terça-feira, 2 de dezembro de 2014

COMO A CONDUTA DE UMA PESSOA RECAI SOBRE ELA MESMA (3)




Spurgeon
         “O infiel de coração dos seus próprios caminhos se farta, como do seu próprio proceder, o homem de bem” (Provérbios 14:14).
         Quando o amargor e a amargura ficarem mais evidentes no cálice da vida, será triste reconhecer que “eu consegui isto para mim com minha tolice vergonhosa”. Ó Senhor, segura-nos e guarda-nos de cairmos aos poucos, para não afundarmos no pecado e continuarmos nele por um período, pois certamente a angústia resultante de um mal assim é tão terrível como a própria morte. Se Davi pudesse se levantar do seu túmulo e aparecer diante de vocês com seu rosto sulcado de tristeza e sua testa vincada por seu sofrimento, ele lhes diria: “Cuidem diligentemente dos seus corações, para não trazerem castigo para si mesmos. Vigiem com oração, e se guardem do início do pecado, para que seus ossos não envelheçam com seus gemidos e seu vigor se torne em sequidão de estio” Proteja-se de um coração errante, porque será uma coisa terrível ficar cheio das próprias recaídas.
         Existe um terceiro tipo de infidelidade, e eu temo que um grande número dentre nós já mereceu este título. Estou pensando naqueles que, em qualquer grau ou medida, mesmo que por pouco tem, retrocedem do ponto que já tinham alcançado. Talvez uma pessoa assim nem deveria ser chamada de infiel porque este não é seu caráter predominante, mas ela retrocedeu. Se não crê com a mesma firmeza de antes, não ama com a mesma intensidade, não serve com o mesmo zelo, então a pessoa se tornou infiel em certo sentido, e a infidelidade em qualquer sentido é pecado e nos encherá na mesma medida com as consequências. Se você semeia só duas ou três sementes de espinheiro, não haverá tantos cardos em sua fazenda como se você esvaziasse um saco inteiro, mas mesmo assim, haverá o suficiente e até mais. Cada pequena recaída, como as pessoas a chamam, é um grande mal; todo pequeno desvio de Deus, mesmo só no coração, sem jamais se manifestar em palavras ou atos, nos trará alguma medida de tristeza. Se todo o pecado fosse removido do nosso ser a tristeza também seria e, na verdade, estaríamos no céu, porque um estado de santidade perfeita equivale à bênção perfeita. O pecado em qualquer grau dará seu fruto próprio, e este fruto cedo ou tarde mostrará as suas garras; por isso é mau ser infiel, mesmo no menor grau.
         Dito isto, continuemos a reflexão sobre os últimos dois tipos de infiéis, deixando de fora o apóstata. Leiamos novamente o seu nome, depois sua história; temos ambos em nosso texto.
         A primeira parte do seu nome é “infiel”, “aquele que se desvia”. Ele não sai correndo, nem pula para longe, mas desvia-se, escorregando, deslizando com um movimento suave, sem esforço, fácil, silencioso, talvez imperceptível para ele mesmo ou para as outras pessoas. A vida cristã é muito parecida com subir uma montanha coberta de neve. Você não pode escorregar para cima; terá de fazer buracos para firmar o pé, e só poderá fazer progressos com muito trabalho e cuidado; precisará de um guia para ajudá-lo, e não estará seguro de cair numa fenda se não estiver preso no guia. Ninguém escorrega para cima; mas, se não tomar cuidado, poderá escorregar para baixo, em outras palavras, desviar-se, a resposta é: pare de avançar, e você deslizará para trás; deixe de subir e você descerá necessariamente, pois não é possível ficar parado. Para nos induzir a recair, Satanás age conosco como engenheiros fazem com uma estrada morro abaixo. Para construir uma estrada lá no divisor de águas até o vale, eles nem pensam em fazê-la despencar por um precipício ou descer um paredão a pique, porque ninguém usaria uma estrada assim. Eles a fazem dar voltas e curvas. 







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