Se existe um lugar abaixo do supremo céu
mais santo do que outros, esse lugar é o púlpito, onde o Evangelho é pregado.
Ele é o campo das Termópilas1 do reino cristão, onde deve ser travada a grande
batalha entre a igreja de Cristo e os exércitos invasores de um mundo perverso.
É o último vestígio do que nos foi deixado de sagrado.
Hoje
não temos altares – Cristo é nosso altar. Mas ainda restou o púlpito, um lugar
onde é preciso descalçar os pés por ser santo. Consagrado pela presença de um
Salvador, estabelecido pela clareza e força da eloquência de um apóstolo,
mantido e preservado pela fidelidade e fervor de uma sucessão de evangelistas
que, como estrelas, marcaram a época em que viveram, gravando nela os seus
nomes, o púlpito é legado àqueles que prestigiam tudo o que é grandioso e
santo. Apesar disso, tenho visto homens impuros a subirem e a descerem dele.
Que coisa terrível!
Se
existe um pecador de coração endurecido, esse pecador é o homem que peca e sobe
ao púlpito. Temos ouvido a respeito de um homem assim, que cometeu os pecados
mais abomináveis e que, finalmente, foi descoberto. Mas tal é a depravação da
raça humana que, quando ele voltou a pregar, multidões se aglomeram ao redor
desse monstro somente para ouvir o que ele diria. Soubemos casos, também, em
que homens apanhados em flagrante insistiram, desavergonhadamente.
Talvez
sejam estes os pecadores mais difíceis de lidar. Porém, uma vez manchadas as
vestes, longe de o pregador pensar em subir ao púlpito! Aquele que ministra
junto ao altar precisa estar limpo. Todo cristão precisa ser santo, mas ele
(púlpito), que busca servir a Deus, vez por outra, tem tido no seu meio um sol
que era escuro em vez de brilhante, e uma lua que era uma mancha de sangue, ao
invés de estar cheia de clareza e beleza.
Feliz
a igreja que recebe de Deus ministros santos, porém, infeliz é a igreja
presidida por homens iníquos. Conheço ministros nos nossos dias que sabem mais
sobre varas de pescas do que sobre capítulos na Bíblia, mais sobre raposas do
que sobre ir atrás de almas de homens, que entendem muito mais de Primavera e
de rede de pesca do que de redes para pescar almas ou de exortações sérias para
fugir da ira vindoura.
Todos
nós conhecemos indivíduos assim: são os mais agitados nas festas dos ricos, os
mais barulhentos ao brindar e tilintar os copos, os mais afoitos entre os
poderosos, os mais alegres, descontrolados e dissolutos. Pobre da igreja que
permite tal coisa. Bendito será o dia em que essas pessoas forem expulsas do
púlpito; então, ele será “brilhante como o sol, claro como a lua e terrível
como um exército com as suas bandeiras”.
tradução de Antônio Carlos
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