“Como está escrito: Amei Jacó, porém me
aborreci de Esaú” Romanos 9:13.
Estas
palavras ditas pelo apóstolo, sem dúvida alguma, têm sido motivos do “ranger de
dentes” de muitos que odeiam a doutrina que exalta os direitos Soberanos do
Altíssimo. Eles cercaram Romanos 9 com suas muralhas de opinião pressuposta e
puseram um portão com uma placa escrita: “É proibido entrar; perigo de morte”.
Como se o assunto a respeito da Soberania absoluta de Deus na redenção do
pecador fosse uma rede de alta tensão. De minha parte, sinto-me tão rejubilante
quando meus olhos contemplam as jóias preciosas dos atos extraordinários de
Deus em favor do Seu povo no mundo inteiro. Nas palavras inspiradas acima vemos
os direitos do Soberano Senhor de amar quem Ele quer amar e odiar quem Ele quer
odiar. O Deus da Revelação escrita não tem o perfil do deus projetado pela
mente natural. O homem natural quer um deus que lisonjeie suas atividades
religiosas e que garanta uma paz com seus pecados aqui sem, contudo perder de
vista sua possibilidade de entrar no reino celestial um dia.
“Amei
Jacó”. Eis aí a exibição do amor misericordioso do Senhor por pecadores
culpados. Seu amor é eterno: “Com amor eterno eu te amei”
(Jeremias 31:3); é um amor Santo porque Deus é Santo, contrastando com esse
amor tão badalado e tão sentimental que o mundo apresenta. Ele amou Jacó porque
quis amar. Nada havia em Jacó que O motivasse a amá-lo a não ser a escolha
feita em Cristo antes da fundação do mundo, porquanto Ele amou os Seus em Cristo
(João 17:23). Seu amor por Jacó fez com que Ele cercasse e atraísse o objeto
amado para si, salvando aquele homem e fazendo dele Seu instrumento de sua
graça disciplinadora enquanto aqui viveu.
“...
Porém
me aborreci de Esaú”. O ódio de Deus é tão santo e tão eterno quanto o
amor de Deus. Ele é glorificado tanto em odiar quanto é glorificado em amar. Por que essa fúria
contra esta declaração a respeito dos direitos absolutos de Deus? Jacó era tão
pecaminoso quanto Esaú. Não há diferença porquanto ambos vieram da mesma massa
(Romanos 9:21). Esaú, entregue a si mesmo, seguiu o seu curso normal de vida.
Era um materialista e tudo o que queria era a bênção de seu pai Isaque, bênção
tal que pudesse fazer dele um homem próspero. Desprezou as coisas espirituais
por causa do seu zelo em buscar provisão material, e o resultado foi que
conseguiu aquilo que tanto o coração natural anseia ter: “... A
Esaú dei em possessão as montanhas de Seir...” (Josué 24:4).
Amigo
leitor, através desses dois personagens bíblicos, o Espírito Santo está
mostrando o que significa a salvação apresentada nas Sagradas Letras. Em salvar
pecadores Deus está exibindo Sua esplêndida Misericórdia, e em odiar pecadores
está exibindo Sua gloriosa Justiça punitiva contra o pecado. Afinal, quem somos
nós? Pecadores culpados, dignos do castigo eterno! A Justiça Santa de Deus
ordena nossa completa condenação; a Sua Santa Lei grita em alto som sobre o
Monte Sinai que somos malditos; e toda criação, no céu e na terra serve de
testemunha ocular do castigo que nossos atos merecem.
A doutrina da Soberana
misericórdia aparece com tanta relevância em toda Escritura para
nos humilhar mostrando nossa triste condição onde o pecado nos deixou, fora do
paraíso, longe do bondoso Deus. Mas eis a gloriosa notícia que o Senhor veio
buscar e salvar o perdido (Lucas 19:10). O Deus de toda Misericórdia tem prazer
em encontrar contritos e humilhados para salvá-los com salvação eterna.
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