“Que
diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum!” (Romanos 9:14)
Até
nos meios evangélicos ouvimos hoje Deus ser tratado como um Deus injusto nos
Seus atos em relação aos homens. Paulo pergunta se há da parte de Deus qualquer
ato de injustiça, para logo responder com um “De modo nenhum”.
O apóstolo
não se enveredou pelo caminho das lógicas humanas, porque sabia que estaria se
afundando no lamaçal da blasfêmia contra Deus, por isso Paulo não permitiu que
houvesse um longo intervalo entre sua pergunta e a resposta.
Sua
pergunta decorre daquilo que fora afirmado anteriormente (verso 13), extraído
obviamente das Escrituras do Velho Testamento. Paulo claramente está ensinando
que Deus age com o ser humano na base de Sua Misericórdia. Foi assim que Ele
agiu com Jacó, e da mesma forma Ele age com todos quantos Ele aprouve salvar,
conforme dissera para Moisés na Sua fúria contra o povo de Israel por ter
fabricado o bezerro de ouro: “... Terei misericórdia de quem me aprouver ter
misericórdia...” (verso 15).
São muitos
que hoje tentam seguir a rota cristã sem qualquer conhecimento da misericórdia
de Deus. Agem pensando que o tratamento de Deus com eles é na base de justiça.
Não existe um perigo maior do que este para uma alma. A justiça própria fomenta
uma falsa paz no coração e a pessoa não se apercebe do perigo eterno que lhe
cerca.
A justiça
própria vem encoberta de falsa humildade e de falsa conversão. Ela se manifesta
em atividades religiosas que asseguram uma confiança derivada dela mesma. O
pecador confunde justiça própria com misericórdia. A justiça própria fabrica
orações intensivas e poderosas; cria ativismo religioso, e não raro vemos
homens e mulheres querendo fazer alguma coisa para Deus.
Até mesmo
nas músicas modernas vemos a manifestação da justiça orgulhosa do ser humano na
tentativa de burlar os céus e fazer o coração de Deus ficar encantado com
aquilo que o homem pode produzir. Aquilo que afirma ser “fé em Jesus” não passa
de serem tentativas inúteis de apaziguar a Ira de Deus com atos religiosos.
Quando a
alma é visitada pelos atos de Misericórdia de Deus, não haverá lugar em sua
vida senão para a humilhação. Um Isaías aterrorizado ante o Trono de Glória há
de exclamar em tom de terror: “... Ai de mim! Estou perdido’... Isaías 3:5). Um
Saulo perplexo e cegado pela refulgente luz da Glória do Filho de Deus
perguntará atônito: “Quem és Tu, Senhor? (Atos 9:5). Um Simão Pedro se
prostrará aos pés do Soberano, dizendo: “... Senhor retira-te de mim, porque
sou pecador” (Lucas 5:8).
Coração
empedernido e recheado de justiça própria desconhece a Glória de Deus; não sabe
o que significa genuína salvação; não tem sossego ainda no íntimo porquanto sua
vida no íntimo é de um ímpio. A Justiça Santa de Deus condena o melhor entre os
pecadores e ordena que sejam atirados na prisão eterna.
O Deus da
Bíblia visita o pecador na Sua Riquíssima Misericórdia. Ele conhece a alma
humilhada e achega-se para comunicar-lhe Seu inefável e infinito amor, perdão e
purificação pelo Seu Sangue.
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