sexta-feira, 10 de maio de 2013

PEDRO SOBRE AS ÁGUAS (fim)




Leia-se Mateus 14:22-33 


         Contudo, esta é uma notável figura da verdadeira senda do cristão: a senda da fé. A garantia para empreender essa senda é dada pela palavra de Cristo. O poder para nela avançar consiste em manter os olhos fixos em Cristo mesmo. Não é uma questão de se está bem ou se está mal. A pergunta é: em quem pomos o nosso olhar? A firme intenção do nosso coração é estar o mais possível próximo de Jesus? Ansiamos de verdade provar uma mais profunda, uma mais estreita e uma mais plena comunhão com Ele? É Ele suficiente para nós? Estamos dispostos a deixar de lado tudo aquilo a que a mera natureza se aferra, e a apoiarmo-nos somente em Jesus? Em Seu infinito e condescendente amor, Ele faz-nos acenos para que venhamos para Ele. Diz-nos: “Vem.” Negar-nos-emos? Vacilaremos e quedar-nos-emos atrás, ante a Sua voz? Agarrar-nos-emos à barca enquanto a voz de Jesus nos diz “vem”?
         Talvez, poder-se-ia objetar que Pedro caiu e que, portanto, teria sido melhor, mais seguro e mais prudente deter-se na barca do que afundar-se na água. É melhor não tomar um lugar proeminente para, depois de havê-lo tomado, fracassar nele. Bem, é absolutamente certo que Pedro fracassou; mas por quê? Foi porque deixou a barca? Não, foi porque deixar de olhar para Jesus. “Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me!” (Mateus 14:30). Assim sucedeu com o pobre Pedro. O seu erro não consistiu em deixar a barca, mas em olhar para a força do vento e das ondas, em olhar ao seu redor, em vez de cravar o olhar em Jesus. Havia entrado numa senda, a qual só podia ser atravessada pela fé, uma senda na qual, se ele não tinha a Jesus, não tinha absolutamente nada; nem barca, nem bote, nem salva-vidas, nem sequer uma tábua à qual se agarrasse. Numa palavra, tratava-se de Cristo ou de nada; de caminhar com Jesus sobre as águas ou de afundar-se no mais fundo, sem Ele. Nada, senão a fé podia sustentar o coração em tal carreira. Mas, a fé pôde sustentá-lo, pois a fé pode viver no meio das ondas encrespadas e dos ventos mais tempestuosos. A fé pode caminhar sobre as mais agitadas águas; a incredulidade não o pode fazer sobre as mais calmas.
         Mas, Pedro fracassou. Sim; e o que é que isso tem? Acaso, isso prova que fez mal em obedecer ao chamamento do seu Senhor? Acaso, Jesus o reprovou porque tivesse deixado a barca? Ah, não! Isso não teria sido próprio d’Ele. Jesus não podia ter dito ao Seu pobre servo que viesse, e logo depois repreendê-lo por ele ter vindo. Ele sabia e podia condoer-Se —como O fez— da debilidade de Pedro, pelo que lemos que “E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: homem de pouca fé, por que duvidaste?” Não lhe disse: «Homem aloucado e precipitado! Porque deixaste a barca?» Não, mas: “Porque duvidaste?” Esta foi a terna reprimenda. E onde estava Pedro quando ouviu estas palavras? Nos braços do seu Senhor! Que lugar! Que experiência! Acaso não valia a pena abandonar a barca para provar semelhante bênção? Sem dúvida que sim. Pedro esteve acertado em deixar a barca; e, ainda que tenha escorregado nessa altíssima senda na qual tinha entrado, isso não fez mais que conduzi-lo a tomar maior consciência da sua própria debilidade e insignificância, assim como também da graça e do amor do seu Senhor.
         Leitor cristão, qual é a lição moral que extraímos de tudo isto? Simplesmente que Jesus nos chama a sair das coisas temporais e dos sentidos naturais para que andemos com Ele. Insta-nos a abandonar as nossas esperanças terrenas e a todas as nossas seguranças humanas — respectivamente os esteios e os recursos sobre os quais se apoia o nosso coração. A Sua voz pode ouvir-Se muito mais fortemente que o estrondo das ondas e dos rugidos da tempestade, e essa voz diz-nos: “Vem!”. Oh, obedeçamos-Lhe! Acedamos de todo o coração ao Seu chamamento! “Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando o seu vitupério. ” Jesus quer ter-nos próximo Dele, caminhando com Ele, apoiados Nele e não olhando para as circunstâncias que nos rodeiam, mas olhando só e sempre para Ele.

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