! Eu me gabava, e me deleitava em sonhos vãos quanto ao que faria no futuro. E justamente quando eu mais falava de paz e segurança, me sobreveio uma súbita destruição”.
         10.    Deus não se sujeita a nenhuma obrigação, nem e nenhuma promessa de manter o homem natural fora do inferno por um momento sequer. Ele não fez absolutamente nenhuma promessa de vida eterna, ou de libertação ou de proteção da morte eterna, senão àquelas almas que estão contidas na aliança da graça – as promessas concedidas em Cristo, no qual todas as promessas são o Sim e o Amém. Mas obviamente os que não são filhos da aliança da graça não têm interesse na mesma, pois não creem em nenhuma das Suas promessas, e nem têm o menor interesse no Mediador dessa aliança.
         Portanto, a pesar de tudo que os homens possam imaginar ou pretender sobre promessas de salvação, devido suas lutas pessoais e buscas incessantes, deixamos claro e manifesto que qualquer desses esforços ou orações que se façam em relação à religião, será inútil. A não ser que creiam em Cristo, o Senhor, de modo nenhum Deus está obrigado a conservá-los fora da condenação eterna.
         Então, os homens impenitentes estão detidos nas mãos de Deus por cima do abismo do inferno. Eles merecem o lago de fogo e para esse lugar estão destinados. Deus Se acha terrivelmente irritado. Seu furor para com eles é tão grande, quanto para com aqueles que já estão agora sofrendo o suplício da fúria de Sua ira no inferno. Esses ímpios não fizeram absolutamente nada para abrandar ou diminuir Sua cólera, portanto o Senhor não está de modo algum preso a qualquer promessa de livramento, nem por um momento sequer. O diabo espera por eles, o inferno já escancarou a Sua boca para tragá-los. O fogo latente em seus corações agrava-se agora querendo explodir. E como continuam sem o menor interesse no Mediador, não existem meios, ao alcance deles, que lhes possa dar segurança.
         Em suma, eles não têm refúgio e nada onde se segurar. O que os retém a cada instante é a absoluta boa vontade divina e a clemência sem compromisso, sem obrigação, de um Deus enraivecido.
(continua)
        


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