quinta-feira, 3 de maio de 2012

O PERSEGUIDOR IMPLACÁVEL (8 de 16)



Mas se não fizerdes assim, estareis pecando contra o Senhor; e estai certos de que o vosso pecado vos há de achar” (Número 32:23).
         Prezado leitor, quão terrível é esse perseguidor chamado pecado! Não esqueçamos que somos descendentes de Adão e caímos juntamente no Éden; que nossa natureza é igual à de todos e que por isso carecemos da misericórdia do Alto. Como o pecado no íntimo foi um terrível perseguidor na vida de Saul certamente nos chama a atenção. Qual foi o pecado que coroou seu caminho tortuoso e marcou seu trágico destino? Foi seu coração incrédulo, que claramente desprezava o Deus de Israel. Era exatamente o homem segundo o coração democrático, mas longe estava de ser segundo o coração de Deus. Era extremamente ocupado com aquilo que o povo pensava dele, seus sentimentos eram horizontais; sua sabedoria estava encravada nesse sistema mundano visto abaixo do sol. Não podia dirigir a nação de Israel; não tinha a qualificação espiritual para reger o povo escolhido e pautar as leis santas do Senhor.
         Em todas as atividades desse homem escolhido pelo povo vemos sua determinação em desobedecer a Deus. A religião de Saul era semelhante à de Caim, porque seu deus era ele mesmo. O cap. 13 de 1Samuel relata sua atitude obstinada em tomar a frente e oferecer sacrifício por si mesmo: “Então disse Saul: Trazei-me aqui um holocausto, e ofertas pacíficas. E ofereceu o holocausto” (13:9). Aparentemente parecia algo espiritual, mas era o coração rebelde contra Deus, querendo fazer o que queria. Não lhe era permitido oferecer holocausto, porquanto era uma atividade sacerdotal. Naquele momento seu culto era aos demônios, algo produzido por um coração supersticioso, por isso fora repreendido por Samuel e de antemão posto fora (1Samuel 13:13). Deus anunciou por boca de Samuel que já havia ungido outro para ocupar o lugar de Saul. Doravante Saul seria usado não mais como rei, mas sim como um instrumento para disciplinar e fortalecer a vida de Davi, o homem segundo o coração de Deus.
         Vamos agora para o relato do impressionante cap. 15 de 1Samuel. Essa narrativa só pode ser considerada e temida por corações que crêem no Deus da bíblia. Homens mundanos terão dó de Saul e dos Amalequitas, mas os homens santificados terão em seus corações o zelo que não houve em Saul. A ordem divina veio a Saul para eliminar da face da terra o povo amalequita. Os amalequitas eram um povo nômade, descendente de Amaleque, neto de Saul, príncipe de Edom. Eles tinham um ódio tremendo de Israel e isso foi provado quando negou dá água e pão para o povo de Deus quando caminhava pelo deserto, rumo a Canaã, pelo contrário, foram covardes e dispuseram em atacar Israel, aproveitando a fraqueza do povo de Deus, não fosse a presença de Deus o frágil povo de Israel teria sido massacrado pelos amalequitas. Depois da vitória de Israel veio o decreto de Deus contra os amalequitas: “... eu hei de riscar totalmente a memória de Amaleque de debaixo do céu” (Êxodo 17:14).
         Tendo este pano de fundo é que voltaremos para uma melhor consideração da ordem dada por Deus a Saul: “Vai, pois, agora e fere a Amaleque, e o destrói totalmente com tudo o que tiver; não o poupes, porém matarás homens e mulheres, meninos e crianças de peito, bois e ovelhas, camelos e jumentos” (1 Samuel 15:3). A ordem veio do Supremo Deus; do Rei da glória para um súdito;  do Senhor para um servo. Mas, o perverso coração de Saul não era de um súdito, nem tampouco de um servo. No íntimo Ele, Saul era o rei, Deus era o servo; a glória era de Saul, não do Senhor. A oportunidade agora era para elevar, não o Nome do Deus de Israel, mas sim de Saul, o homem escolhido pelo povo. Este era a autoridade suprema que passou a desafiar o trono celestial.
               Prezado amigo, não é essa a atitude dos homens no pecado? Acham que podem desafiar a Deus; acham que podem sobrepujar a glória Dele; acham que podem anular o juízo; acham que podem impedir Seus atos gloriosos. “Sabei que o vosso pecado vos há de achar”. Ainda há tempo para o homem se humilhar perante o Rei da glória!
         Prezado leitor, que os olhos da alma sejam abertos com as preciosas revelações da Palavra de Deus! Não esqueçamos que não somos diferentes daqueles homens e mulheres cujas vidas estão relatadas nas Escrituras. O mesmo pecado daquele tempo é o que opera hoje; sua força é a mesma; seu domínio é total e seus efeitos são aterrorizantes. Carecemos do temor de Deus em nossos corações, porquanto o orgulho do pecado tem tornado os corações endurecidos e impulsionado os homens às práticas perversas.
         Voltemos à vida do rei Saul. O cap. 15 relata o acontecimento mais dramático do seu reino. O que parecia suprema vitória foi na realidade a mais fragorosa demonstração de humilhante derrota para aquele altivo rei. Por quê? Não há um teste de espiritualidade maior do que obedecer zelosamente às ordens de Deus. Apagar todos os amalequitas da face da terra e destruir tudo o que representava suas possessões era algo para ser feito caprichosamente. A ira de Deus fumegava anos a fio contra aquela nação e na agenda divina a data marcada era aquela. Era chegado o Dia do Senhor contra aquele povo perverso e Saul carregava consigo o privilégio de honrar o reino celestial cumprindo com responsabilidade item por item.          Aparentemente parecia que houve uma esplêndida vitória e que Saul tinha cumprido todas as ordenanças de Deus. O que ele fez de errado? Ele simplesmente tomou a guerra para si, como sendo sua e não de Deus. Ao fazer isso revelou a perversidade alojada em seu coração. Notemos o seu caminho no qual desonrou a Deus. Primeiramente Saul deixou vivo Agague, o rei dos amalequitas, por quê? Porque queria mostrar ao povo seu triunfo de guerra, e por detrás de tudo isso tinha o infame propósito de dar vida a um inimigo de Deus.
         Em segundo lugar, Saul tentou ludibriar Deus religiosamente. O que ele fez? Tomou todo gado para si, alegando posteriormente que tinha como propósito oferecer sacrifícios ao Senhor. Mentiroso! Frustrada tentativa de engambelar Deus com sacrifícios. Em terceiro lugar mostrou em seu regresso que tinha em mira apresentar ao povo seu nome, pois: “... e eis que levantou para si numa coluna...” (1 Samuel 15:12). Sua chegada foi maravilhosa, ruidosa e vitoriosa aos olhos do povo, mas não aos olhos de Deus. Aquele que fora enviado para julgar, punir um povo que se achava debaixo do furor da Ira divina, agora está debaixo da punição. Eis as palavras do Senhor: “Arrependo-me de haver posto a Saul como rei; porquanto deixou de me seguir, e não cumpriu as minhas palavras” (15:11).
         Saul foi pego na rebelião do seu coração, na ousadia de tomar para si a glória que pertence ao Deus de Israel. Como escapar de Deus? Como fugir da radiante luz da verdade? Todas as suas palavras saem de sua boca, não como confissão; foi pego tentando jogar a culpa sobre seus soldados e precisou presenciar o profeta matando Agague para mostrar sua gritante falha em não obedecer a Deus. O culto que ele achava que oferecia a Deus não era culto. O culto verdadeiro parte de um coração obediente. Veja o que Samuel fala: “...Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à voz do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar...” (verso 22). Agora chega a vez de Saul saber a quem oferecia ele o culto: ”Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria e a obstinação é como a idolatria e culto a ídolos do lar...”(verso23).
         Saul brincou com a Palavra de Deus, por isso seu foi visitado em seu pecado. De agora em diante a jornada daquele homem é de ciúmes, invejas e perversidades: “Sabei que o vosso pecado vos há de achar”. Saul nunca se arrependeu, porque o arrependimento vem de Deus. Meu amigo, que momento para um grande quebrantamento! Que momento para humilhação perante o Deus que se revelou nas Escrituras! Que momento para sincera confissão e entrega humilde ao Senhor Jesus!

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