"Assim diz o Senhor: Ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas: qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para as vossas almas; mas eles dizem: não andaremos." Jeremias 6:16.
A TRISTE DECISÃO DO HOMEM:
Amigo leitor, vamos juntos observar o final deste verso. Não é um final feliz! Deveria ser em face da manifestação da riquíssima misericórdia do Senhor. A mensagem proferida pelo profeta não resultou em quebrantamento de coração e em vidas transformadas. Como podemos ver no capítulo dois, aquele povo trocou sua glória por aquilo que não tinha nenhum proveito (Jeremias 2:11); preferiram cavar cisternas rotas que não retém águas, do que simplesmente ir à fonte de água viva (2:13). Assim Deus descreve a rebelião daquele povo, que ouvindo a mensagem de juízo pela boca do profeta, endurecia seu coração para não acreditar que Deus realmente faria aquilo. Seus corações embrutecidos lhes tornaram estúpidos e incapazes de discernir bem as coisas. Notemos o que Deus diz no cap. 8:7: “Até a cegonha no céu conhece os seus tempos determinados; a rola e o grou, e a andorinha observam o tempo da sua arribação; mas o meu povo não conhece o juízo do Senhor”. O profeta pregou arrependimento; chamou o povo à conversão, que deixasse o caminho tortuoso e entrasse no bom caminho, a fim de achar descanso para suas almas. Porém, eis a resposta imediata: “Não andaremos”!
Se quisermos saber qual é a decisão natural do coração de cada ser humano em face do convite do evangelho da Graça, eis que a resposta será a mesma, em qualquer lugar e em qualquer ocasião: “Não andaremos”! Que coisa! Algo espantoso! Preferem continuar andando no perigosíssimo caminho rumo à perdição; preferem continuar na incerteza e insegurança; preferem o boi cevado que este mundo oferece no meio do ódio e outros perigos, do que o prato de hortaliças do amor eterno de Deus, amor provado em Cristo Jesus. Jeremias presenciou o que é a prepotência do orgulhoso coração humano ante a maravilhosa mensagem de misericórdia. O profeta foi orientado por Deus a pregar a toda classe social de Jerusalém. Pregou aos pobres e eles recusaram veementemente. Mas eis qual foi a conclusão do profeta: “Eu, porém, disse: Estes são uns pobres; são loucos, pois não sabem o caminho do Senhor, o juízo do seu Deus” (5:4). Jeremias achava que o problema da classe social menos favorecida era o fator ignorância. Imaginava que a reação contrária proveniente da pobreza era devido ao fato que eles não liam e porque estavam ocupados com suas necessidades materiais. O que o profeta decidiu? “Irei aos grandes e falarei com eles...” (5:5). Ele foi falar com os intelectuais de Jerusalém; com a classe alta daquela sociedade, mas qual foi resultado? “... mas estes, de comum acordo, quebraram o jugo e romperam as ataduras”. (5:5). O que significa isso? Eles se reuniram para tramar contra a lei de Deus, porquanto queriam pecar mais. Eles tinham dinheiro para gastar com suas maldades, portanto, nada de jugo da lei sobre seus ombros, nem “ataduras” dos mandamentos aprisionando suas mãos e bocas. Então, a decisão unânime de toda população de Jerusalém ante o convite de misericórdia foi: “Não andaremos”!
Amigo leitor, porventura a reação do homem, ante o convite misericordioso de Deus é o mesmo hoje? Será que os homens tornaram mais abertos para a verdade revelada? Será que é diferente com as outras nações quando ouvem a mensagem salvadora? O que podemos esperar da decisão natural de cada ser humano para com o evangelho bíblico? O que podemos esperar do ser humano quando é entregue aos seus próprios caprichos, e solto a gozar aquilo que ele chama de liberdade? Eles, à semelhança daqueles judeus, dirão ao convite de amor: “Não andaremos”?
A decisão natural do homem em relação ao caminho santo aparece bem definida no texto: “não andaremos”. Quão ignorantes somos em relação à condição do homem no pecado! Quão facilmente esquecemos dos ensinos bíblicos concernentes a atitude do homem em relação ao caminho de Deus! Enquanto as Escrituras afirmam que “Enganoso é o coração e desesperadamente corrupto...” (Jeremias 17:9), no íntimo recusamos veementemente acreditar nessa verdade revelada por Aquele que sonda e conhece as cogitações profundas do coração. Ocupamo-nos demasiadamente com superficialidades da natureza humana; não raro vemos o ser humano como vítima da situação em que se encontra e culpamos a Deus pelo desastre do pecado. O rei Davi ficou cercado pelos aparatos lisonjeiros da iniqüidade quando se dispôs a deitar com a mulher de Urias, seu fiel soldado (2 Samuel 11). Mas, quando foi descoberto, imediatamente percebeu a loucura da sua decisão, humilhou-se e correu para obter misericórdia do Senhor, como nos é narrado no Salmo 51. Foi na presença do trono de misericórdia que confessou sua iníqua condição: “Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Salmo 51:5).
Enquanto estiverem caminhando pelo perigoso caminho largo, os homens no pecado estarão sempre dizendo a Deus: “Não andaremos em teu caminho; não toleramos o teu reinado em nosso viver; não temos qualquer prazer pelos teus ensinos e nem aceitamos as tuas regras; acreditaremos sempre em nossos deuses, pois já experimentamos que eles cuidam de nós; anelamos continuar seguindo nossas paixões e não acreditamos que haverá qualquer juízo”. Eles podem até falar de Deus; sentir grandes emoções religiosas e, até mesmo terão aparência de piedade cristã, mas o fato é que em seus atos e pensamentos provarão que seus caminhos não são os caminhos do Senhor, e seus pensamentos não são os pensamentos do Senhor (Isaías 55:8). Os homens são extremamente religiosos em suas veredas malignas; acham que podem manipular Deus; crêem que passam despercebidos aos olhos soberanos do Senhor. Balaão estava convicto que era um profeta do Senhor, até que pode cheirar de perto a tentadora oferta de ficar milionário, se somente amaldiçoasse o povo de Deus (Números 22). Seu caminho foi provado ser o caminho tortuoso de um avarento, amante dos prazeres. Aquele homem foi a Jesus querendo saber como poderia herdar o reino de Deus (Lucas 18:18). Foi só tocar no seu ídolo secreto que era sua riqueza, para descobrir que na prática estava dizendo “não andarei pelo teu caminho”.
Prezado leitor, qual é a vereda pela qual você está andando? Saulo de Tarso era um inimitável religioso; achava que seu caminho era o caminho certo de verdadeira justiça, porquanto fazia tudo que era ordenado conforme a severidade da religião dos fariseus. Quando ficou prostrado aos pés do Rei da Glória como um verme, pode reconhecer que descia rumo à perdição, num caminho que aos seus olhos parecia direito. É muito aprazível o caminho da perdição! A decisão do homem é por esse caminho desde seu nascimento (Salmo 58:3). Afinal, quem decide pelo caminho bom? O que a Bíblia fala a respeito do curso natural do ser humano no pecado? Eis a resposta: “Em seus caminhos há destruição e miséria e não conheceram o caminho da paz” (Romanos 3:16-17).
O propósito desta mensagem é realçar a misericórdia do Senhor em face da rebeldia do homem. Estaremos ocupados com tal verdade na próxima lição.
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