quinta-feira, 16 de agosto de 2012

DEBAIXO DA IRA OU DEBAIXO DO AMOR DE DEUS (4)



 Por isso quem crê no Filho tem a vida eterna, o que todavia se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus”. João 3:36.

         Amigo leitor, na mensagem anterior procurei enfatizar o assunto do arrependimento como algo essencial na obra da fé. É de suma importância aqui esclarecer que nem toda manifestação de arrependimento é verdadeiramente o arrependimento que vem de Deus. Judas, depois de ter traído o Senhor, deu uma impressão de arrependimento, mas foi apenas um remorso que o levou ao suicídio.
         Alguém pode sentir uma tristeza porque cometeu um determinado pecado, vai chegar à margem de sua cama, vai ajoelhar e pedir perdão, mas foi apenas um remorso egoísta. Quando aquele transe passar, e as paixões reativarem, ele voltará a prática pecaminosa. Amigo, enquanto não houver a evidência da fé que leva o pecador a olhar para o Senhor Jesus, não aconteceu o genuíno arrependimento. Pedro negou a Jesus três vezes, foi uma tragédia que ocorreu em sua vida; foi um verdadeiro golpe na vida daquele Apóstolo que confiava muito em sua capacidade própria. Pedro chorou, mas nem sempre o choro estará indicando quebrantamento. Não são as lágrimas do coração. Mas Pedro chorou, e aquele choro foi importante, pois foi uma obra de arrependimento: prostrou aquele homem.
         Pedro foi defrontar-se com seu mestre novamente após a ressurreição. Após aquela pesca milagrosa, os discípulos desceram do barco para aproximarem do mestre Amado na praia do mar da Galiléia. O Senhor Jesus, aproximando-se de Pedro, disse-lhe: “Simão, filho de Jonas amas-me”. Essa pergunta foi feita três vezes, pois Pedro havia negado três vezes. Notemos algo interessante naquele encontro. Primeiro, estava ali um homem humilhado, convicto de seu pecado, mas cheio de convicção do amor do Senhor. Pedro não procurou camuflar-se; não encobriu as suas culpas; não se desculpou. O Senhor Jesus  foi a Pedro, e não o chamou de Pedro, mas de Simão. Ora, o nome Pedro significa  pedra pequena, e foi o próprio  Jesus quem lhe tinha dado tal nome. Mas o Senhor foi àquele homem chamando-lhe pelo nome que seus pais lhe haviam dado. O Senhor Jesus chega a Ele com terno amor e lhe pergunta: “Simão, tu me amas?” Simão responde: “Sim Senhor, tu sabes que eu te amo!” 
         O interessante aqui é que Pedro respondeu a Cristo não usando a mesma palavra que foi usada por Cristo. Quando o Senhor perguntou-lhe se ele O amava, o Senhor usou a palavra ágape e ágape significa  de fato o amor verdadeiro; o amor sacrificial, o amor que é derramado no coração do salvo pelo Espírito Santo. Mas, Simão respondeu-lhe usando a palavra  filós e filós significa amor natural, amor de amizade. Veja a confissão de Simão; Cristo havia lhe perguntado: Simão, tu me amas com o amor sacrificial, eu te amei Simão ao ponto de morrer por ti, é esse amor que tu tens por mim? Jesus não estava cobrando nada; Ele ama o pecador incondicionalmente. Ele estava apenas levando Simão a conhecer o seu próprio coração. Simão lhe respondeu: “Senhor, tu sabes que eu gosto de ti.” Pedro respondeu sempre assim nas três vezes.
         Na terceira  vez que ele foi mais firme ainda: “Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu gosto de ti”. Pedro estava na realidade dizendo: Eu estava te seguindo não por ter um coração transformado, mas porque eu tinha o Senhor como um grande amigo. Ali foi o momento em que a misericórdia do Senhor foi estendida para aquele homem, e doravante  Pedro era uma nova criatura.
         Ó meu amigo, sem arrependimento, como o pecador vai olhar para a suficiência do calvário? Como vai beber a água da vida se nunca sentiu a intensa sede espiritual? Sem arrependimento o homem continua sendo o mesmo homem, endurecido contra o Espírito de Deus. Poderá dar uma impressão de temor a Deus, mas será apenas algo de fora, não será algo do coração. Com respeito ao arrependimento é mister que entendamos que não há levantamento sem primeiro haver a queda; não há ressurreição sem primeiro haver a experiência da morte; o pecador não vai entrar pela porta estreita sem primeiramente sentir os perigos e os horrores que existem no lado de fora – neste mundo maligno. O cego clamará por visão; o leproso espiritual terá sua carne limpa. O filho pródigo percebeu a sua loucura somente quando chegou ao ponto de estar na miséria, alimentando-se da comida dos porcos; então ele ficou prostrado e humilhado.
         Vou mais adiante para afirmar que é impossível haver arrependimento sem gloriosa obra do Espírito Santo; é Ele quem vivifica os mortos;  é Ele o maravilhoso agente divino que convence o pecador de seus pecados. É Ele quem aponta  a cruz do Salvador e o sangue remidor. Ele  jamais vai exaltar o homem, jamais exaltará qualquer religião. Ele só tem uma mensagem para o pobre pecador que é a mensagem da cruz. Ó meu amigo, se você não foi levado a Cristo pelo arrependimento, você ainda é um condenado. Você segue o caminho largo e encontra-se agora mesmo debaixo da ira divina. Você poderá dizer: “Ah! Um dia eu chorei! O seu choro foi o resultado de convicção de pecado e posteriormente, pela fé recebeu a Cristo?  
         Então, aleluia! Arrependimento é algo do coração. É a mudança ocorrida no íntimo. A pessoa arrependida vai olhar unicamente para Cristo Jesus! Deleitar-se-á no Bendito Filho! Cristo Jesus será o amado de sua alma! Será, como diz a esposo para o esposo no livro de Cantares: “O lírio do vale”. Ó quanto estão descendo para o abismo eterno, enganados no coração! Tem preferido as trevas! Quantos estão endurecidos contra o Espírito de Deus! Tem se escondido atrás de uma religiosidade externa! Ó meu amigo, é essa a sua situação? Deus não aceita o seu método de crer . 
         Em Salmo 1,  o Espírito Santo afirma que o “caminho dos ímpios perecerá”. De nada vale   o seu atavio religioso; de nada vale a sua aparência de piedade quando a realidade é que, no seu viver você está negando a Deus. Deus não aceita o pecador, a não ser através dos méritos do seu Filho Bendito! Como você poderá experimentar o arrependimento para a salvação? Somente e tão somente quando você deixar de se esconder atrás  de tantas desculpas. Quando reconhecer que a autoridade da Palavra de Deus está infinitamente acima da autoridade de sua religião, de sua maneira de pensar, de sua maneira de agir. Quando reconhecer que Deus não está pedindo nada. Ele não precisa de oferendas religiosas; Ele não precisa de seu dinheiro, nem de sua dedicação a serviços de sua igreja. O orgulho lhe mantém endurecido contra o Espírito Santo e contra a autoridade da Palavra.
         Ó meu amigo, nós pecadores somos chamados de ovelhas extraviadas! É de sua inteira responsabilidade clamar por sua salvação. Você pode dizer ao Senhor agora que é um fraco, que não consegue, que já tentou de todos os meios, que já fez de tudo. É assim que o Senhor quer achar o pecador. Se atira aos braços do Amoroso pastor. A graça dele é infinitamente capaz de lhe levantar. Enquanto você estiver tentando fazer algo, o Deus de toda a graça nada fará. É o senhor quem é o Salvador, não você. Peça a Ele para ser o seu Salvador e Senhor! Pela fé se jogue em seus braços santos agora. É Ele quem salvo, purifica, perdoa e apaga as suas transgressões. ­­­

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