quinta-feira, 9 de maio de 2013

PEDRO SOBRE AS ÁGUAS (2)






Leia-se Mateus 14:22-33 

         Há uma imensa força, profundidade e significação nestas frases: “Senhor, se és tu”, “manda-me ir ter contigo”, “por cima das águas.” Note-se que é “ir ter contigo por cima das águas”. Não se trata de que Jesus viesse a Pedro, à barca — algo muito bendito e precioso —mas que Pedro saísse ao encontro de Jesus sobre as águas. Uma coisa é ter a Jesus vindo para o meio das nossas circunstâncias, apaziguando os nossos temores, aliviando as nossas ansiedades, tranquilizando os nossos corações, e outra muito distinta, é lançarmo-nos nós, desde a margem das circunstâncias, ou desde a barca dos recursos humanos para andar com calma vitoriosa sobre as circunstâncias, a fim de estarmos com Jesus aonde Ele está. O primeiro caso recorda-nos a viúva de Sarepta (1Reis 17); o segundo, a sunamita (2Reis 4).
         Acaso, não apreciamos a excelente graça que exalam estas palavras: “Tende ânimo; eu sou, não temais!”? Longe de nós esteja este pensamento. Estas palavras são muito preciosas. E, ademais, Pedro havia as provado; sim, tinha-se deleitado na sua doçura, ainda que nunca tivesse posto sequer um pé fora da barca. É bom que distingamos entre estas duas coisas. Ambas se confundem, demasiado a amiúde. Todos nós somos propensos a descansar no pensamento de ter o Senhor conosco, e as suas misericórdias acompanhando-nos durante a nossa senda quotidiana. A nossa visão não ultrapassa as relações naturais, os gozos da Terra, tais quais são, a ampla gama de bênçãos que o nosso bondoso Deus derrama tão generosamente sobre nós. Aferramo-nos, com afinco, às circunstâncias, em lugar de anelar um mais íntimo companheirismo com um Cristo rechaçado. Nesta senda sofreremos imensas perdas.
         Sim, dizemo-lo com vigor: imensas perdas. Não é que devamos apreciar menos as bênçãos e misericórdias de Deus, senão que deveremos apreciá-Lo mais a Ele. Cremos que Pedro teria sido um perdedor se tivesse ficado na barca. Alguns podem pensar que atuou debaixo do influxo da sua impaciência e impulsividade; pela nossa parte cremos que o seu proceder foi fruto do seu veemente anelo pelo seu muito amado Senhor, um intenso desejo de estar perto d’Ele, a todo o custo. Viu o seu Senhor andando sobre as águas e sentiu-se impulsionado pelo desejo de andar com Ele, e o seu desejo foi legítimo; foi grato ao coração de Jesus.
         Ademais, não atuou debaixo da autoridade do seu Senhor ao deixar a barca? Certamente que sim. A voz de comando —“vem”—, uma voz de intensa força moral, alcançou o seu coração e fê-lo sair da barca para ir ao encontro de Jesus. A palavra de Cristo era a autoridade para entrar nessa estranha e misteriosa senda; e a presença viva e sentida de Cristo constituía o poder para avançar nela. Sem essa ordem, ele não se haveria atrevido a partir; sem essa Presença, ele não teria podido avançar. Era algo estranho, inexplicável, sobrenatural andar sobre as águas; mas ali estava Jesus andando, e a fé pode andar com Ele. Assim o creu Pedro, e então, “descendendo da barca”, “andava sobre as águas para ir ter com Jesus” (Mateus 14:29).

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