quinta-feira, 9 de agosto de 2012

SERVOS DA JUSTIÇA (9)


SERVOS DA JUSTIÇA NO COMBATE CONTRA A CARNE
“Falo como homem, por causa da fraqueza da vossa carne. Assim como oferecestes os vossos membros para a escravidão da impureza e da maldade para a maldade, assim oferecei, agora, os vossos membros para servirem à justiça para a santificação” (Romanos 6:19).
INTRODUÇÃO:
         Nos tempos de Paulo a escravidão era algo normal na sociedade. Qualquer pessoa rica que precisasse de alguém para servi-lo em sua casa, ou mesmo em seus negócios, ia a algum mercado para comprar um escravo, assim como vamos hoje a um supermercado a fim de comprar qualquer produto que precisamos. A Bíblia apresenta o mundo de homens e mulheres como escravos a serviço do pecado. Servem continuamente ao pecado e cada membro de seus corpos é oferecido nesse constante serviço, conforme diz o texto acima, da maldade para a maldade.
Isso não significa surpresa nenhuma para o crente, porquanto sua vida era assim quando outrora vivia na mesmíssima escravidão. O crente sabe quão triste foi a condição em que estava. Ele sabe que foi libertado pelo poder do evangelho. Ele sabe bem que não existe poder capaz de livrar o homem dessa dramática situação na qual vive continuamente, com seu corpo servindo ao pecado. Todos, ricos e pobres, sábios e ignorantes, de qualquer raça ou cor estão de bom grado, a cada momento prestando serviço ao pecado neste mundo. Até mesmo os arrogantes judeus que consideravam melhores e que desprezavam os outros povos, foram postos por Cristo na mesma condição: “Em verdade, em verdade vos digo, que todo o que comete pecado é escravo do pecado” (João 8:34).
VERDADE QUE LIBERTA
O evangelho é a exposição da verdade! É a radiante luz da glória do Filho de Deus que veio ao mundo para salvar perdidos! Ele disse aos judeus: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32). O homem é salvo porque conheceu a verdade libertadora, a mensagem celestial do amor conquistador de Deus. Saulo achava que era um homem livre ao seguir com zelo inflamado os costumes de sua religião. Quando foi achado por Deus, seus olhos foram abertos para conhecer que Jesus não era um mero homem, líder de alguma organização religiosa, mas sim o próprio Filho de Deus. Foi salvo e confessa ser o principal dos pecadores (1Timóteo 1:15).
Enfim, o evangelho verdadeiro quebra as algemas e grilhões do pecado; solta as amarras que prendem o pecador; livra-o da escuridão onde está aprisionado e o liberta do império das trevas, sendo transportado para o reino de Cristo (Colossenses 1:13). O crente é alguém livre, que desfruta da plena liberdade da alma. Ele rende graças ao Senhor (Salmo 107:1) e quer viver agora para servi-Lo.
Um evangelho que mantém o homem ainda preso às suas paixões carnais, não é o evangelho de Cristo. É outro evangelho, aliás tão apregoado em nossos dias. Cristo não veio ao mundo livrar o homem de um mero cigarro, ou de qualquer outro vício. O mundo tem seus meios para ajudar a sociedade ficar livre desses males. O mundo ocupa-se com a sua aparência, o evangelho, porém liberta o homem do pecado em todas as suas tiranas manifestações, de tal maneira que o corpo inteiro do salvo passa a ser doravante instrumento de justiça.
GRANDE DESCOBERTA
Quando a pessoa é salva, não demora muito tempo para descobrir que o caminho da santificação é de luta feroz contra o pecado. Aquilo que antes parecia ser tão normal, agora é visto como anormalidade. O que parecia ser justo passa agora a ser visto como injustiça; o que parecia ser tão puro é agora visto como imundície.
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Agora andando na luz o crente passa a ver o estado de horror em que vivia e contra o qual tem que lutar no caminho rumo ao céu. Antes era levado pela correnteza deste mundo, mas agora usa a força da graça de Deus para lutar contra a enxurrada mundana que empurra a multidão para o abismo. Foi salvo para servir a justiça, por isso toma as armas da fé, é revestido da força da graça no vigor da Palavra, da oração a fim de prosseguir firme como campeão da peleja sagrada.
 JUIZO CONTRA A CARNE EM SUAS PAIXÕES
Somente um santo de Deus vai entender a linguagem figurada do Senhor em Mateus 18:8 e 9, a fim de falar sobre o perigo do escândalo. Nosso Senhor fala sobre “cortar, arrancar” membros importantes como a mão, o pé e o olho, evitando o escândalo para escapar do fogo eterno.
Sabemos que a mutilação de qualquer membro do nosso corpo jamais pode retirar o problema do homem que é o pecado no coração. O que nem a lei, nem qualquer religião deste mundo podem fazer pelo pobre pecador, Cristo o faz mediante o evangelho. Um crente genuíno é diariamente a prova eficaz do que significa na prática o que Cristo falou no texto de Mateus 18. Por que o Novo Testamento trata a respeito da luta atroz do crente contra a carne? Consideremos algumas razões óbvias:
DISCIPLINA: “Pondera a vereda de teus pés, e todos os teus caminhos sejam retos” (Provérbios 4:26).
A primeira delas é que viemos da indisciplina do pecado. A servidão ao pecado é uma descida vertiginosa da injustiça. Não existe disciplina no caminho do mal. A conversão indica que agora passamos a subir, tomando o caminho do dever, da glória de Deus e do amor ao próximo, revelando que agora em Cristo somos diferentes, que tomamos o rumo certo, homens e mulheres que seguem a rota do bem.
CARÁTER CRISTÃO: “Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão” (Mateus 7:5)
A segunda razão está naquilo que nosso Senhor condenou nos fariseus chamando-os de “hipócritas”. Eram religiosos por fora, mas seus corações estavam cheios de perversidades, criando leis pesadas contra as pessoas, mas eles mesmos passavam como os mais espirituais. Fujamos dessa religiosidade de fachada! Quando lidamos conosco mesmos, punindo a maldade em nós mesmos, assim seremos capazes de ajudar nossos semelhantes.
AMOR GENUÍNO: “O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem” (Romanos 12:9).
Nessas palavras Paulo mostra o que significa o amor verdadeiro derramado nos corações dos crentes. É um amor que detesta o mal e que é apegado ao bem. Quando lutamos contra todo tipo de maldade em nós mesmos, significa que estamos prontos para sermos úteis a todos quantos estão ao nosso derredor. Tudo hoje funciona contra os princípios do amor bíblico; tudo chama a atenção para um amor sentimental, mundano, perverso e aparentemente agradável. O resultado é visto na total insegurança nos lares e nas igrejas, num ataque frontal à Palavra de Deus.
CORAÇÃO PIEDOSO: “Bendize, ó minha alma ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga ao seu santo nome” (Salmo 103:1).
Finalmente, eis aí a razão suprema! A fé cristã em contínua guerra combatendo contra a natureza egoísta e enganosa; tratando o homem como deve ser tratado e glorificando a Deus por Sua misericórdia. A igreja de Deus hoje está cheia de atitudes infantis. Faltam homens e mulheres piedosos, que querem honrar a Deus em tudo. Somos convocados a negar a nós mesmos e atacar toda rebelião contra Deus. Somente assim estaremos prontos para punir toda rebelião carnal e glorificar o Senhor por meio de nossos corpos.
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I.       SERVINDO A JUSTIÇA COM NOSSOS CORPOS EM SACRIFICIO: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis os vossos corpos por sacrifício, vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Romanos 12:1).
Tendo em vista esses benefícios eternos em nossas vidas, resta que agora passemos ao ensino bíblico concernente à nossa luta contra a carne. Procuraremos ver todas as áreas de nossa vida onde devemos aplicar justiça. Jamais devemos esquecer que o poder vem de Deus. A obra é do Espírito de Deus em nós (Romanos 8:13) e as armas da nossa milícia são provenientes de Deus (Efésios 6:10). Todo esforço carnal no combate contra as manifestações pecaminosas em nós mesmos resultam em fracasso. Somente o poder do Espírito Santo em vidas que se alimentam constantemente da Sua Palavra, para conceder vitória ao crente. Esse verso de Romanos 12 inicia o aspecto prático dessa extraordinária carta. Paulo inicia rogando aos crentes que, diante de tão grande manifestação de misericórdia por parte de Deus em favor deles, entreguem agora seus corpos para o serviço de Deus. Conforme vemos no cap. 6, quando estávamos no pecado éramos escravos do pecado. Mas agora, já libertos, passemos a servir voluntariamente ao nosso Senhor. E a maneira de fazer isso é a entrega de nossos corpos. Mas deve ser conforme Deus quer e não da nossa maneira. No próprio verso somos exortados a entregar nossos corpos de 3 maneiras:
A.          Vivo. Deus não quer corpos mortos. Somente o sacrifício de Cristo morto na cruz foi o único agradável ao Pai. Nossos corpos precisam ser entregues ao nosso Deus enquanto estivermos vivos, a fim de que honremos a Ele neste mundo.
B.          Santo. Nossos corpos eram consagrados ao pecado quando não éramos salvos. Agora na nova vida cada crente deve consagrar seu corpo inteiramente a Deus, do contrário continuaremos ocupados com todo ramo de iniquidade. Não existe meio termo, ou estamos servindo a Deus, ou estamos ocupados em servir ao pecado. Nossos corpos são os instrumentos de nossos atos, e vamos revelar o que somos e o que fazemos por meio de cada membro. “Santificar” significa que daremos a Deus o total direito de uso, como instrumento do Espírito Santo a fim de que Ele, e não mais o pecado opere Sua glória.
C.          Agradável a Deus. Este último expressa o sentimento de Deus quando o crente decide ser totalmente Dele. Nossos corpos entregues a Ele em sacrifício é aroma suave ao Senhor. É a maneira de cada crente mostrar sua gratidão; é uma honesta troca de serviço, porquanto agora pertencemos aquele que tem direito de nossas vidas por criação e por redenção (Salmo 100). Notemos que Paulo fala no final do verso que esse é o verdadeiro culto a Deus, “... o vosso culto racional”. Deus não tolera o culto que badala as emoções. Deus não suporta o culto que mistura solenidade com a iniquidade (Isaías 1:13). Ele aceita culto de homens e mulheres que foram achados pela Sua misericórdia; que entenderam o amor de Cristo na cruz e que chegaram a Ele por meio da confissão sincera (Romanos 10:9). Tais pessoas dão o melhor para Deus, dão seus corpos. São crentes genuínos em qualquer lugar, porque conhecem e invocam seu Deus.  
         Amado irmão, eis aí o começo da luta contra a carne. Iniciamos de forma positiva, vendo que a vida cristã não é forjada por tradição humana, pelo contrário, ela parte de corações santificados; pessoas que conheceram o poder transformador da graça de um Deus que amou pecadores. Romanos 12:1 é dirigido aos homens e mulheres que podem render graças ao Senhor, porquanto seus corações estão cheios de gratidão pelo Seu grande amor (Romanos 8:39). 
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Sem esse entendimento não pode haver servos da justiça. Sem a compreensão dessa tão grande salvação, cada membro de nosso corpo continuará funcionando na profanação; haverá contentamento na escravidão do pecado. Precisa sair das trevas para a luz; da morte para a vida; da condenação para a salvação.
     A entrega de nossos corpos ao Senhor mobiliza-nos para o grande campo de atividade contra a carne. Estamos cercados por uma mentalidade secular perigosíssima. O presente século nos atrai e tenta nos seduzir para que aceitemos seus padrões ímpios, malignos e rebeldes contra Deus. Somente um coração transformado pode obedecer ao que Paulo diz no verso 2 de Romanos 12: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.
     O ensino desse verso é mui precioso, mas só pode ser aplicado à luz do verso 1. Uma vida não entregue fisicamente a Deus facilmente submete-se às influências externas deste mundo. O mundo bombardeia uma alma com sua mentalidade anti-Deus. Um coração não santificado será amoldado pela mentalidade que envolve este sistema maligno, dirigido por satanás e conseqüentemente abominará os ensinos bíblicos.
     Paulo exorta: “E não vos conformeis...”. O termo “conformar” significa “submeter-se à forma”, assim como é feito um bolo. A massa é posta numa fôrma e quando o bolo está assado fica exatamente do tamanho da fôrma. Esse é o trabalho que o mundo faz com as multidões. É algo feito de fora para dentro, até que seu sistema faça parte do sistema de vida de alguém.
Paulo, entretanto mostra o modo de combater esse ataque: “... mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. O verbo transformar no grego está na forma passiva. A melhor tradução deve ser: “... mas deixai-vos ser transformados...”. Significa que é Deus que opera a mudança gradativamente no coração do salvo. Igualmente, o verbo “transformar” no grego é a mesma palavra que temos em português por “metamorfose”. É uma palavra de grande significado no Novo Testamento, pois indica aquilo que é essencial, real, verdadeiro. É isso que Deus opera no crente por meio da Sua Palavra e do Espírito. Enquanto o mundo tenta mudar de fora para dentro, o crente é transformado de dentro para fora.
Que glorioso ensino! Em Romanos 12:1 é focalizado o homem exterior. O verso 2 focaliza no homem interior. Isso significa que não estamos perdendo tempo; que não é vão o sacrifício de nossos corpos; que não estamos caminhando inutilmente. Consagremos a Deus nossos corpos fracos, abatidos, humilhados! É luta por fora, mas é glória por dentro. Deus está formando o verdadeiro homem interior a cada dia! O mundo dá valor ao corpo, à aparência. Os homens gastam fortunas com aquilo que fenece como erva (Isaías 40:7). O mundo desconhece o homem do coração e a cada dia desaparece do palco terreno qualquer conceito dos verdadeiros valores. Satanás mergulha as multidões em busca dos atrativos carnais.
     Entreguemos para o serviço do Senhor aquilo que tanto o mundo pede para celebrar sua impiedade e paixões. Relembremos o tempo inútil gasto na escravidão. O que ganhamos na velha vida? Meditemos no amor inaudito de nosso Senhor ali na cruz, onde suportou toda afronta por amor do Seu povo; sofreu toda fúria santa de Deus sobre Si mesmo a fim de lançar nossas iniquidades nas profundezas do mar. Todo esse amor foi para nos resgatar dessa rede de escravidão onde estávamos aprisionados. Como devemos amar aquele que primeiro nos amou! A obra da graça não parou na nossa salvação, pois estamos sendo preparados para aquele grande dia
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quando seremos como Ele é (1João 3:2). Nossos corpos que agora sofrem a humilhação causada pelo pecado, serão transformados em corpos de glória. Meditemos na doce esperança que aguarda os filhos de Deus, e assim vejamos como tudo o que aqui parece belo, não passa de palito de fósforo aceso na escuridão.













































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