Jonathan Edwards
“...A seu tempo, quando resvalar o seu pé...”
(Deuteronômio 32:35)
A verdade dessa observação
transparecerá nas seguintes considerações:
1. Não
falta poder a Deus para lançar os ímpios no inferno a qualquer momento. A mão
dos homens não é suficientemente forte quando Deus se levanta. O mais forte
deles não tem poder para resistir-Lhe, e ninguém consegue se livrar de Suas
mãos.
Ele não só pode lançar os ímpios no
inferno, como pode fazê-lo com a maior facilidade. Mui tas vezes, uma
autoridade terrena encontra grande dificuldade em dominar um rebelde, o qual
acha meios de se fortalecer e se tornar mais poderoso pelo número de seguidores
que alicia. Mas com Deus não é assim. Não há força que resista ao Seu poder.
Mesmo que as mãos se unam, e que enormes multidões de inimigos do Senhor juntem
suas forças e se associem, serão todos facilmente despedaçados. São como montes
de palha seca e leve diante de um furacão, ou como grande quantidade de
restolho perto de chamas devoradoras. Nós achamos fácil pisar e esmagar uma
lagarta que se arrasta pelo chão. Achamos fácil também cortar ou chamuscar u m
fio de linha fino que segura alguma coisa. Então, é simples para Deus, quando
Lhe apraz, lançar Seus inimigos no inferno profundo. Quem somos nós, que
imaginamos poder resistir Àquele ante cuja repreensão a terra treme, e perante
quem as pedras tombam?
2. Eles
merecem ser lançados no inferno. Assim, a justiça divina não se interpõe no
caminho dos ímpios; nem faz objeção pelo fato de Deus usar Seu poder para
destruí-los a qualquer momento. Muito pelo contrário, a justiça fala assim da árvore
que produz frutos maus: “...pode
cortá-la; para que está ela ainda ocupando inutilmente a terra?” (Lucas
13:7). A espada da Justiça divina está o tempo todo erguida sobre suas cabeças,
e somente a mão de absoluta misericórdia e a mera vontade de Deus podem
detê-la.
3. Os
ímpios estão debaixo da sentença de condenação ao inferno. Eles não só merecem
ser lançados ali, mas a sentença da lei de Deus, esse preceito de eterna e
imutável retidão que o Senhor estabeleceu entre Si mesmo e a humanidade, também
se coloca contra eles, e assim os mantém. Portanto, tais homens já estão destinados ao inferno: “...o que não crê já está julgado” (João
3:18). Assim, todo impenitente pertence, verdadeiramente, ao inferno. Ali é o
seu lugar, ele é de lá, como lemos em João 8:38: “Vós sois cá de baixo” e para lá é destinado. Este é o lugar que a
justiça, a Palavra de Deus e a sentença de Sua lei imutável reservam para ele.
4. Assim
sendo, eles são objetos da ira e da indignação de Deus, que se manifesta
através dos tormentos do inferno. E a razão de não descerem ao inferno agora
mesmo não é pelo fato do Senhor, em cujo poder se encontram, estar menos irado
com eles no memento, ou, pelo menos, não tão encolerizado como está com aquelas
miseráveis criaturas a quem Ele atormento no inferno, as quais experimentam e
sofrem ali a fúria de Sua indignação. Sim, Deus Se acha muito mais furioso com
um grande número de pessoas que está vivendo na terra agora, talvez de modo
tranquilo e confortável do que com muitos daqueles que estão experimentando as
chamas do inferno.
Portanto, a razão porque Deus ainda não
abriu a Sua mão e os liquidou, não é por Ele não Se importar com suas
iniquidades, ou não Se ofender. O Senhor não se parece com eles, em borá pensem
que sim. A fúria de Deus arde contra eles, sua condenação não demora. O abismo
está preparado, o fogo está pronto, a fornalha incandescente está ardendo,
pronta para recebê-los. As chamas vermelhas queimam. A espada luminosa foi
afiada e pesa sobre suas cabeças. O inferno abriu a sua boca debaixo deles.
(continua)
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