de
George Whitefield (1714-1770)
continuação:
Mais
ainda: quando o Consolador entra num coração de um pecador, embora geralmente
Ele convence primeiro o pecador do seu pecado atual, ainda o leva a ver e a
chorar o seu pecado original, a fonte de onde brotam todas estas águas
poluídas. Embora todas as coisas na terra, no ar e na água; todas as coisas,
não só fora, mas também dentro; concorrem para provar a Verdade daquela
afirmação nas Escrituras “em Adão todos morremos”, entretanto, sois tão
endurecidos pelo engano do pecado, que mesmo assim tendes de dar um
consentimento conforme à Verdade da proposição nas vossas mentes, mas vós nunca
o sentistes realmente nos vossos corações.
Mais
ainda, alguns que professam ser negam-no nas palavras, embora com a suas obras
também, com muita claridade demonstram que são filhos degenerados de pais
degenerados. Mas, quando o Consolador, o Espírito de Deus, arresta um pecador,
e o convence do seu pecado, todo o raciocínio carnal contra a corrupção
original, todo orgulho e alta imaginação, que se exalta por si mesmo, contra
essa doutrina, é imediatamente derrubada; e ela o faz chorar, “Quem me livrará
do corpo desta morte?” Agora, o pecador dá-se conta que a concupiscência é
pecado, e não chora tanto pelos seus atuais pecados, mas pela perversidade no
interior do seu coração, já que agora se dá conta não somente que é um inimigo,
mas sim também de que é uma inimizade direta contra Deus.
E
o Consolador, meus queridos amigos sempre vem com tal poder de convencimento
como este para os vossos corações? Alguma vez te fez ver e sentir, que na tua
carne não habita nada bom; que tu foste concebido e nascido em pecado; que tu
és por natureza filho da ira, que Deus seria justo se Ele te amaldiçoasse,
embora tu nunca tenhas cometido um pecado atual na tua vida? Tantas vezes
quando estiveste na igreja e nos sacramentos, alguma vez confessaste comovido,
que não havia saúde em ti; que a recordação do teu pecado original e atual era penoso
para ti, e que a carga dele insuportável? Se não, tu estiveste oferecendo a
Deus somente oblações vãs; tu, além disso, nunca oraste na tua vida; O
Consolador nunca entrou eficazmente na tua alma: consequentemente, tu não estás
propriamente na assim chamada Fé; não, tu atualmente estás num estado de
condenação e de morte.
De
novo, o Consolador, quando vem obrar efetivamente dentro de um pecador,
convence-o não somente do pecado da sua natureza, e do pecado da sua vida, mas
também do pecado das suas obras.
Todos
nós somos legalistas por natureza, pensando sermos justificados pelas obras da
lei. Quando algo desperta o terror do Senhor, imediatamente, como os antigos
fariseus, vamos estabelecer a nossa própria justiça, e pensamos que deveríamos
encontrar aceitação com Deus. Se a buscarmos com lágrimas, achando-nos a nós
mesmos malditos por natureza e pelos nossos atuais pecados, então pensamos nos
recomendar nós mesmos perante Deus pelas nossas obras; e esperamos pelas nossas
próprias obras de uma forma ou outra, herdar a vida eterna. Mas quando o
Consolador entra nos corações, Ele convence a alma destes falsos apoios, e faz
ver ao pecador que todas as suas obras são como trapos de imundície; e que,
ainda nos serviços mais pomposos ele merece-se um castigo não melhor que o do
servo inútil, “ser lançados nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger
de dentes.”
Alguma
vez foi forjado este grau de convicção nas vossas almas? Veio o Consolador
alguma vez aos vossos corações, para te adoecer dos seus deveres, e também de
teus pecados? Alguma vez, como ao grande Apóstolo dos gentios, te fez aborrecer
da tua própria justiça que é pela lei, e te fez saber que tu mereces ser
maldito, embora desses todos os teus haveres aos pobres? Fez-te sentir que o
teu arrependimento precisava de ser arrependido, e que tudo em ti é apenas
esterco e escória? E que todos os argumentos que tu possas procurar por
misericórdia, devem estar fora do coração, e ser achados no amor puro de Deus,
imerecido para nós?
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