sexta-feira, 3 de maio de 2013

O PERSEGUIDOR IMPLACÁVEL (7)



                                            
Mas se não fizerdes assim, estareis pecando contra o Senhor; e estai certos de que o vosso pecado vos há de achar” (Número 32:23).
        Prezado leitor, mesmo sendo um homem crente Jacó foi perseguido pelo pecado. Após o maravilhoso encontro que teve com Deus no Vau de Jaboque, sua vida foi mudada. Agora não prevalecia mais o velho Jacó trapaceiro; agora aparece um homem cujo coração foi mudado, para ser Israel, príncipe de Deus. É agora um conselheiro, um homem diferente, ocupado em proteger a família e buscar a glória de Deus, como naquele acontecimento narrado no cap. 35,quando levou a família inteira a mudar suas vidas, lançando fora seus ídolos, para que assim pudesse obter a defesa de Deus, após o massacre ocorrido em Siquém (cap. 34).
         Mas, mesmo assim o pecado ainda mantilha suas armas apontadas em perseguição a Jacó. O velho servo de Deus era demasiadamente apegado aos filhos. Depois que José foi vendido pelos seus irmãos, Jacó foi enganado pelos próprios filhos. Lembra que havia mentido, na tentativa de enganar seu pai? Agora 10 filhos chegam perante ele para trazer-lhe a maior e mais profunda angústia que durou por muitos anos em sua vida (Gênesis 37:31-36). Ficou sabendo que José foi morto devorado por alguma fera. Quanto sofrimento custou para aquele velho e amoroso pai! Mas não podemos esquecer que: “... o vosso pecado vos há de achar”. Deus não chegou para tirar esse sofrimento que dilacerou o coração do seu servo, pelo contrário, Deus permitiu que a verdade ficasse encoberta por tantos anos, porque as vaidades da natureza corrompida estão prontas a estragar os planos eternos de Deus. Enquanto Jacó estava enrolado na tristeza, medo e depressão, o Espírito de Deus livremente usava José no Egito, a fim de que os propósitos eternos fossem cumpridos.
         Prezado amigo, não esqueçamos que a posição de crente não desfaz as conseqüências de nossos atos errados praticados no passado. O perdão de Deus é completo, a alegria da reconciliação é a festa da alma regenerada, mas o cheiro da fumaça fica. Os efeitos de procedimentos errados permanecem arraigados em nossa natureza carnal e periodicamente brilham como faíscas, fazendo com que sintamos tristezas e dores. Por quê? Para que saibamos quão horroroso é o pecado e quão grandiosa foi a misericórdia do Senhor em nossas vidas e para que sejam motivos de humilhação e dependência de Deus em nosso viver.
         É claro que Deus transformou toda escuridão em radiante luz da graça para seu servo; grande humildade assegurou a tranqüilidade da família quando foi para o Egito. O velho Israel está caminhando para o fim de sua existência terrena. A graça encheu seu coração da verdadeira fé, fé que brilhou ali no leito de morte, conforme o relato do cap. 49. As fraquezas do servo de Deus foram receptáculos da extraordinária graça de Deus, e assim completasse sua existência para que Deus fosse glorificado em seu viver.
         Querido leitor, eis aí uma breve lição do que significa na prática a perseguição do pecado. Abandonado às paixões do coração o homem se torna um peso esmagador contra seus semelhantes na prática de suas perversidades. Mesmo sabendo das tristes conseqüências ele não consegue parar o “caminhão desenfreado” de suas paixões. O pecado é um poder irresistível quando controla a mente, emoção e vontade do homem. Tudo passa ser motivo de terror ao derredor. Foi a vontade soberana que prevaleceu na vida de Jacó; foi o amor eterno que acompanhou esse filho de Adão, a fim de mudar seu coração e fazer dele um novo homem. É assim que Deus faz com os pecadores arrependidos. Talvez você, meu amigo, esteja sofrendo hoje as dramáticas conseqüências de seus pecados, mas Cristo veio para desfazer as obras do diabo (1João 3:8). Peça a Ele agora, que venha lhe salvar e libertar do poder do pecado; que solte as algemas que lhe prendem; que arranque os grilhões que lhe tornaram prisioneiro do mal.
         Prezado leitor, somente a Palavra da verdade pode mostrar a dura realidade do pecado como um implacável perseguidor. O orgulho no coração impede que a alma conheça a profundidade do poço da perdição onde a iniqüidade leva o homem. Viemos da queda em Adão, e não somente gostamos da sujeira, como também odiamos que esse “amigo íntimo” seja tratado como Deus o trata em Sua revelação. A cegueira espiritual impede que homem veja a venenosíssima víbora a qual acaricia em seu colo. Todo meu esforço em lidar com esse assunto tem em mira levar meus leitores à compreensão no íntimo da necessidade que o homem tem de humilhar-se perante o Deus da Bíblia (Isaías 57), ao ver os terrores que dominam sua vida aqui e na eternidade, caso não se arrependa e não se converta a Cristo de todo coração.
         A Bíblia está cheia de ilustrações, mas tomarei hoje a vida do filho mais velho de Jacó – Rúben. O primogênito era tido em grande privilégio nos costumes judaicos, porquanto era ele o responsável pelos seus irmãos e pelos negócios do seu pai. No caso de uma família real, normalmente o primogênito ocupava o trono na morte do pai. Realmente era um privilégio cheio de responsabilidades que o primogênito tinha. Conhecemos um pouco a respeito da personalidade de Rúben nas palavras ditas por Jacó a respeito dele quando beirava a morte em seu leito (Gênesis 49:3, 4): “Rúben, tu és meu primogênito, minha força e as primícias do meu vigor, o mais excelente em altivez e o mais excelente em poder. Impetuoso como a águia...”. Parece que era um moço que em tudo mostrava ser capaz para liderança. A palavra “altivez” mostra que Rúben era de personalidade forte, não era medroso e que era alguém em quem seu pai e seus irmãos podiam confiar. Aos olhos naturais aquele moço possuía tudo para ser excelência em liderança e respeito para estar à frente de uma família como a de Israel.
         Porém, o pecado entrou para desmanchar tudo isso. Note o que Ruben fez: “Quando Israel habitava naquela terra, foi Rúben e deitou-se com Bila, concubina de seu pai; e Israel o soube” (Gênesis 35:22). Eis aí o princípio da destruição de um homem. Não é meu objetivo considerar a vida polígama de Jacó, mas lembremos bem que o princípio original do criador é que o homem tenha uma única esposa. Quando Cristo veio ao mundo trouxe à luz essa verdade que somente os crentes em Cristo compreendem e praticam. De qualquer maneira os polígamos consideravam suas mulheres como esposa, por esse fato Rúben cometeu um ato incestuoso ao deitar com uma mulher do seu próprio pai. Ele manchou o leito paterno, aviltou a família que ele deveria honrar.
         Meu amigo, especialmente na área sexual fora do casamento, o pecado aparece para declarar ao coração do homem seus direitos, sua masculinidade; que sua grandeza de homem só pode ser mostrada ao ter relação sexual. O pecado chega para envaidecer e elevar seu orgulho próprio. Milhares estão brincando com essa maldade em nossos dias; milhares pensam que estão caminhando nas alturas do prazer e que agora sim, desfrutam da verdadeira vida, achando que têm liberdade sexual. Não sabem que o sexo fora do casamento denigre e avilta o homem, além de humilhar a mulher à condição de prostituta e adúltera. São iludidos quando pensam que os prazeres de alguns momentos não resultarão em tragédia no viver; acham que seus pecados podem ser acobertados, que não estão sendo vistos e odiados.
         Não foi assim com Rúben? Daquele momento em diante a “ferrugem” começou a destruir tudo o que parecia ser ferro; ao seu derredor ele mesmo armou ciladas sobre si, cavou arapuca para sua alma e passou a ser visto não como um homem, mas como um perverso; não mais seria útil na família e o choro e tristeza acompanhariam o resto do seu viver.

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