4. Tiramos proveito da Palavra, quando percebemos que não somente
temos o dever obrigatório de obedecer a Deus, mas também quando em nós se cria
o Amor pelos Seus Mandamentos.
O homem "Bem-aventurado" é
aquele cujo prazer, "... Está na lei do SENHOR...". (Salmo 1:2). E
noutra passagem lemos: "Bem-aventurado o homem que teme ao SENHOR, e se
compraz nos seus Mandamentos". (Salmo 112:1).
Nossos corações são verdadeiramente
provados, quando enfrentamos com honestidade a seguinte pergunta: Dou realmente
valor aos "Mandamentos de Deus", tanto quanto dou valor às Suas Promessas? E não deve ser essa a minha
atitude? Não há o que duvidar, de que assim deva ser, pois, tanto uma coisa
como a outra, verdadeiramente procedem do Seu amor. A anuência do coração, ante
a voz de Cristo é o fundamento de toda a santidade prática.
Neste ponto desejamos também rogar
intensa e amorosamente ao prezado leitor, que dê toda a atenção a este detalhe.
Todo o indivíduo que se considera salvo, mas, que não tem amor genuíno pelos
Mandamentos de Deus, na realidade está se iludindo a si mesmo. Declarou o
salmista: "Quanto amo a tua Lei!". (Salmo 119:97). E novamente:
"Amo os teus Mandamentos mais do que o ouro, mais do que o ouro
refinado". (Sal. 119:127). E, se porventura alguém objetar que assim
acontecia durante o tempo do Antigo Testamento, então lhe perguntamos: ''Supõe
o amigo que o Espírito de Jesus produz uma transformação inferior, nos corações
daqueles que Ele agora regenera, à que fazia nos corações dos antigos
crentes?”. Na verdade, um santo do Novo Testamento registrou: "... No
tocante ao homem interior, tenho prazer na Lei de Deus" (Romanos 7:22).
Ora, meu prezado leitor, a menos que o seu coração se deleite na "Lei de Deus", algo de radicalmente errado
estará ocorrendo contigo; sim, é realmente de temer-se, que você esteja
espiritualmente morto.
5. Um homem tira proveito da Palavra, quando o seu coração e a sua
vontade cedem diante de todos os Mandamentos de Deus.
A obediência parcial nem pode ser
reputada como obediência. A mente santa declina do tudo aquilo que é proibido
por Deus, e prefere praticar o que Ele requer, sem fazer qualquer exceção. Se
as nossas mentes não se submetem a Deus, em todos os Seus Mandamentos, então é
que não nos submetemos à Sua autoridade, em qualquer coisa que Ele nos
determina. Se não aprovamos a totalidade
de nossos deveres
cristãos, de todo o coração, então estamos grandemente equivocados se
imaginarmos que temos qualquer prazer com qualquer porção dos mesmos. O
indivíduo que não possui em si mesmo, qualquer princípio de santidade, ainda
assim pode sentir repulsa por muitos vícios e ser praticante de muitas
virtudes, pois, percebe que os primeiros não são atos apropriados e que estas
últimas, por si mesmas, são ações convenientes; todavia, a sua desaprovação aos
vícios e a sua aprovação às virtudes, não se originarão de qualquer disposição
de submeter-se à Vontade de Deus.
A verdadeira obediência espiritual é imparcial. O coração renovado não
seleciona e nem escolhe entre os Mandamentos de Deus: o indivíduo que age dessa
maneira, não procura cumprir a Vontade de Deus, mas a sua própria. Não nos
equivoquemos quanto a esse particular – se não desejamos sinceramente agradar a
Deus em todas as coisas, então na
realidade não desejamos agradá-Lo em qualquer coisa. Precisamos renegar ao
próprio "eu"; não renegar meramente algumas das coisas que antes
desejávamos, mas ao próprio "eu"! Se permitirmos voluntariamente a
presença de qualquer pecado
conhecido, isso quebrará a Lei inteira, conforme nos define a passagem de Tiago
2:10,11. "Então não terei de que me envergonhar, quando considerar em
todos os teus Mandamentos" (Salmo 119:6). Declarou o Senhor Jesus:
"Vós sois meus amigos, se fazeis o que Eu vos mando" (João 15:14).
Ora, se porventura eu não for amigo de Cristo, então terei de ser Seu inimigo, porquanto, não há uma terceira
alternativa. (ver Lucas 19:27).
6. Tiramos proveito da Palavra, quando nossa alma é impelida a orar
intensamente pedindo a graça capacitadora.
Quando na regeneração, o Espírito
Santo nos transmite uma tendência que se inclina para a obediência de acordo
com a Palavra de Deus. O coração ó conquistado por Deus. Há um novo e profundo
desejo de agradar ao Senhor. Mas a nova inclinação não possui qualquer poder
inerente a si mesma, e a velha natureza, também chamada de "carne",
se esforça contra ela, sem falarmos nas oposições do diabo. Por isso é que o
crente pode exclamar: "... O querer o bem está em mim; não, porém o efetuá-lo" (Romanos 7:18). Isso não
significa que o crente seja escravo do pecado, conforme era antes de sua
conversão, mas, significa que agora, ele não sabe como cumprir plenamente as suas aspirações
espirituais. Por essa razão é que ora: "Guia-me pela vereda dos Teus
Mandamentos, pois, nela me comprazo". (Salmos 119:35). E novamente:
"Firma os meus passos na tua Palavra; e não me domine iniquidade
alguma". (Salmo 119:133).
Nesta altura, poderíamos replicar a
uma objeção que as declarações feitas acima mui provavelmente levantaram em
muitas mentes: O pregador está afirmando, que Deus requer perfeita obediência de nossa parte, nesta vida? E a nossa resposta
é: Sim! Deus nunca Se satisfará com qualquer Padrão inferior a esse (I Pedro
1:15). Nesse caso, o verdadeiro crente está à altura desse Elevadíssimo Padrão?
Sim e não! Sim, em meu coração; e é
para o coração que Deus olha (I Samuel 16:7). No seu coração, cada pessoa
regenerada tem verdadeiro amor pelos Mandamentos de Deus, e deseja genuinamente observar a todos,
completamente. É nesse sentido, mas somente nesse, que o crente é
experimentalmente "Perfeito''. A palavra "perfeito", tanto no
Antigo, (Jó 1:1 e Salmos 37:37) como no Novo Testamento (Filipenses 3:15), quer
dizer "Reto", "Sincero", em contraste com
"hipócrita". "Tens ouvido, SENHOR, o desejo dos humildes; tu
lhes fortalecerás o coração e lhes acudirás". (Salmos 10:17). Os "desejos"
dos santos são a linguagem de sua alma; e a promessa Divina, feita a eles, é a
seguinte: "Ele acode à vontade dos que o temem; atende-lhes ao clamor e os
salva". (Salmos 145:19).
O desejo do crente é obedecer a Deus,
em todas as coisas, conformar-se inteiramente à imagem de Cristo. Mas isso só
se concretizará, quando por ocasião da ressurreição. Entrementes, por amor a
Cristo, Deus aceita graciosamente a vontade dos crentes, em lugar de seus
feitos não realizados (I Pedro 2:5). Deus conhece os nossos corações, e vê nos
Seus filhos, um amor genuíno e o desejo sincero de observar todos os Seus Mandamentos (mesmo que não consiga); e
aceita os anelos fervorosos, e o esforço cordial, em lugar de uma realização
exata (II Coríntios 8:12).
Porém, que todo aquele que vive em
desobediência voluntária, não extraia desse fato uma paz falsa e perversa,
porquanto, isso contribuiria somente para a sua própria destruição, ao passo
que serve para o consolo daqueles que, de todo o coração desejam cumprir a Vontade de Deus,
agradando-O em todos os detalhes de suas vidas. E se alguém indagar: "Como
é que saberei que os meus desejos realmente são os desejos de uma alma
regenerada?", nossa resposta será: A graça da salvação transmite ao
coração, uma disposição habitual na
direção de atos santos. Os "desejos" do leitor devem ser testados
como segue: São eles constantes e contínuos, ou obedecem a impulsos e
interrupções? São eles intensos e sérios, de tal modo, que têm fome e sede de
justiça (Mateus 5:6), e, "suspira" pelo Deus vivo (Salmo 42:1)? Esses
desejos são operantes e eficazes?
Muitos desejam escapar do inferno; mas
seus desejos não são suficientemente fortes, para que abominem aos seus
pecados, abandonando-os, os quais, inevitavelmente, os conduzirão ao inferno, a
saber, os pecados voluntários contra Deus. Muitos outros desejam ir para os
céus, mas, não intensamente que entrem naquele "caminho estreito" e,
por ele sigam, sendo esse o único caminho que conduz aos lugares celestiais. Os
autênticos "desejos" espirituais usam
os meios da graça, e não poupam esforços por obter a concretização deles, mas
pressionam continuamente, sob oração na direção do alvo proposto.
7. Tiramos proveito da Palavra quando, desde agora, já desfrutamos
da Recompensa da obediência.
"A
piedade para tudo é proveitosa..." (I Timóteo 4:8). É por intermédio da
obediência à Palavra, que purificamos as nossas próprias almas (I Pedro 1:21).
É por meio da obediência, que obtemos a atenção dos ouvidos de Deus (I João
3:22). Por outro lado, a desobediência é uma barreira para as nossas orações
(Isaías 59:2 e Jeremias 5:25). Através da obediência, obtemos preciosas e
íntimas manifestações de Cristo para a nossa alma, (João 14:21). Se estivermos
palmilhando a senda da sabedoria, (em completa sujeição a Deus), então,
descobriremos que: "Os seus caminhos são caminhos deliciosos, e todas as
suas veredas paz". (Provérbios 3:17). "... Os Seus Mandamentos, não
são penosos". (I João 5 :3). ''Muita paz tem os que guardam a Tua Lei''.
(Salmo 119:165), E, "... Em os guardar, há grande recompensa".
(Salmos 19:11).
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