“Bem-aventurados os
que choram, porque serão consolados” (Mateus 5:1-9)
O QUE SIGNIFICA “OS
QUE CHORAM”.
Amado leitor, o que realmente significa “os
que choram”? O que nosso Senhor quer nos ensinar nesse verso? O que tem haver
choro com vida cristã? É obvio que para entendermos esse ensino teremos que
examiná-lo de forma negativa.
Certamente nosso Senhor não está
tratando de mero remorso, porque dependendo das circunstâncias pessoas podem
chorar e levar outros também ao derramamento de lágrimas. Em Malaquias vemos
como a nação de Israel agia assim, pois desprezava o Senhor, e em lugar da
obediência a Deus fazia prevalecer um culto emocional: “Ainda fazeis isto:
cobris o altar do Senhor de lágrimas, de choro e de gemidos, de sorte que Ele
já não olha para a oferta, nem a aceita com prazer da vossa mão” (Malaquias
2:13).
Normalmente os cultos onde prevalecem as
emoções o choro aparece, e vem de tal maneira que o ambiente parecerá muito
espiritual. Mas devemos saber que quanto mais longe da verdade e da obediência
sensata à Palavra de Deus, eis que toda sorte de inutilidades e superfluidades
se manifestam para encher os corações de maior soberba. Quem vive disso
dificilmente terá prazer em escutar a verdade e dinamizar seu viver na fé
cristã. Esse é o caminho certo para a derrocada espiritual; é o caminho certo
para o desprezo ao Senhor e para a aceitação de outros aditivos enganosos dos
falsos mestres. Experiências emocionais, quando não são firmadas na verdade que
nos foi entregue, elas podem servir de trampolim para uma vertiginosa queda em
grosseiros pecados.
Algumas pessoas pensam que a prova da
conversão é o choro. É claro que algumas conversões se manifestam com choro,
dependendo muito da forma como a pregação da Palavra atua no coração e nos
sentimentos da alma convertida. Mas nem sempre é assim. A conversão só pode ser
tratada como verdadeira quando a alma recebe a Palavra de Deus com prazer;
quando os ouvidos da alma são abertos e a disposição de uma fé obediente entra
em evidência. Quando isso não acontece, tudo não passa de fogo de palha, de um
despertamento momentâneo e de atos de uma fé firmada no homem e não na verdade
escrita.
Positivamente falando, o choro acerca do
qual nosso Senhor está referindo é, sem dúvida o resultado de ser “pobre de
espírito”. Tomemos isso à luz do que vemos na pobreza material. Pense numa
criança chorando por falta de comida; pense numa mãe que não somente está
faminta, mas nada encontra para se alimentar e dar comida aos filhos. Tal
pessoa vai chorar sim e será algo real, trágico, que merece toda compaixão. Muitos
não sabem disso em experiência própria, porque jamais sentiram falta de
qualquer coisa. Muitos pensam que passam fome e choram, não porque não há
comida, mas sim porque não têm aquilo que querem. Foi assim com Israel no
deserto; aquele povo rebelde chorou, não por falta de comida, porque
seguramente tinha o maná e água que tirava da rocha. Eles choravam porque
queriam as delícias do Egito, numa manifesta rebelião e desprezo a Deus.
Voltando ao texto, creio que o amigo
pode entender o que nosso Senhor quer dizer sobre choro. O que realmente
significa é que a alma percebe os terríveis resultados de sua condição no
pecado, distante de Deus, longe das riquezas eternas, sem qualquer capacidade
de alcançá-las. A alma se vê como uma ave, cujas asas estão quebradas, por isso
não pode voar; como alguém num profundo poço, sem qualquer condição de sair
dali. Por isso a alma chora, e esse é o choro que Deus ouve; esse é o pranto
para o qual Deus se interessa. Realmente significa que a alma está aflita, oprimida,
sangrando no íntimo e sentindo sua miséria. O que acontece é que tal alma quer
achar Deus, quer conhecer o Salvador e Sua salvação.
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