SPURGEON
“Quem os condenará? Pois é Cristo quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós.” (Romanos
8:34)
O mais aterrorizante alarme, capaz de perturbar um homem sensato, é o medo de ser condenado pelo Juiz de Todos. Ser condenado por Deus, quão aterrorizante! Ser condenado por Ele no Último Grande Dia, quão terrível! Certamente, como relaxaram as juntas dos lombos de Belsazar ao ver os escritos na parede condenarem-no ao ser ele pesado e achado em falta!
E bem poderia a consciência de um condenado ser comparada a um pequeno inferno quando, ao menor julgamento, a Lei pronuncia sentença sobre ele por conta de seu passado. Não conheço maior angústia do que aquela causada pela suspeita de condenação na mente do Crente. Não tememos tribulação, mas tememos condenação. Não nos envergonha sermos erroneamente condenados por homens, mas a mera idéia de sermos condenados por Deus nos traz, como a Moisés, ―excessivo temor e tremo. A mera possibilidade de sermos achado s culpados no grande tribunal de Deus é tão alarmante a nós que não podemos descansar até que a vejamos removida. Quando Paulo oferece uma amorosa e grata oração por Onesíforo, não poderia pedir por ele nada mais do que, ―que O Senhor conceda que ele encontre misericórdia naquele dia.
Contudo, apesar de ser a condenação o mais fatal dos males, o Apóstolo Paulo, no santo ardor de sua fé ousa perguntar, ―Quem os condenará? Ele desafia terra e inferno e Céu! Na justificável ousadia de sua confiança no sangue e justiça de Jesus Cristo, ele olha para a excelente Glória e para o Trono do Deus que é ―Santo, Santo, Santo, e mesmo em Sua Presença, diante de quem nem os Céus são puros, o qual a seus anjos atribui imperfeições, ele ousa dizer , ―Quem os condenará?”
De que maneira Paulo, que possuía uma tenra e sensível consciência, pode ser tão completamente livre de todo medo da condenação? Certamente não foi por qualquer aspecto da enormidade do pecado. Dentre todos os autores que falaram da perversidade do pecado, nenhum a censurou com maior veemência, ou lamentou por ela com maior sinceridade do fundo de sua alma, do que o Apóstolo Paulo. Ele declara ser o pecado algo excessivamente maligno. Você nunca o vê sugerindo desculpas ou extenuantes. Ele não abranda o pecado e nem suas conseqüências. Ele é bastante claro quando fala do salário do pecado e do que sobrevém como consequência de iniquidade. Ele não buscou aquela falsa paz que vem de considerar transgressão como uma insignificância. Na verdade, ele era um grande demolidor de tais refúgios de mentira. Tenha certeza, caro ouvinte, que você nunca alcançará uma fundamentada libertação do medo da condenação tentando fazer seus pecados parecerem pequenos. Este não é o caminho – é muito melhor sentir o peso do pecado até ter sua alma esmagada do que se livrar do fardo com presunção e dureza de coração. Nossos pecados são condenáveis e irão condenar você a menos que sejam expiados pela grande Oferta pelo Pecado!
O Apóstolo também não calou seus medos por confiar em nada que ele mesmo houvesse sentido ou feito. Leia a passagem toda e você não encontrará qualquer alusão a ele mesmo. Se ele está certo de que ninguém pode condená-lo, não é porque ele foi o Apóstolo dos Gentios, nem porque ele sofreu muitas lutas e suportou muito por Cristo. Ele não faz sequer uma insinuação de ter obtido paz por meio de qualquer dessas coisas – mas no humilde espírito de um verdadeiro crente em
Jesus ele constrói sua esperança de segurança na obra de seu Salvador! Todas as suas razões para regozijar-se na não-condenação estão na morte, ressurreição, poder e intercessão de seu bendito Substituto! Ele olha para fora de si mesmo, onde ele poderia ver mil razões para condenação, para Jesus, no qual a condenação torna-se impossível. E então, em exultante confiança, ele levanta o desafio, ―Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?” Ele ousa demandar de homens e anjos e diabos, sim, do próprio Grande Juiz, ―Quem os condenará?
Agora, uma vez que não é uma coisa incomum que cristãos em um estado mental fraco, exercitados pelas dúvidas e assediados por cuidados, venham a sentir a fria sombra da condenação arrepiando seus espíritos, eis o que eu falaria a tais, na esperança que o bom Espírito possa confortar seus corações: Caro filho de Deus, você não deve viver sob o medo da condenação, pois "não há, portanto, agora, nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus", e Deus não quer você temendo algo que jamais poderá te atingir. Se você não é um cristão, não demore a escapar da condenação apegando-se a Cristo Jesus.
Mas se você, de fato, creu no Senhor Jesus, não está debaixo de condenação e jamais poderá estar – nem nesta vida nem naquela que está por vir! Deixe-me ajudá-lo, refrigerando sua memória com essas preciosas Verdades de Deus, acerca de Cristo, as quais mostram que os Crentes estão limpos diante do Senhor. Que o Espírito Santo possa aplicá-las às suas almas e dar-lhes descanso.
I. Primeiramente, você, como crente, não pode ser condenado porque CRISTO MORREU. O crente tem a Cristo por seu Substituto e, sobre esse Substituto seu pecado foi colocado. O Senhor Jesus foi feito pecado por Seu povo. ―”O Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos”. “Ele levou sobre Si o pecado de muitos”. Agora, nosso Senhor Jesus Cristo, pela Sua morte sofreu a penalidade do nosso pecado, e satisfez a Justiça Divina. Observe-se, então, o conforto que isso nos traz. Se o Senhor Jesus foi condenado por nós, como podemos ser condenados? Enquanto Justiça sobrevive nos Céus e a Misericórdia reina na terra, não é possível que uma alma que já tenha sido condenada em Cristo seja também condenada em si mesma!
Se o castigo foi atribuído ao substituto, não é coerente com a Misericórdia, nem com a Justiça que a pena deva, pela segunda vez, ser executada. A morte de Cristo é fundamento totalmente suficiente para confiança de todo homem que crê em Jesus. Ele pode saber com certeza que seu pecado é perdoado e sua iniquidade é coberta. Fixe seus olhos no fato de que você tem um Substituto que suportou a Ira Divina em seu lugar, e você não conhecerá medo de condenação –
“Jeová levantou Sua vara de correção –
Oh Cristo, ela recaiu sobre Ti!
Tu foste golpeado em ferida por Seu Deus;
Não há mais qualquer ferida para mim.”
Observem queridos Irmãos e Irmãs, quem foi que morreu, pois isso irá ajudá-los. Cristo Jesus, o Filho de Deus, morreu! O Justo pelos injustos. Aquele que foi seu Salvador não era um mero homem. Aqueles que negam a Divindade de Cristo são consistentes ao rejeitarem a Expiação. Não é possível manter uma adequada propiciação substitutiva pelo pecado, a menos que afirmem que Cristo era Deus. Mesmo sendo possível que um homem sofra por outrem, os sofrimentos de um homem não trariam proveito para dez mil vezes dez mil homens. Que eficácia poderia haver na morte de um inocente para afastar as transgressões de uma multidão? Não, mas porque Aquele que levou os nossos pecados até o madeiro era Deus sobre todos, bendito para sempre – porque Aquele que sofreu ao ter seus pés fixados à madeira era ninguém menos que o Verbo, que estava no princípio com Deus, e que também era Deus – porque Aquele que inclinou a cabeça para morrer era ninguém menos que o Cristo, que é Imortalidade e Vida, Sua
morte teve eficácia nEle para tirar os pecados de todos aqueles por quem Ele morreu!
Quando penso no meu Redentor e me lembro que Ele é Deus, Ele mesmo é Deus, eu sinto que, se Ele tomou minha natureza e morreu, então, de fato, o meu pecado se foi. Eu posso descansar nisso. Tenho certeza que, se Aquele que é Infinito e Onipotente ofereceu uma satisfação por meus pecados eu não preciso questionar a suficiência da Expiação pois, quem se atreve a sequer sugerir um limite ao seu poder? O que Jesus fez e sofreu certamente tem valor equivalente a qualquer contingência. Fossem meus pecados ainda maiores do que eles são, Seu sangue poderia torná-los mais brancos que a neve. Se Deus Encarnado morreu em meu lugar, minhas iniquidades são purificadas. Mais uma vez, lembre-se de quem foi aquele que morreu, e veja-O de uma outra forma. Foi Cristo, que traduzido significa "O Ungido." Aquele que veio para nos salvar não veio sem ser enviado ou sem ser comissionado. Ele veio pela vontade de Seu Pai, dizendo: "Eis que Eu vim, as Escrituras falam sobre Mim, tenho prazer em fazer a Tua vontade, ó Deus." Ele veio pelo poder do Pai, "pois Ele, Deus propôs como propiciação pelos nossos pecados." Ele veio com a unção do Pai, dizendo: "O Espírito do Senhor está sobre mim.” Ele era o Messias, enviado de Deus. O cristão não precisa ter medo da condenação quando ele percebe que Cristo morreu por ele, porque o próprio Deus nomeou Cristo para morrer. E se Deus desenvolveu o plano de substituição e nomeou o Substituto, ninguém há que possa repudiar a obra vicária. Mesmo se não pudéssemos falar, como temos falado, sobre a Pessoa gloriosa do nosso Senhor, ainda assim, se a Soberania e Sabedoria Divinas houvessem eleito alguém como Cristo para levar nossos pecados, podemos aceitar essa escolha de Deus e descansar contentes com aquilo que contenta ao Senhor. Mais uma vez, Crente, o pecado não pode condená-lo porque Cristo morreu. Seus sofrimentos, não
tenha dúvida, foram vicários muito antes de ter ido Ele para a Cruz, mas, ainda assim, a substância da pena devida ao pecado era a morte, e foi quando Jesus morreu que Ele terminou com a transgressão, pôs um fim ao pecado e trouxe Justiça eterna.
A Lei não poderia ir além de sua própria sentença capital, que é a morte – este foi o castigo terrível pronunciado no jardim "No dia em que dela comerdes, certamente morrerás." Cristo morreu fisicamente, com todos os concomitantes de ignomínia e dor, e Sua morte interior, que era a parte mais amarga da sentença; teve que deparar-se com a perda do Semblante de Seu Pai e um horror indescritível. Ele desceu à sepultura e por três dias e três noites ele dormia dentro do túmulo, verdadeiramente morto.
Aqui está o nosso regozijo – nosso Senhor sofreu a penalidade extrema e deu sangue por sangue, e vida por vida. Ele pagou tudo o que era devido, pois Ele pagou Sua vida. Ele deu a si mesmo por nós e levou nossos pecados em Seu corpo sobre o madeiro, assim, Sua morte é a morte de nossos pecados. "É Cristo que morreu." Não falo sobre essas coisas com os floreios de palavras, dou-lhe nada mais que a pura doutrina. Que o Espírito de Deus aplique essas verdades às vossas almas e vereis que nenhuma condenação pode haver para aqueles que estão em Cristo! É bem certo, Amado, que a morte de Cristo foi necessariamente eficaz
para a remoção dos pecados que foram colocados sobre Ele. Não é concebível que Cristo tenha morrido em vão – quero dizer, não concebível sem blasfêmia – e eu tenho esperança que não desçamos a isso! Ele foi apontado por Deus para levar os pecados de muitos e, embora fosse Deus Ele mesmo, ainda assim, Ele veio ao mundo e tomou sobre Si a forma de um Servo e carregou esses pecados, não meramente na tristeza, mas na própria morte. E não é possível que Ele viesse a ser derrotado ou decepcionado em Seu propósito. Nem mesmo em um ―i ou til do intento da morte de Cristo será frustrado!
Jesus há de ver o penoso trabalho de Sua alma e ficará satisfeito. Aquilo que Ele estava destinado a fazer ao morrer será feito e Ele não derramou Seu sangue sobre o chão em desperdício, em nenhuma medida ou sentido. Portanto, se Jesus morreu por você, nisto permanece este seguro argumento – que uma vez que Ele não morreu em vão, você não há de perecer. Ele sofreu e você não há de sofrer. Ele foi condenado e você não há de ser condenado. Ele morreu por você e agora Ele te promete - “Porque eu vivo, vós também vivereis”.
II. O Apóstolo prossegue para um segundo argumento, o qual ele reforça com a palavra ―ante ―Foi Cristo que morreu, ou antes, QUE RESSUCITO U. Não creio que damos o suficiente peso para este ― antes.1. A morte de Cristo é o firme fundamento para todo o conforto, mas não devemos deixar passar o fato de que a Ressurreição de Cristo é considerada pelo apóstolo como um conforto ainda mais rico do que Sua morte - ―ou antes, que ressuscitou‖ - Como nós podemos obter mais conforto da Ressurreição de Cristo do que se Sua morte, se por intermédio de Sua morte ganhamos suficiente fundamento para nossa
consolação? Eu respondo, porque a Ressurreição de nosso Senhor evidencia Sua total liberação de todo o pecado que foi sobre Ele colocado. Uma mulher está atolada em dívidas. Como poderá ela ser liberada de suas obrigações? Um amigo, por conta de seu grande amor por ela, casa-se com ela. Assim que é terminada a realização da cerimônia do casamento então ela está, por este simples ato, livre de suas dívidas porque suas dívidas são de seu marido e, ao tomá-la, ele toma todas as suas obrigações. Ela pode sentir conforto ao pensar sobre isso, mas ela está muito mais tranqüila quando seu amado vai até seus credores,
paga tudo e lhe traz os recibos. Primeiro ela é confortada pelo casamento, o qual legalmente a libera da obrigação – mas muito mais ela está em descanso quando seu marido está, ele mesmo, livre de toda a obrigação que ele assumiu.
Nosso Senhor Jesus tomou nossas dívidas – na morte Ele as pagou e na Ressurreição Ele apagou os registros. Ele retirou até o último vestígio da dívida contra nós, pois a Ressurreição de Cristo foi a declaração do Pai que Ele estava satisfeito com a Expiação do Filho. Como o autor do hino coloca – “O Senhor ressuscitou, verdadeiramente, Então a Justiça nada mais requer. Misericórdia e Verdade agora estão de acordo As quais antes se opunham.” Em sua prisão no túmulo, o Penhor e Fiador de nossas almas estaria confinado até o dia de hoje se a satisfação que Ele ofereceu não houvesse sido satisfatória a Deus. Mas sendo totalmente aceita, Ele foi liberto das amarras e todo o Seu povo, assim justificado. ―Quem os condenará? Cristo ressuscitou.”
Note ainda que a Ressurreição de Cristo indicou nossa aceitação por Deus. Quando Deus o ressuscitou dentre os mortos, dessa forma deu testemunho que Ele havia aceito a obra de Cristo, mas a aceitação de nosso Representante é a aceitação de nós mesmos. Quando o
embaixador da França foi enviado para fora da Corte da Prússia, isto significou que guerra foi declarada, e quando o embaixador foi novamente recebido, a paz foi restabelecida.2 Quando Jesus foi de tal forma aceito por Deus que Ele, o Substituto de Seu povo, ressurgiu dos mortos, todos nós que cremos Nele também fomos aceitos por Deus, pois o que foi feito a Jesus foi, em efeito, feito a todos os membros de Seu corpo místico. Com Ele somos crucificados. Com Ele fomos sepultados. Com Ele ressurgimos e em Sua aceitação somos aceitos.
Sua Ressurreição também não indicou que Ele havia passado por toda a penalidade e que Sua morte foi suficiente? Cogite por um momento que mais de 1800 anos passaram e que Ele ainda dormisse na tumba. Em tal caso, poderíamos ter sido conduzidos a crer que Deus aceitou o Sacrifício substitutivo de Cristo e finalmente iria ressuscitá-Lo dos mortos, mas nós teríamos nossos temores. Porem, agora possuímos diante de nossos olhos um sinal e testemunho tão consolador quanto o arco-íris no dia de chuva, pois Jesus é ressurreto e está claro que a Lei não pode requerer nada mais Dele. Ele vive, agora, por uma nova vida e
a Lei não tem mais qualquer pretensão contra Ele. Aquele contra quem as alegações foram feitas morreu. Sua vida presente não é aquela contra qual a Lei pode fazer alegação. Assim conosco agora – a Lei possuía alegações contra nós uma vez, mas nós somos novas criaturas em Cristo Jesus, participamos na Vida da Ressurreição de Cristo e a Lei não pode exigir penalidades de nossa nova vida. A semente incorruptível dentro de nós não pecou, pois é
nascida de Deus. A Lei não pode condenar-nos, pois morremos para ela em Cristo e estamos além da jurisdição dela. Eu deixo para vocês esta bendita consolação! Seu Fiador retirou as queixas da sua dívida e, sendo justificado no Espírito ressurgiu da tumba. Não coloquem um
fardo sobre vocês mesmos por sua falta de crer! Não aflijam a consciência de vocês com obras mortas, antes, voltem-se para a Cruz de Cristo e busquem uma reavivada consciência de perdão através da lavagem do sangue.
III. Preciso agora passar ao terceiro ponto sobre o qual o Apóstolo insiste. ―ELE MESMO ESTÁ À DESTRA DE DEUS. Tenha em mente que o que Jesus é, Seu povo é, pois eles são um com Ele. Sua condição e posição são típicas deles mesmos. ―Ele mesmo está à destra de Deus. Isto significa amor, pois a mão direita é para o Amado. Isto significa aceitação. Quem se sentará à destra de Deus senão aquele que é querido por Deus? Isto significa honra. A qual dos anjos Ele deu permissão para sentar-se a Sua mão direita? Poder também está
implícito! De nenhum querubim ou serafim pode-se dizer que esteja à destra de Deus. Cristo, então, que uma vez sofreu na carne está, em amor, aceitação, honra e poder, à destra de Deus. Você vê a força, então, da pergunta, ―quem os condenará? Isso pode ser demonstrado de uma dupla maneira. ―Quem pode condenar-me quando eu tenho tal Amigo na corte? Quando meu Representante senta-se perto de Deus, como posso eu ser condenado?‖ Porém, ainda, estou onde Ele está, pois está escrito, ―e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus. Podemos supor ser possível condenar
alguém que já está à destra de Deus? A mão direita de Deus é um lugar tão próximo, tão eminente, que ninguém poderia sequer imaginar um adversário trazendo qualquer acusação contra nós ali!
Contudo, ali o crente está em seu Representante! Quem ousaria acusá-lo? Ele foi colocado à porta de Hamã, como seu pior crime, que havia buscado ele causar a morte da própria rainha Ester, tão querida no coração do rei. E meu inimigo irá condenar ou destruir aqueles que são muito mais preciosos a Deus que jamais foi Ester a Assuero, pois eles sentam-se à Sua mão direita, vital e indissoluvelmente unidos a Jesus? Suponha que você estivesse literalmente à mão direita de Deus, teria você, então, qualquer medo de ser condenado? Você pensa que os espíritos que brilham diante da Verdade de Deus possuem qualquer temor de serem condenados, embora eles tenham sido um dia pecadores como você mesmo foi? ―Não, você dirá, ―Eu teria perfeita confiança se eu estivesse lá. E você está lá, através de seu Representante! Se você pensa que não está, eu lhe perguntarei o seguinte, ―quem nos separará do amor de Cristo?” Está Cristo dividido? Se você é um Crente, você é um com Ele e os membros devem estar onde a Cabeça está. Até que condenem a Cabeça, os
membros não podem ser condenados! Isto está claro? Se você está à destra de Deus em Cristo Jesus, quem o condenará? Deixe que tentem condenar os exércitos em vestes brancas que perpetuamente circulam o Trono de Deus e depositam coroas aos Seus pés. Deixe que tentem, eu digo, antes que tragam qualquer acusação ao pior dos Crentes em Cristo Jesus!
IV. A última palavra que o Apóstolo nos dá é a seguinte, ―E TAMBÉM INTERCEDE POR NÓS. Esta é outra razão porque medo de condenação jamais deveria passar pelas nossas mentes se é que já, verdadeiramente, confiamos nossas almas a Cristo, pois se Jesus intercede por nós, Ele certamente, em algum ponto, intercede para que jamais sejamos condenados. Ele não direcionaria Sua intercessão a questões menores e deixaria questões de maior importância passarem desapercebidas! ―Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste‖, inclui que eles sejam perdoados de todos os seus pecados, pois eles não poderiam estar neste lugar se seus pecados não fossem perdoados. Tenha certeza que um Salvador intercessor assegura a absolvição de Seu povo. Reflita que a intercessão de nosso Senhor deve prevalecer.
Não é possível supor que Cristo peça algo em vão. Ele não é um humilde suplicante à distância, o qual com lamentos e suspiros pede por aquilo que Ele não merece. No entanto, vestido com a couraça, brilhando com as jóias que levam os nomes daqueles que são Dele, e
trazendo Seu próprio sangue como uma infinitamente satisfatória expiação ao Trono da Misericórdia de Deus, Ele pleiteia com autoridade inquestionável. Se o sangue de Abel, clamando da terra, foi ouvido nos Céus e trouxe vingança, muito mais o sangue de Cristo que fala de dentro do véu, assegurará o perdão e a salvação de Seu povo! O apelo de Jesus é incontestável e não pode ser colocado de lado. Eis o que Ele roga - ―Eu sofri no lugar deste homem. Pode a infinita Justiça de Deus negar tal apelo? ―Por Sua vontade, ó Deus, eu entreguei a Mim mesmo como Substituto por estes, Meu povo. Não lançarias fora o pecado daqueles pelos quais eu me levantei?‖ Não é este um apelo bom o suficiente? Existe um Pacto de Deus para isso. Há promessa de Deus para isso. E a honra de Deus está envolvida de modo que quando Jesus roga, não é somente a dignidade de Sua Pessoa que tem peso, e o amor que Deus tem por Seu Unigênito, o qual tem igual peso, mas também Seu clamor é irresistível e Sua intercessão é Onipotente!
Quão seguro está o cristão uma vez que Jesus vive sempre a interceder por ele? Já entreguei a mim mesmo às Suas preciosas mãos? Então, que jamais eu venha a desonrá-Lo tanto ao deixar de confiar Nele. Eu realmente confio que Ele morreu, ressuscitou, sentou-se à direita do Pai e que roga por mim? Posso eu permitir-me a indulgir em uma solitária suspeita? Então, meu Pai, perdoe essa grande ofensa e ajuda Seu servo, por meio de maior confiança em fé, a regozijar-se em Cristo Jesus e dizer, ―portanto já não há condenação.”
Prossigam então, vocês que amam a Cristo, e descansam Nele, com o sabor dessa doce doutrina em seus corações! Mas, Oh, você que não confiou em Cristo, existe presente condenação para você! Você já está condenado porque você não creu no Filho de Deus! E existe futura condenação para você, pois o dia vem, um terrível dia, quando os ímpios serão como palha no fogo da ira de Jeová! A hora vem depressa, quando O Senhor fará do Juízo a régua e da Justiça o prumo e varrerá os refúgios da mentira. Venha, pobre alma, venha e confie Naquele que foi crucificado e você viverá! E conosco você há de se regozijar em que
ninguém pode condená-lo.
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