“Então, levantando ele os olhos para os seus
discípulos, dizia: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de
Deus” (Lucas 617).
INTRODUÇÃO:
Cristo dirige-se a um grupo de pessoas
e lhe diz: “Bem-aventurados, vós, os pobres...” Ora, será que o Senhor está
mostrando ao mundo a sua posição sócio-política? Será que o Senhor está se
colocando ao lado daqueles que, economicamente são menos privilegiados, como os
sem teto, os sem terras, sem emprego, etc.? Será que o Senhor está se posicionando
contra as pessoas que têm maiores recursos, as mais prósperas economicamente?
Será que o Senhor está mostrando que o Seu ministério ao vir ao mundo foi para
abençoar aqueles que são materialmente pobres e proporcionar-lhes melhores
condições de vida aqui? Será que o Senhor veio a este mundo com a finalidade de
ameaçar os ricos com duras palavras de maldição para arrancar-lhes seus bens? A
resposta clara e dogmática é: NÃO! Se quisermos examinar bem as Sagradas
Escrituras veremos que o propósito de Deus nada tem a ver com a questão social
tão buscada pelos homens, como tão falada e badalada em nossos dias nos
chamados meios evangélicos.
Então, se nada tem a ver com aquilo
que é material, o que o nosso Senhor está querendo nos ensinar quando Ele diz:
“Bem-aventurados vós, os pobres”? Por que digo e afirmo que o Senhor não está
referindo a nada daquilo que é desta vida passageira e que tanto agrada as
paixões dos homens carnais? Pesquisando um pouco algumas passagens do Velho
Testamento, vemos que Deus jamais manifestou qualquer interesse em assuntos que
visam apenas a existência terrena e transitória dos homens. Quero citar algumas
referências que ajudarão na compreensão do assunto.
Por exemplo, no Salmo 62 verso 9 o
Espírito Santo diz: “Somente vaidade são os homens plebeus (ou mendigos);
falsidade os de fina estirpe (os ricaços); pesados em balança, eles juntos são
mais leves que a vaidade”. Do Senhor é a terra e os céus, do Senhor é a prata e
o ouro; do Senhor são os animais; o Senhor reina sobre tudo e sobre todos, e
sendo Ele dono absoluto, tem autoridade e poder para tomar de quem quiser tomar
e dar a quem quiser dar. O rei Davi no final de sua vida, quando, com povo de
Israel ajuntou todo material necessário para a construção do templo, disse em
adoração em forma de oração a Deus: “Riquezas e glória vem de ti, tu dominas
sobre tudo, na tua mão há força e poder, contigo está o engrandecer e a tudo
dás força” (1Crônicas 29:12. Ele diz mais: “Porque somos estranhos diante de ti
e peregrinos como todos os nossos pais; como sombras são os nossos dias sobre a
terra, e não temos permanência.” (verso 15). Sabemos que muitos homens que
temeram ao Senhor e que andaram com Deus foram homens ricos, como Abraão,
Isaque, Jó e muitos outros. Por outro lado, muitos santos de Deus passaram por
esta vida como pessoas pobres, como a maior parte dos discípulos de Jesus os
quais eram simples pescadores. Então,
tendo esse fundamento bíblico, podemos afirmar que na passagem lida, de Lucas 6,
o nosso Senhor de maneira alguma se refere ao aspecto material. Sendo isso
verdade, resta agora afirmar que nosso Senhor está expondo a verdadeira
pobreza, a do homem no espírito, a pobreza que é verdadeiramente exaltada na
palavra de Deus. Cristo veio buscar homens e mulheres pobres, mas pobres no
sentido de ausência de recursos espirituais.
Mas é bom afirmar que a pobreza referida aqui se trata de um
estado em que a pessoa se encontra completamente oposta à situação de um rico.
Na nossa linguagem seria usada a palavra “mendigo”. Há muitos pobres que estão lutando
para atingir certo nível social que outros atingiram. Alguns estão procurando
ajuntar bens ou mesmo estão estudando para alcançar uma condição melhor de vida
na sociedade. Mas na linguagem usada por nosso Senhor, Ele está referindo a uma
pessoa que se acha numa situação desesperadora de miséria ao ponto de ter que
suplicar, rogar, pedir encarecidamente por socorro, assim como um mendigo clama
pedindo dinheiro, ou mesmo alimentação.
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