Spurgeon
No
entanto, não é a respeito dessa Verdade de Deus em particular sobre a qual vos
falarei hoje. Quero tomar somente este pensamento — a Glória de Cristo, de
maneira que Ele nos possa dizer algo assim — o esplendor de Cristo, para que
seja possível que Ele diga: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e
oprimidos, e Eu vos aliviarei.” Estas palavras, provenientes da boca de
qualquer outro ser humano, seriam ridículas e até blasfemas. Pensemos no poeta
mais inspirado, no maior filósofo, ou no rei mais poderoso, mas quem, até com a
alma muitíssimo maior, se atreveria a dizer a todos os que estão cansados e
oprimidos em toda a raça humana: “Vinde a Mim, e Eu vos aliviarei”? Onde há
asas tão largas que possam cobrir a cada alma entristecida, exceto as asas de
Cristo? Onde há um porto de abrigo com a capacidade suficiente para albergar a
todos os navios do mundo, para refugiar a cada navio sacudido pela tempestade
que alguma vez tenha sulcado o mar? Onde, a não ser no refúgio da alma de
Cristo, em Quem habita toda a plenitude da Deidade! E, portanto, em Quem há
espaço e misericórdia suficientes para todos os afligidos filhos dos homens!
Então,
esse será, o sentido da minha mensagem. Que o Espírito de Deus, pela Sua graça
me ajude a apresentá-lo!
I. E, primeiramente, chamo a
vossa atenção para as PERSONALIDADES DESTA CHAMADA: “Vinde a Mim, todos os que
estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.”
Se
esquadrinhardes o versículo cuidadosamente, notareis que há uma dupla personalidade
nesta chamada. É: “Vem tu — vem tu — a Mim, e Eu vos aliviarei.” Trata-se de
duas pessoas que se aproximam entre si, uma outorgando e a outra recebendo o
descanso. Mas não é, em qualquer caso, uma ficção, uma imaginação, um fantasma,
um mito. És tu, tu, TU-TU, que estais realmente cansados e oprimidos, e que,
portanto, sois seres reais, dolorosamente conscientes da vossa existência — sois
vós que deveis vir a outro Ser, que é tão real como vós sois — Alguém, que é
realmente, uma Pessoa tão viva, como vós sois pessoas vivas. Ele é Aquele que
vos diz a vós: “Vinde a Mim, e Eu vos aliviarei.”
Queridos
amigos, quero que tenhais uma convicção muito clara da vossa própria
personalidade; porque, às vezes, dá a impressão de que as pessoas se esquecem -
de que são indivíduos distintos de toda a
gente. Se eu desse de presente uma moeda de outro
e se o seu som se escutasse à distância, a maioria dos homens estariam conscientes
da sua própria personalidade, e cada qual olharia por si mesmo, e tentaria
obter o prêmio. Porém, eu encontro com muita frequência, em relação com as
coisas eternas, que os homens parecem perder-se na multidão e pensam nas
bênçãos da Graça como uma espécie de chuva geral que pode cair nos campos de
todos de maneira igual — mas, eles não esperam, particularmente, a chuva na sua
própria parcela, nem desejam obter uma bênção específica para si mesmos. Agora,
pois, vós, vós, VÓS, que estais cansados e oprimidos, despertai! Onde estais? A
chamada do versículo não é para a vossa irmã, a vossa mãe, o vosso marido, o
vosso irmão ou o vosso amigo, mas para vós: “Vinde a Mim, todos os que estais
cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.”
Bem,
agora que haveis despertado e senteis que sois uma personalidade distinta de
todos os outros no mundo, vem o ponto de maior importância de todos — vós
tendes de ir a outra Personalidade. “Vinde a Mim”, diz Cristo, “e Eu vos
aliviarei.” Aqui peço-vos que admireis a maravilhosa Graça e a misericórdia
desta providência. De acordo com as palavras de Cristo, vós obtereis a paz de
coração, não por virdes a uma cerimônia ou a uma ordenança, mas por virdes a
Cristo, a Ele mesmo! :“Vinde a mim.” Ele nem sequer diz: “Vinde ao Meu ensino,
ao Meu exemplo, ao Meu sacrifício”, mas “Vinde a Mim.” É a uma Pessoa a quem
deveis ir, a essa mesma Pessoa que, sendo Deus e igual ao Pai, Se despojou das
Suas glórias e assumiu corpo humano—
“Primeiro, para na nossa carne
mortal, servir.
E depois, para nessa mesma carne,
morrer.”
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