sexta-feira, 15 de agosto de 2014

NAS MÃOS DE UM DEUS IRADO (2)



   Jonathan Edwards
“...A seu tempo, quando resvalar o seu pé...” (Deuteronômio 32:35)
         A verdade dessa observação transparecerá nas seguintes considerações:
         1.      Não falta poder a Deus para lançar os ímpios no inferno a qualquer momento. A mão dos homens não é suficientemente forte quando Deus se levanta. O mais forte deles não tem poder para resistir-Lhe, e ninguém consegue se livrar de Suas mãos.
         Ele não só pode lançar os ímpios no inferno, como pode fazê-lo com a maior facilidade. Mui tas vezes, uma autoridade terrena encontra grande dificuldade em dominar um rebelde, o qual acha meios de se fortalecer e se tornar mais poderoso pelo número de seguidores que alicia. Mas com Deus não é assim. Não há força que resista ao Seu poder. Mesmo que as mãos se unam, e que enormes multidões de inimigos do Senhor juntem suas forças e se associem, serão todos facilmente despedaçados. São como montes de palha seca e leve diante de um furacão, ou como grande quantidade de restolho perto de chamas devoradoras. Nós achamos fácil pisar e esmagar uma lagarta que se arrasta pelo chão. Achamos fácil também cortar ou chamuscar u m fio de linha fino que segura alguma coisa. Então, é simples para Deus, quando Lhe apraz, lançar Seus inimigos no inferno profundo. Quem somos nós, que imaginamos poder resistir Àquele ante cuja repreensão a terra treme, e perante quem as pedras tombam?
         2.      Eles merecem ser lançados no inferno. Assim, a justiça divina não se interpõe no caminho dos ímpios; nem faz objeção pelo fato de Deus usar Seu poder para destruí-los a qualquer momento. Muito pelo contrário, a justiça fala assim da árvore que produz frutos maus: “...pode cortá-la; para que está ela ainda ocupando inutilmente a terra?” (Lucas 13:7). A espada da Justiça divina está o tempo todo erguida sobre suas cabeças, e somente a mão de absoluta misericórdia e a mera vontade de Deus podem detê-la.
         3.      Os ímpios estão debaixo da sentença de condenação ao inferno. Eles não só merecem ser lançados ali, mas a sentença da lei de Deus, esse preceito de eterna e imutável retidão que o Senhor estabeleceu entre Si mesmo e a humanidade, também se coloca contra eles, e assim os mantém. Portanto, tais homens já estão  destinados ao inferno: “...o que não crê já está julgado” (João 3:18). Assim, todo impenitente pertence, verdadeiramente, ao inferno. Ali é o seu lugar, ele é de lá, como lemos em João 8:38: “Vós sois cá de baixo” e para lá é destinado. Este é o lugar que a justiça, a Palavra de Deus e a sentença de Sua lei imutável reservam para ele.
         4.      Assim sendo, eles são objetos da ira e da indignação de Deus, que se manifesta através dos tormentos do inferno. E a razão de não descerem ao inferno agora mesmo não é pelo fato do Senhor, em cujo poder se encontram, estar menos irado com eles no memento, ou, pelo menos, não tão encolerizado como está com aquelas miseráveis criaturas a quem Ele atormento no inferno, as quais experimentam e sofrem ali a fúria de Sua indignação. Sim, Deus Se acha muito mais furioso com um grande número de pessoas que está vivendo na terra agora, talvez de modo tranquilo e confortável do que com muitos daqueles que estão experimentando as chamas do inferno.
         Portanto, a razão porque Deus ainda não abriu a Sua mão e os liquidou, não é por Ele não Se importar com suas iniquidades, ou não Se ofender. O Senhor não se parece com eles, em borá pensem que sim. A fúria de Deus arde contra eles, sua condenação não demora. O abismo está preparado, o fogo está pronto, a fornalha incandescente está ardendo, pronta para recebê-los. As chamas vermelhas queimam. A espada luminosa foi afiada e pesa sobre suas cabeças. O inferno abriu a sua boca debaixo deles. (continua)

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