sexta-feira, 23 de outubro de 2020

ENGORDANDO O CORPO, MAS EMAGRECENDO A ALMA (5)

 


“Concedeu-lhes o que pediram, mas fez definhar-lhes a alma”     (Salmo 106:15)

COMO DEUS ENGORDA O CORPO.

        Na primeira parte fiz apenas as considerações gerais, a fim de chegar onde precisamos chegar. Como será que Deus engorda o corpo? Acredito que meus leitores percebem que não estou referindo aqui ao aspecto físico, à gordura física, mas sim àquilo que para os homens trata-se dos aspectos carnais e apaixonantes desse viver terreno. Nota-se que era o que Israel queria e é exatamente o que o homem quer e anseia ter. Balaão tinha no coração uma tremenda atração pela riqueza, afinal, Balaque, o rei moabita iria dar-lhe muita riqueza, caso ele pudesse amaldiçoar o povo de Israel que estava acampado em suas terras. As riquezas é o deus que encanta os coração de todos os mundanos, porquanto o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males.

        Notemos que o Senhor Jesus sempre estava alertando seus discípulos no tocante a esse perigo, porque envolve até mesmo os crentes. Foi esse interesse em ter o “corpo gordo” que o salmista Asafe quase tombou espiritualmente (Salmo 73). Foi esse interesse pelo presente século que fez com que Demas abandonasse Paulo. O mundo vive disso e basta uma rápida olhada do ponto de vista bíblico é suficiente para ver o quanto se dilacera pelos interesses de ter mais coisas daqui. E não importa a idade, pois já vi idosos, já beirando a morte indo à casa lotérica na tentativa de encontrar a sorte.

        Notemos também que Israel estava no deserto, assim vemos que o ambiente não muda o coração do homem em suas ambições terrenas. O que eles queriam? Queriam comida, festas, prazeres sensuais; achavam que eles elegeram Deus, como se elege um político, a fim de que Deus fizesse o que eles bem queriam. Não queriam um Deus santo, regendo suas vidas segundo Sua santidade; as leis justas e santas do Senhor deveriam ser apenas objetos de lembranças. Eles não importavam em estar no deserto, o que eles queriam é que Deus satisfizesse suas ambições no deserto.

        Também não fiquemos a pensar que um ambiente religioso pode arrancar do homem esse interesse maligno por ter o “corpo gordo”. Um Geazi ao lado de um piedoso profeta Eliseu terá seu momento marcante, quando poderá conquistar riquezas tão almejadas. Já lidei com pessoas que diziam ser crentes, mas que mostravam esses vis interesses de amor às riquezas. Conversei com um que foi membro de nossa igreja; suas palavras demonstravam o quanto tinha inveja dos ricos e não demorou muito em seu desprezo a Deus e suas intenções de ter riquezas, chegando a abandonar a esposa e filhos.

        Esse espírito de ganância pelas coisas terrenas sempre tomou conta de pessoas nas igrejas. Paulo advertiu os crentes de Filipos contra aqueles cujo deus é o ventre. Não é assim hoje. Tenho lidado com pessoas cujos interesses na igreja não é servir a Deus, mas ter companhia daqueles que são do seu estilo; de pessoas que vão assar churrasco, participam do futebol e vão aos cinemas. A igreja é vista hoje como um clube ou lugar dos shows. Triste situação. Assim o deus que eles querem e buscam é o deus exatamente como queria o povo no deserto. Está havendo isso em nossos dias. Basta um pouco de percepção para ver o quanto Deus mesmo dá tempo “engordando seus corpos”, mas por outro lado percebe-se o quanto suas almas vão emagrecendo paulatinamente.

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