“Grandes
multidões acompanhavam Jesus, e ele, voltando-se, lhes disse: Se alguém vem a
mim e não aborrece seu pai, sua mãe, sua mulher, os seus filhos, os seus
irmãos, as suas irmãs e até a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E
quem não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo” (Lucas
14:25-27)
A
VERDADEIRA DECISÃO AFETA MEU CONCEITO DE LIBERDADE: “E qualquer que não tomar a sua cruz...”.
Estou chegando à parte final desta
mensagem e minha esperança é que meus leitores tenham imenso prazer em ver o
verdadeiro significado de seguir a Cristo e que isso não é algo natural, mas
sim o poder da graça atuando em nossos corações e nos fazendo apto e disposto
para isso. Agora veremos o quanto essa decisão afeta meu conceito de liberdade:
“...e qualquer que não tomar a sua cruz...”. Impressionante! Por que temos que
tomar a cruz, se nosso Senhor já a carregou por nós? É claro que nosso Senhor
não está tratando de carregar a cruz para finalidade expiatória, porquanto seu
sacrifício foi perfeito e sua obra de salvação já foi plenamente consumada ali.
Sendo assim temos que encarar a linguagem do Senhor como sendo uma figura de
linguagem para que entendamos o que cada crente sincero passa aqui neste mundo.
Claro que nosso Senhor está usando
palavras aqui que todos os seus ouvintes entendiam. Para nós é difícil de
entender, mas uma investigação bíblica e histórica será suficiente para nossa
compreensão e aplicação. A crucificação era a punição para os piores elementos
da sociedade, pessoas que praticaram crimes terríveis. Vemos isso no fato que
Jesus foi crucificado entre dois salteadores e que o Senhor ocupou o lugar do
criminoso Barrabás. Então, a crucificação seria como um enforcamento, cadeira
elétrica ou fuzilamento, como acontece em muitos países. Porém, a crucificação
era extremamente pior do que a punição com morte imediata.
Na crucificação havia um processo de
vergonha, além da dor excruciante, pois o culpado era visto e ultrajado por
toda sociedade; normalmente ele passava carregando sua pesada cruz na qual
seria exposto, preparando tudo em terrível canseira, dores devido as
chibatadas, sede e completa fraqueza. Na crucificação não era preparada uma
refeição especial, como acontece com condenados que vão enfrentar a morte por
injeção letal nos EUA. Na crucificação ele era cercado pela zombaria, desprezo
e desdém; era tirada sua roupa e sua nudez era motivo de escárnio. Todo seu
sofrimento era externo, além de interno; não era algo que ocorria sem a
participação da sociedade; todos eram convidados a participar e nada era feita
na obscuridade.
A razão impressionante que nosso Senhor
usou essa figura de linguagem foi para mostrar que da mesma forma que o mundo
trata com ódio e ferocidade os crimes aqui, também pode atacar com maior
intensidade aos que seguem a Cristo. Nós podemos entender isso naquilo que
ocorreu com o Senhor. Quem foi Ele, sua perfeita justiça, sua bondade, suas
obras de amor, suas palavras e seus ensinos verdadeiros. Em nada o Senhor
provou ter praticado qualquer pecado, quer grande, quer pequeno. Mas mesmo
assim nosso Senhor recebeu o castigo que somente os piores elementos da
sociedade recebiam. Mais do que isso, o mundo que parece ser tão justo pode
trocar, preferindo um criminoso vivo e um justo morto.
Não fizeram isso com o Senhor? O povo
agiu na ignorância? Claro que não! Eles viram os atos do Senhor, receberam
benefícios incríveis, foram ensinados na palavra da verdade, mas mesmo assim
foram persuadidos a buscar sua crucificação. O Senhor sempre advertiu seus discípulos
de que ele enfrentaria essa jornada; que ele seria ultrajado e crucificado.
Nosso Senhor não buscou outro tipo de morte, ele não recuou, mas enfrentou e
passou para nós o fato que essa cruz também teremos que encarar, caso queiramos
segui-lo.
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