“Grandes
multidões acompanhavam Jesus, e ele, voltando-se, lhes disse: Se alguém vem a
mim e não aborrece seu pai, sua mãe, sua mulher, os seus filhos, os seus
irmãos, as suas irmãs e até a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E
quem não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo” (Lucas
14:25-27)
A VERDADEIRA DECISÃO
AFETA A VIDA NATURAL “... e ainda a sua
própria vida...”.
Importa que saibamos que seguir a Cristo
em nada agrada a natureza carnal, mundana e enganosa do homem. Um Saulo e um
Nicodemos religiosos jamais entenderão essa verdade enquanto não nascerem
novamente. A vida natural pode ser bem religiosa, mas seu sistema religioso é
diametralmente oposto à vida que há no Filho de Deus. Seguir a Cristo é andar
pelo caminho que está infinitamente acima do nosso caminho. A natureza carnal
tenta fazer isso, mas logo percebe que precisa voltar, assim como acontece com
uma bola quando jogada ladeira acima, pois perde a força do impulso e começa a
descer de volta.
Também, a vida natural é egoísta,
terrena e enganosa; todos os valores da vida natural estão voltados para o que
é daqui e que vai morrer aqui mesmo. Um Félix há de fugir, quando ouvir sobre
os terrores eternos; um Esaú vai querer bênçãos materiais, porque quer ganhar o
mundo e construir aqui seu império. O homem natural tem toda estrutura física e
psicológica para seguir o caminho desta vida e até mesmo se sacrifica para
isso, mas nada pode fazer para tomar o rumo que somente almas santificadas pela
graça podem tomar. Nada há de promessas terrenas em seguir a Cristo; nada há de
promessas de paz com o mundo e com este sistema liderado pelo pai da mentira.
Quem é da terra é terreno; quem é do mundo será sempre mundano, e não há
qualquer possibilidade de conciliar as coisas daqui com as coisas celestiais.
Nosso Senhor deixa bem claro que para
segui-lo precisa aborrecer a própria vida. Significa que o amor por Cristo será
tão forte e tão decidido que tudo desta vida que tanto amávamos, tudo aquilo
que pensava ser meu direito, como saúde, conforto, amizades, prazeres e outras
semelhantes serão para mim desprezados como coisas sem qualquer valor. E de
fato, seguir a Cristo é aborrecer a própria vida, e à medida que avançamos tudo
vai tomando sentido. Paulo percebeu isso após sua conversão, o quanto tudo
aquilo que ele tanto amava passou a ser considerado como lixo, sem qualquer
valor, à luz do conhecimento daquele que lhe amou e se entregou por ele.
Também, quando seguimos a Cristo vemos
pela fé o quanto o que virá é excelentemente melhor. Seguir este mundo e amar
esta vida é buscar ruina, porque a morte chega para ceifar tudo e mostrar o
quanto o homem é um louco em se apegar aquilo que fatalmente irá perder.
Afinal, o que o homem há de levar daqui? Tudo o que é precioso aqui, ficará
aqui mesmo, assim como confessou Jó: “...nu voltarei”. Seguir a Cristo não é
decisão de cegos, mas sim daqueles cuja visão espiritual foi aberta, fazendo
com que a alma veja o que jamais viu e avaliar tudo com sabedoria. Estaremos
deixando os valores terrenos, a fim de agarrar aos valores eternos, duradouros
e perfeitos; estamos deixando o bom, a fim de obtermos a excelência; estamos
deixando aquilo que será destruído com este sistema mentiroso, a fim de tomar
posse de uma herança eterna, que nos foi assegurada por Cristo.
Então, vale a pena? Para os mundanos tal
decisão é loucura. Como desprezar a vida aqui? Como abandonar aquilo que é
felicidade? O homem natural está agarrado e aprisionado a esta vida e mesmo que
haja aflições, logo tudo passa e o céu azul deste mundo passa a ser seu
espetáculo. Mesmo que as enchentes tragam terror, logo o rio desta vida volta à
sua normalidade. É disso que o mundano e terreno tanto gostam.
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