DOPING PASTORAL

Pr STÊNIO ARAÚJO VERDE

         O ciclista americano Lance Armstrong desistiu de contestar as acusações de uso de esteroides para melhorar o desempenho. Há uma década o atleta é investigado pela agência Antidoping dos Estados Unidos. Com esta decisão o ciclista irá perder todas as medalhas e premiações. Armstrong foi sete vezes campeão do Tour de France. Ao ler esta notícia me recordei das palavras de Paulo ao jovem pastor Timóteo: “O atleta não é coroado senão lutar segundo as normas”. Armstrong pedalou durante muitos anos ludibriando as regras que regem a competição da qual foi destaque. Chegou a ser coroado, mas sairá de mãos vazias e lhe restará apenas a vergonha e o opróbrio. Assim também muitos pastores que estão usando esteroides ministeriais haverão de experimentar no dia do acerto de contas, uma vergonha eterna.

         Quem são os pastores que perderão as suas coroas? Primeiramente aqueles que não são vocacionados ao ministério pastoral e tomam os anabolizantes da estrutura eclesiástica para tal projeção. Há muitos pastores que jamais foram chamados para o ministério pastoral. Eles são voluntários, mas não vocacionados. Em segundo lugar aqueles que se dopam na preguiça e no relaxo do exercício pastoral. Há pastores que dormem muito, trabalham pouco, não suam a camisa, não arregaçam as mangas. São obreiros relaxados, pastores de si mesmos. Suas igrejas a cada ano mínguam e sofrem com pastores doutrinariamente corretos, mas cuja práxis pastoral é nenhuma.

         Terceiro, há também os atletas pastorais da ganância, que negociam o ministério, mercadejam a Palavra e transformam a igreja em negócio lucrativo. Transformam o evangelho em balcão e o evangelho em produto, criam o seu império pastoral. Recentemente fui a um congresso de um pastor renomado, para minha tristeza percebi que ele havia perdido a alma ministerial, o ministério dele se tornou um negócio de família.

         Em  quarto  lugar,  vemos  pastores moralmente comprometidos. Pastores cujo gabinete     pastoral     se     tornou     a    antessala do    motel. Pastores que traem suas esposas com as irmãs da igreja ou com prostitutas e continuam atuando no ministério. Não são poucos os casos de pastores divorciados devido ao adultério. São muitos os que se prostituem na net.
Em quinto lugar, os pastores confusos teologicamente perderão as suas medalhas. O doping da heresia tem destruído muitos ministérios outrora legítimos. Há pastores sincréticos, místicos que pregam um evangelho hibrido. Estes pastores hoje recebem os troféus da mídia, mas terminarão em vergonha e desprezo. São verdadeiros marqueteiros. Os pastores de hoje são mentores de novidades vazias. Outros são massa de manobra, são transmissores de ensinos que não estão na Bíblia, mas que eles aprenderam através de outros pastores-gurus e há aqueles que deliberadamente abandonam a sã doutrina por interesses mesquinhos e egoístas.

         Em sexto lugar vemos os pastores que são truculentos e despóticos com as ovelhas e que dominam o povo com autoritarismo e que tripudiam sobre aqueles que questionam o seu modelo de ministério. Estes tomam diariamente o anabolizante do sucesso ministerial segundo os padrões do mundo empresarial. 

         Em sétimo lugar, eu diria que os pastores com o casamento destruído no ministério perderão também as suas medalhas de ouro. A Palavra de Deus diz que aquele que não sabe governar a sua própria casa não está apto a governar a igreja de Deus.
Em oitavo lugar, pastores em pecado no ministério perderão as suas medalhas. Um ministro infiel é pior do que um incrédulo. Charles Spurgeon dizia que um ministro sem piedade é o maior agente do diabo em uma igreja.

         Muitos  pastores só interromperão suas práticas abomináveis depois de serem flagrados ou caírem no opróbrio público, estes ainda terão a chance do arrependimento. Outros, porém, depois da morte, haverão de perder suas coras ministeriais e sofrerão o vexame de não terem lutado segundo as regras. Ovelhas que contribuíram para o doping pastoral não ficarão impunes.

Pense Nisso!