“Mas
Esaú disse: eu tenho muitos bens, meu irmão... Deus tem sido bondoso para
comigo e tenho fartura...” (Gênesis 33:9,11).
Caro
leitor, no conceito de prosperidade havia grande diferença entre Esaú e Jacó.
Spurgeon diz: “É tão raro quão agradável encontrarmo-nos com um homem que tenha
fartura; a grande maioria está lutando por obter mais”. Mas essa é a real
diferença vista entre um crente e um mundano. No caso dos dois filhos de
Isaque, Esaú era um verdadeiro incrédulo, enquanto Jacó se tornou um crente,
mediante a graça de Deus.
Meditemos
um pouco acerca disso, porque as palavras ditas por esses dois homens mostram o
que realmente significa prosperidade no conceito carnal e no conceito
espiritual. Esaú sempre mostrou ter um coração mundano. Em suas ambições sempre
perseguiu a prosperidade terrena; sempre mostrou disposto a lutar, trabalhar
incansavelmente para obter riquezas e conforto deste mundo. Vemos na vida de
Esaú que seu ideal era o mesmo que tem um coração incrédulo. Ele queria ser um
príncipe, queria ter nome, fama, sucesso; queria que sua descendência fosse
constituída de reis e príncipe; queria servos, camelos, gados, ouro, prata,
etc. Realmente obteve tudo aquilo que tanto queria, pois logo no cap. 36 de
Gênesis vemos o quanto avançou a nação edomita, enquanto Israel não passava de
um povo simples que estaria sob intensa escravidão no Egito.
Mas, qual
era o pensamento tão ambicioso de Esaú? “Tenho muitos bens...”. Não era um
homem cheio de contentamento. Seus bens eram muitos? Sim! Mas queria mais. Seus
cofres não estavam lotados e vivia sempre preocupado em perder o que ganhara.
Suas conquistas não eram embasadas de serviços, mas sim de guerra, vivia dos
despojos dos inimigos. O que Esaú quis ele obteve; Deus o elevou às glórias
terrenas; Deus concedeu aquilo que tanto seu coração almejou possuir, mas tudo
resultou não das bênçãos divinas, mas sim da Ira: “Amei Jacó e me aborreci de Esaú,
e fiz dos seus montes uma desolação; e dei a herança aos chacais do deserto”
(Malaquias 1:3). Esaú é o modelo do homem que almeja prosperidade, pois mesmo
afirmando que tem muitos bens, mesmo assim nunca está satisfeito. Seu coração
cabe o mundo inteiro.
Mas, quão
diferente é Jacó: “Tenho fartura”! Isso significa contentamento. Noutras palavras
Jacó estava afirmando ter tudo aquilo que precisava, por essa razão estava
dando mais a Esaú. Eis aí um verdadeiro crente! Eis aí alguém que aprendeu com
Deus a lidar com os bens terrenos e a esperar em Deus. Um crente age assim. Ele
quer ter fartura, porque o contentamento sobrepuja as riquezas. Ele quer ter
fartura porque dar, distribuir para os pobres. Jó tinha fartura, e mesmo quando
perdeu tudo, a fartura enchia seu coração de prazer e felicidade. Sua fartura
não o tornou perverso; não o fez sobressair acima de seus semelhantes, pelo
contrário, sua fartura o tornou um homem bondoso, que reconhecia as
necessidades do seu próximo e que por isso era respeitado.
Meu amigo,
você tem muitos bens, ou tem fartura? O crente tem tudo, porque em Cristo tudo
pertence ao crente (1 Coríntios 3:22). “O descontentamento rouba ao homem o
poder de desfrutar o que possui” (Spurgeon). Aquele que foi salvo por Cristo
deve estar com seu coração cheio de alegria, porque Cristo satisfaz a alma e é
aquele que dia a dia cuida de nossas necessidades.
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