segunda-feira, 18 de agosto de 2014

NAS MÃOS DE UM DEUS IRADO (3)

JONATHAN EDWARDS



“...A seu tempo, quando resvalar o seu pé...” (Deuteronômio 32:35)
         5.      O diabo está pronto a cair sobre os ímpios, para apoderar-se deles como coisa sua, no momento em que Deus o permitir. Eles lhe pertencem, suas almas encontram-se em seu poder e sob o seu domínio. As Escrituras os apresentam como propriedade de Satanás (Lucas 11:21). Os demônios os espreitam, estão sempre ao seu lado, à sua direita, esperando por eles como leões esfaimados e enfurecidos que veem a presa, aguardando a hora de agarrá-la, mas são restringidas por enquanto.
         Se Deus retirasse Sua mão, a qual os refreia, eles cairiam sobre suas pobres almas num instante. A velha serpente está pronta para dar o bote. O inferno escancara sua boca para recebê-los. E se Deus permitisse, seriam rapidamente engolidos e consumidos.
         6.      Nas almas dos pecadores reinam aqueles princípios diabólicos que os faria arder agora mesmo no inferno, se não fosse a restrição imposta por Deus. Existe na própria natureza carnal do homem uma potencialidade alicerçando os tormentos do inferno. Há aqueles princípios corruptos que agem de maneira poderosa sobre eles, que os dominam completamente, e que são sementes do fogo do inferno. Esses princípios são ativos e poderosos, de natureza extremamente violenta, e se não fosse a mão restringidora do Senhor sobre eles, seriam logo destruídos. Iriam ardem em chama da mesma forma que a corrupção e a rebeldia fazem arder os corações das pessoas condenadas, gerando nelas os mesmos tormentos.
         As almas dos ímpios são comparadas nas Escrituras com o mar agitado (Isaías 57:20). Por enquanto Deus controla as iniquidades deles pelo Seu imenso poder, como faz com as ondas enfurecidas do mar, dizendo: “Virão até aqui, mas não prosseguirão”. Mas se Deus retirasse deles seu poder refreador, seriam todos tragados por elas. O pecado é a ruína e a miséria da alma. Ele é destrutivo pela própria natureza. E se Deus o deixasse sem controle, não seria preciso mais nada para tornar as almas humanas absolutamente miseráveis. A corrupção do coração do homem é algo cheio de fúria incontrolável e sem freio. Enquanto os pecadores viverem aqui, essa fúria será como fogo reprimido pelas restrições divinas. Ao passo que, se fosse liberada, incendiaria o curso natural da vida. E como o coração é um poço do pecado, este mesmo pecado iria imediatamente transformar a alma num forno incandescente ou numa fornalha de fogo e enxofre, caso não fosse restringido.
         7.      O fato de não haver sinais visíveis da morte por perto, não quer dizer que haja, por um momento, sequer insegurança para os ímpios.
(continua)


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