quarta-feira, 8 de maio de 2013

MEDITAÇÕES DE SPURGEON



“Começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me.” (Mateus14:30)

      OS servos do Senhor, quando se estão afundando, recorrem à oração. Pedro esqueceu-se da oração ao empreender a sua atrevida viajem, mas quando começou a afundar-se, o perigo fê-lo clamar, e o seu clamor, se bem que tardio, não foi demasiado tardio. Nas horas de dores corporais e de angústia mental, sentimo-nos naturalmente levados à oração como o náufrago é levado para a costa pelas ondas. A raposa corre para a sua toca para proteger-se; o pássaro voa para o bosque para refugiar-se, e, da mesma forma, o crente provado vai pressuroso ao trono da graça para ter segurança. A oração é o grande porto do refúgio celestial; milhares de naves sacudidas pelas tormentas têm achado ali um porto; assim, quando se aproximar alguma tormenta, será prudente para nós que nos dirijamos para esse porto a todo o pano.
      As orações curtas têm suficiente extensão. Só três palavras tem a petição que Pedro formulou, porém eram suficientes para o seu propósito. O desejável não é a extensão, mas o poder. Um sentido claro da nossa necessidade pode ensinar-nos a ser breves. Se as nossas orações tivessem menos das penas da cauda, que indicam jactância, e mais das penas das asas, seriam muito melhores. A verbosidade é para a oração, o que a moinha é para o trigo. As coisas preciosas estão colocadas em espaços reduzidos, e tudo o que há de verdadeira oração numa prolixa prece, podia ter sido expressa numa petição tão curta como a do Pedro.
         As nossas necessidades são as oportunidades de Deus. Logo que um veemente sentido de perigo arranca de nós um ansioso clamor, o ouvido de Jesus ouve logo, pois Nele o ouvido e o coração trabalham simultaneamente, e a Sua mão não demora. No último instante nós apelamos ao nosso Senhor, mas a Sua mão diligente supre a nossa demora por uma ação instantânea e efetiva. Estamos quase a ser engolidos pelas turbulentas águas da aflição? Levantemos, então, as nossas almas em direção ao nosso Salvador e descansemos seguros de que Ele não permitirá que pereçamos. Quando não podemos fazer nada, Jesus pode fazer todas as coisas. Ponhamos a Sua poderosa ajuda ao nosso lado, e tudo irá bem.

Tradução de Carlos António da Rocha

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