domingo, 23 de março de 2014

O TRIBUNAL DE CRISTO (1)



Mackintosh
Ultimamente temos estado recebendo cartas de vários amigos, nas quais nos podemos advertir, com quanta veemência, buscam luz, no que diz respeito ao solene tema do “Tribunal de Cristo”; e, posto que é muito provável que haja muitos outros que tenham inquietações sobre o mesmo assunto, desejamos determo-nos a considerar com atenção o assunto, não, sem que antes, façamos uma nota abreviada, nas nossas respostas, às cartas dos leitores.
         Um querido amigo escreve-nos nestes termos: «Encontro-me, presentemente, numa dificuldade. Acontece que uma amiga muito querida, tem estado muito afligida, pensando que, no Tribunal de Cristo, todo o pensamento secreto e todo o propósito do coração serão manifestados a todos os que lá estiverem presentes. Ela não tem a menor dúvida, nem o menor temor, quanto à sua salvação eterna, ou, quanto ao perdão dos seus pecados; mas, vive com horror ante o pensamento de que os segredos do seu coração haverão de ser manifestados a todos os que estiverem presentes no Tribunal de Cristo.
         Outro escreve-nos assim: «Ao recordar as benditas e eternamente importantes verdades de Jo 5:24 ; 1Jo 1:7-9 ; 2:12 ; Hb 10:1-17 , queria saber a maneira como interpreta as passagens que seguidamente lhe cito textualmente, com o propósito de destacar as palavras às quais me refiro particularmente: “Porque todos devemos comparecer ante o Tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal. ” “De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus. ” “Mas quem fizer agravo receberá o agravo que fizer; pois não há acepção de pessoas. ” É meu veemente desejo ter a interpretação e a aplicação corretas destes textos; e creio que ao solicitar-lhe a sua opinião a respeito deste tema não o considerará uma perdida de tempo».
         Há já muito tempo que vínhamos tendo grande interesse em examinar as diversas razões acerca da perplexidade que parece generalizar-se com respeito ao solene tema do “Tribunal de Cristo”. As mesmas passagens que cita o nosso correspondente são tão claras, tão pontuais e tão definidas que não podemos senão tomá-las como estão e deixar que caiam com o seu próprio peso no coração e na consciência: “Porque todos devemos comparecer  ante o Tribunal de Cristo ,” “De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus ”, “Mas quem fizer agravo receberá o agravo que fizer. ”Estas são afirmações claras. Deveremos debilitar a sua força, diminuir o seu gume, ou embaçar o seu tão zeloso argumento? Que Deus não o permita! Antes pelo contrário, deveremos procurar fazer um santo uso destes textos, deixando que exerçam a sua acção repressora sobre a velha natureza, com todas as suas vaidades, desejos e reações. O Senhor quis que os utilizássemos desta maneira. Ele nunca teve por objectivo que os utilizássemos de um modo legal, para debilitar a nossa confiança em Cristo e na Sua perfeita salvação. Nunca iremos a juízo pelos nossos pecados; Jo 5:24 , Rm 8:1  e 1Jo 4:17  são concludentes a esse respeito. Mas então, os nossos serviços terão que ser expostos aos olhos do nosso Amo. O fogo provará de que classe é a obra de cada homem (assim diz o original grego em 1 Co 3:13 ). O dia declarará – fará manifestas todas as coisas. Tudo isto é muito solene, e deveria conduzirmos a exercer uma estrita vigilância e a ter sumo cuidado quanto às nossas obras, caminhos, pensamentos, palavras, motivos e desejos. O nosso mais profundo sentido da graça e a mais clara compreensão da nossa perfeita justificação como pecadores jamais debilitarão o nosso sentido da tremenda solenidade do “Tribunal de Cristo”, nem farão minguar o nosso desejo de andar de modo a sermos aceitos Nele, de Lhe sermos agradáveis.


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