7. O indivíduo se beneficia espiritualmente quando a Palavra o leva a praticar o contrário do pecado.
"... O pecado é a transgressão da lei". (I João 3 :4).
Deus diz: "Farás...'', mas o pecador retruca: "Não quero". Deus diz: "Não farás...", e o pecador diz: "Farei". Assim, pois, o pecado é a rebeldia contra Deus, é a determinação do indivíduo seguir o seu próprio caminho (Isaías 53:6). Isso capacita-nos a entender que o pecado é uma espécie de anarquia no campo espiritual, o que pode ser comparado com o ato de sacudir uma bandeira vermelha no rosto de Deus. Ora, a atitude oposta ao pecado contra Deus é a submissão a Ele, da mesma maneira que o contrário da iniquidade é a sujeição à lei. Portanto, praticar o contrário do pecado é andar na vereda da obediência. Esta é uma das outras grandes razões pelas quais as Escrituras nos foram dadas: Tornar conhecida a senda pela qual devemos andar, o que agrada a Deus. As Escrituras são proveitosas não somente para repreensão e correção, mas também para a, "Instrução na Justiça".
Neste ponto, pois, encontramos outra importante regra, mediante a qual devemos testar frequentemente a nós mesmos: Os meus pensamentos estão sendo formados, o meu coração está sendo controlado, e a minha conduta e as minhas obras estão sendo regulamentadas pela Palavra de Deus? Eis o que o Senhor exige: "Tornai-vos, pois, praticantes da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos". (Tiago 1:22). E aqui temos a declaração de como devem ser expressos nossa gratidão e os nossos afetos por Cristo: "Se Me amais, guardareis os Meus Mandamentos" (João 14:15).
Para tanto, é necessário a ajuda Divina. Davi orava: "Guia-me pela vereda dos teus Mandamentos, pois, nela me comprazo" (Salmos I19:35). "Precisamos não somente de luz para reconhecer o nosso caminho, mas também de um coração bem disposto, para andar por esse caminho. A orientação é necessária por causa da cegueira das nossas mentes; e os impulsos eficazes da Graça são necessários por causa da fraqueza dos nossos corações. Não cumpriremos o nosso dever, mediante a mera noção das verdades, a menos que as abracemos e as sigamos". (Manton).
Notemos que o salmista falava sobre a: "... Vereda dos Teus Mandamentos...". Não aludia ele a algum caminho pessoal, autoescolhido, e, sim, a um caminho bem demarcado; não se trata de uma estrada "Pública", mas de uma vereda ''Particular''. Que tanto o escritor como o leitor se aquilatem, honesta e diligentemente, como na Presença de Deus, pelas sete coisas acima enumeradas. O estudo da Bíblia, prezado amigo, o tem tornado uma pessoa mais humilde, ou mais orgulhosa – orgulhosa com o conhecimento que assim adquiriu? Esse estudo o elevou na estima de seus semelhantes, ou o rebaixou a um lugar inferior, na Presença de Deus? Tem isso produzido, em sua experiência, uma atitude de mais profunda repulsa e asco por si mesmo, ou tornou-o mais complacente?
Isso tem feito com que aqueles que entram em contato contigo, aos quais talvez você ensine, digam: "Gostaria de ter o seu conhecimento sobre a Bíblia!"; ou isso os tem levado a orar: "Senhor, dá-me a fé, a graça e a santidade que tens conferido a meu amigo ou professor?''. "Medita estas cousas, e nelas sê diligente, para que o teu progresso a todos seja manifesto". (1 Timóteo 4:15).
As Santas Escrituras são totalmente Sobrenaturais. São revelações Divinas. "Toda Escritura é inspirada por Deus..." (II Timóteo 3:16). Não ocorreu apenas que Deus elevou as mentes de certos homens, mas antes, que dirigiu os seus pensamentos. Não é simplesmente que Ele transmitiu a eles determinados conceitos, mas também ditou as próprias palavras que eles empregaram. "... Porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana, entretanto homens (santos) falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo" (II Pedro 1:21). Qualquer "teoria" humana que pretenda negar a inspiração verbal das Escrituras é um artifício de Satanás, um ataque contra a Verdade Divina.
A imagem Divina se acha estampada em cada uma de suas páginas. Escritos tão santos, tão celestiais, tão profundamente criadores de temor não poderiam ser produzidos pelos homens. As Escrituras dão a conhecer um Deus Sobrenatural. Talvez essa seja uma observação perfeitamente óbvia; mas, hoje em dia, precisa ser feita. O "deus" no qual creem muitos cristãos professos está sendo por eles paganizado cada vez mais. O lugar proeminente que o "esporte" tem ocupado na vida da nação, o amor excessivo pelos prazeres, a abolição da vida doméstica, a descarada imodéstia das mulheres, são outros tantos sintomas da mesma enfermidade, que causou a queda e o desaparecimento de impérios como os da Babilônia, da Pérsia, da Grécia e de Roma.
E o conceito de Deus que se propaga neste nosso século XX pela maioria das pessoas de países nominalmente "cristãos" rapidamente se aproxima do caráter atribuído aos deuses da antiguidade. Em violento contraste com isso, o Deus das Santas Escrituras está revestido de tais perfeições, e está revestido de tais atributos que nenhum mero intelecto humano, poderia tê-los inventado. Deus só pode vir a ser conhecido por meio da Revelação Sobrenatural, sobre a Sua Própria Pessoa. À parte das Escrituras, é totalmente impossível, até mesmo a familiarização teórica com Deus.
Continua sendo Verdade que: "... O mundo não O conheceu, por sua própria sabedoria..." (I Coríntios 1:21). Em todos os lugares onde as Sagradas Escrituras são ignoradas, Deus é o: "... DEUS DESCONHECIDO". (Atos 17 :23).
Porém, algo mais do que apenas as Escrituras se requer, antes que a alma possa conhecer a Deus, antes que possa conhecê-Lo de forma real, pessoal e vital. Mas isso parece ser reconhecido, por bem poucos hoje em dia. A prática prevalecente dá a entender que, se pode obter o conhecimento de Deus, através do mero estudo da Bíblia, da mesma maneira que o conhecimento acerca da química pode ser obtido através do estudo de compêndios de química. O conhecimento intelectual de Deus, talvez possa ser obtido desta maneira; mas nunca o conhecimento espiritual. Pois, o Deus Sobrenatural só pode ser conhecido Sobrenaturalmente (isto é, de um modo superior àquilo que a mera natureza humana pode adquirir), ou seja, mediante a Revelação Sobrenatural do Próprio Deus ao coração humano. "Porque Deus que disse: De trevas resplandecerá luz –, ele mesmo resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo" (II Coríntios 4:6).
Aquele que já foi favorecido com essa experiência Sobrenatural já aprendeu que: "... Na Tua luz vemos a luz" (Salmos 36:9). Deus, só pode ser conhecido, através da Faculdade Sobrenatural. Isso Cristo deixou bem claro, ao dizer: "Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus" (João 3:3). Os indivíduos sem regeneração não têm qualquer conhecimento espiritual de Deus. "Ora, o homem natural não aceita as cousas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente" (I Coríntios 2:14).
A água, por si mesma, jamais se eleva acima de seu próprio nível. Assim também o homem natural é incapaz de perceber aquilo que transcende à mera natureza humana. No entanto, "... A vida eterna é esta: ‘que te conhecem a Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste’". (João 17:3). A Vida Eterna precisa ser outorgada, antes que se possa conhecer o "Verdadeiro Deus". Isso é afirmado claramente na passagem de I João 5:20: "Também sabemos que o Filho de Deus é vindo, e nos tem dada entendimento para reconhecermos o verdadeiro; e estamos no verdadeiro, em seu Filho Jesus Cristo...". Sim, o "Entendimento", um entendimento de natureza espiritual, por meio de Uma Nova Criação, precisa ser-nos dada, antes que possamos conhecer a Deus de maneira espiritual.
O conhecimento Sobrenatural de Deus, produz uma Experiência Sobrenatural, mas isso é algo para o que multidões de membros de igrejas são totalmente estranhos. A maior parte da "religiosidade" de nossa época é apenas um "Velho Adão" retocado. É meramente o adornar de sepulcros cheios de corrupção. É apenas uma formalidade "externa". E até nos casos onde há um credo saudável, com exagerada frequência tal ortodoxia é morta. E, também, não nos deveríamos admirar com tal estado de coisas. Sempre foi assim. Assim sucedia quando Cristo estava neste mundo. Os judeus eram muito ortodoxos. Naquela ocasião eles estavam isentos de idolatria. O templo permanecia de pé em Jerusalém, a Lei Mosaica era exposta, e o Senhor era adorado. No entanto, Cristo disse a respeito deles: "... Aquele que me enviou é Verdadeiro, aquele a quem vós não conheceis". (João 7:28). "Não Me conheceis a Mim nem a Meu Pai; se conhecêsseis a Mim, também conheceríeis a Meu Pai". (João 8:19). "... Quem Me glorifica é Meu Pai, o Qual vós dizeis que é vosso Deus, entretanto, vós não O tendes conhecido; eu, porém, O conheço. Se disser que não O conheço, serei como vós, mentiroso; mas eu O conheço e guardo a Sua palavra". (João 8:54,55).
E não nos olvidemos de que tudo isso foi dito, a um povo que tinha as Escrituras e que as rebuscavam diligentemente, venerando-as como a Palavra de Deus! (João 5:39). Teoricamente, pelo menos, estavam bem familiarizados com a ideia de Deus, mas não possuíam o conhecimento espiritual a Seu respeito. Assim como ocorria no mundo do judaísmo, assim também sucede na cristandade atual. Multidões que "acreditam" no Espírito Santo, são completamente despidas de conhecimento Sobrenatural ou Espiritual de Deus. E como podemos ter tanta certeza a esse respeito? Da seguinte maneira. O caráter do fruto, revela o caráter da árvore que o produz; a natureza da água dá a conhecer a natureza do manancial de onde ela flui. O conhecimento Sobrenatural de Deus, produz uma experiência Sobrenatural, e a experiência Sobrenatural resulta em Fruto Espiritual.
Isso equivale a dizer que, quando Deus vem realmente residir em um coração, aquela vida é sujeita a uma revolução, é transformada. E então, é produzido aquilo que a simples natureza não pode produzir, sim, aquilo que é diretamente contrário a essa natureza. Mas isso se faz notavelmente ausente nas vidas de talvez noventa e cinco, entre cada cem pessoas que atualmente professam serem filhos de Deus. Na vida dos cristãos professos comuns, nada existe que não possa ser explicado com base em questões naturais. No caso de um genuíno filho de Deus, a questão é totalmente diferente. Tal filho de Deus é, na verdade, um milagre da Graça Divina – ele é: "... Nova criatura..." (II Coríntios 5:17). Tanto a sua experiência como a sua vida são sobrenaturais.
A experiência Sobrenatural do crente, se vê em sua atitude para com Deus. Possuindo intimamente a Própria vida de Deus, ele se torna participante da "Natureza divina" (II Pedro 1:4), e necessariamente ama a Deus, ama aquilo que pertence a Deus, ama aquilo que Deus ama; e, por outro lado, abomina aquilo que Deus abomina. Essa experiência Sobrenatural é efetuada no crente, pelo Espírito de Deus, e isso por intermédio da Palavra de Deus. De fato, o Espírito nunca opera à parte da Palavra. É por meio dessa Palavra, que Ele revivifica. É por meio dessa Palavra, que Ele produz convicção de pecado. É por meio dessa Palavra, que Ele santifica. É por meio dessa Palavra, que Ele confere segurança. E é por meio dessa Palavra, que Ele faz o santo se desenvolver espiritualmente.
Desse modo, qualquer um de nós pode averiguar até que ponto, está tirando proveito de sua leitura e de seu estudo das Escrituras, mediante os efeitos que elas estão produzindo em nós, através da aplicação que delas faz o Espírito. Entremos em seguida nos pormenores. Aquele que se beneficia das Escrituras verdadeira e espiritualmente.
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