quinta-feira, 9 de maio de 2013

MEDITAÇÃO DE SPURGEON




 “Mas eu faço oração.” (Salmo 109:4)

AS línguas mentirosas estavam ocupadas em manchar a reputação de David, mas ele não se defendeu, mas remeteu a causa à corte suprema e suplicou diante do grande Rei. A oração é o meio mais seguro para responder às palavras de ódio. O Salmista não orou friamente, mas antes fervorosamente; pôs nisso toda a sua alma e todo o seu coração, como Jacó fez quando lutou com o anjo. Assim, e só assim, teremos bom êxito ante o trono da graça. Assim como uma sombra não tem nenhuma virtude, porque não há nela substância alguma, assim também a súplica em que não está presente o coração agonizando ardentemente e mostrando veemente desejo, é inteiramente ineficaz, pois falta-lhe aquilo que lhe dá poder.
         “A oração fervente,” diz um antigo teólogo “é igual a um canhão plantado em frente das portas do Céu, que as faz abrirem-se de repente.” A falta comum em muitos de nós é a nossa propensão a distrair-nos. Os nossos pensamentos vão vagueando de cá para lá e avançamos pouco para o nosso desejado fim. Que grande pecado é este! Pois prejudica-nos, e, o que é pior, insulta o nosso Deus. O que pensaríamos de um peticionário que, enquanto está em audiência com um príncipe, começasse a brincar com grande facilidade ou a caçar moscas?
         A constância e a perseverança estão implícitas na expressão do nosso versículo. Davi não clamou só uma vez para depois recair no silêncio; mas continuou o seu piedoso clamor até que a bênção chegou. A oração não deve ser para nós uma ocupação ocasional, mas a nossa ocupação diária, o nosso modo de vida e vocação. Como os artistas se consagram aos seus modelos, e os poetas aos seus estudos clássicos, assim nós devemos dedicar-nos à oração. Devemos imergir na oração como o nosso elemento, e assim orar sem cessar. Senhor, ensina-nos a orar de tal maneira que possamos prevalecer mais e mais nas nossas súplicas.
Tradução de Carlos António da Rocha

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