terça-feira, 19 de dezembro de 2017

OCULTOS NA CRUZ (6)




“Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo” (Gálatas 6:14)
A INCLINAÇÃO NATURAL DO HOMEM EM BUSCAR ONDE SE GLORIAR
        Mas, qual é o lugar da nossa glória? Não é nossa igreja, nossa família, etc. Paulo responde com clareza: “...senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo...”. Não é verdade que precisamos estar ciente dessa verdade? Não é fato que nossas mentes e emoções devem estar impregnadas dessa doutrina, que mexe tanto com nosso orgulho? Se desviarmos da mensagem da cruz, logo inclinaremos para acolher focos de idolatrias em nosso ser. Tendemos sim a fitar os homens; ocupamo-nos com as habilidades e heroísmos de Paulo e de outros nomes. Mas ali está um homem que conheceu a mesma salvação que qualquer crente conheceu; ali está um homem com os mesmos sentimentos e fraquezas que nós temos e ele carrega consigo a mais poderosa confissão que deve brotar dos lábios que foram santificados pela graça na salvação: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão...”.
        Creio que essas palavras abrem o cenário para um grande culto, para um maravilhoso sermão e para a verdadeira adoração. Por quê? Negativamente, digo que a cruz não é um lugar de idolatria. Não é para que carreguemos um crucifixo no peito, ou mesmo criar no íntimo a tão farsante superstição. Podemos fazer de uma cruz o mesmo que Israel fez com a serpente de metal, transformando-a num objeto de veneração e de culto aos demônios. Se dependermos de nossa infame natureza corrompida, nossa tendência natural é fazer de tudo um ambiente de idolatria. Por que Deus mesmo ocultou o corpo de Moisés? Não foi por causa do povo? Ora, o povo se sacrifica por aquilo que é nada e venera até mesmo um pedaço de pau.
        Mas não estou falando com falsos crentes; não me dirijo aos endurecidos de coração, os quais têm seus pensamentos e emoções em completa escuridão. Mantidos nas trevas, eis que os homens continuam erguidos pela soberba, devido a ignorância em que vivem. Dirijo-me aos santos de Deus, porque habitamos ainda neste mundo e somos tendenciosos a nos desviar da única mensagem que nos faz crentes humildes e dependentes do Senhor. Para isso quero levar aqui as lições que devem assaltar e ferir nossa soberba, a fim de caiamos humilhados perante nosso Deus. Por que devemos, como Paulo gloriar na cruz? Que proveito há nisso?
        A primeira lição é que, quando contemplamos a mensagem do nosso Cordeiro, o qual foi levado e imolado em nosso lugar, então vemos o quanto ali é lugar de vergonha. O próprio Filho de Deus experimentou toda vergonha que nós deveríamos enfrentar. Ficou ali sozinho, desamparado, exposto à crueldade da multidão, sem qualquer defesa, sem nenhum advogado. Ali foi aviltado, exposto em nudez, cuspido, açoitado e cercado de inúmeras ofensas. Nós que merecíamos isso; os crentes estavam marcados para serem motivos da terrível ira de Deus; os crentes que seriam expostos à miséria dos demônios, à recepção do inferno e aos horrores e desespero eterno. Paramos para pensar o quanto escapamos dessas afrontas?
        Caro leitor, pense no que significa vergonha. Nosso Senhor adverte aos falsos mestres que eles sofrerão vergonha eterna (Jeremias 23:40). Neste mundo os homens pecam, andam como querem e fogem e acreditam que vão escapar da mais infamante vergonha; que será exposto para que todo universo saiba o que Deus fará com todos os que aqui brincaram com seu nome, ofenderam sua santidade e blasfemaram de sua dignidade.
        Os crentes são melhores do que aqueles que já partiram para a eterna vergonha? Claro que não! Somos o que somos pela graça! Somos o que somos porque alguém morreu em meu lugar e sofreu o que merecíamos. Não devemos nós cair em pranto, confissão e adoração?

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