quarta-feira, 23 de maio de 2012

A TRISTE DECISÃO DO PECADOR (10)



"Assim diz o Senhor: Ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas: qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para as vossas almas; mas eles dizem: não andaremos." Jeremias 6:16.
A BENÇÃO DESSE CAMINHO (primeira)
         Chamo a atenção para o enfoque que é dado neste verso acerca da misericórdia do Senhor. A ira de Jeová pairava como uma nuvem pesada de água sobre aquela nação rebelde, e Ele já poderia ter exterminado aquele povo que frontalmente desafiava a Sua Palavra. Em toda extensão do livro de Jeremias percebemos que a disposição revoltosa contra Deus estava sobre toda sociedade judaica, ricos e pobres. Mas mesmo assim eis que brilha a compaixão do Senhor em cada palavra de advertência que parte da voz profética. Sendo assim, como podemos ignorar aquilo que é de mais precioso? Não é preciso que tomemos cada gotejar do imensurável amor de Deus a fim de torná-lo conhecido aos pecadores?
         Temos procurado realçar as gloriosas veredas antigas, pois o Senhor está mostrando aos pecadores que não há outro meio. Só têm dois caminhos, um desce outro sobe; um conduz à perdição, outro à vida eterna; por um transita a multidão atraída pelas promessas tentadoras do pai da mentira, por outro seguem aqueles que foram atraídos pela misericórdia salvadora do Senhor.
         Nesta meditação procurarei destacar a bênção desse caminho que leva à glória eterna. Obviamente, o mundo e o tentador cercam a alma com todo tipo de bombardeios da mentira contra o santo caminho. Nada deste mundo favorece a conversão do pecador; tudo diz não! Tudo aqui favorece o descer rumo à destruição; a correnteza facilmente leva o barco desta breve vida rumo à miséria eterna; o mundo religioso promove e oferece paz e segurança; o líder invisível promete prazer, prosperidade e alegria; a alma é cercada de favores dos corações mundanos; satanás acende candeias ao longo dessa estrada escura para trazer algum facho de esperança e de dias melhores.
         Diante dessa triste realidade, digo e afirmo que não há absolutamente nada nesta vida que sequer favoreça a vontade de pisar pela estrada estreita, a não ser que a misericórdia do Alto venha atrair o pecador. Vou tentar ser bem persuasivo em expor esses fatos. Não há qualquer religião capaz de abrir os olhos do pecador para que ele possa ver as bênçãos das antigas veredas. Não há argumento humano; não há oração; não há culto, nem apelo às emoções. Às vezes há um lampejo de aparente conversão, mas os dias mostram que não passou de ser euforia carnal. A falsa conversão tropeça ante qualquer empurrão das provações. A natureza mundana é como água, só consegue descer.
         Que bênção tem o pecador em se converter e trilhar as antigas veredas? Não precisamos ir longe para descobrir, porquanto o próprio texto nos traz a inequívoca resposta: “... e achareis descanso para as vossas almas...”. Tem algo melhor do que isso? A natureza mundana e rebelde imediatamente há de levantar-se contra essa bênção eternal. Ela dirá que esse é um “pão vil e desprezível” (Números 21:5). O anelo pela confiança na carne mortal dirá que não aceitará a liderança de Cristo para o viver; as glórias deste tempo presente ofuscarão seus olhos, de maneira que em nada perceberá a preciosidade do que significa o achar descanso para a alma.
         Com a graça do Senhor me esforçarei ao máximo para mostrar ao amigo leitor, que não há absolutamente nada dentro e fora do homem capaz de impulsioná-lo a uma decisão de andar pelo Caminho rumo ao céu, a não ser a misericórdia. E é ela que aparece estampada nesse verso.
         Amigo leitor, eis que novamente deparamos com a aparente simplicidade da bênção, que Deus promete aos pecadores dispostos a deixar o caminho largo e passar a percorrer o bom caminho. Porém, nada há que possa atrair um coração apaixonado pelos favores mundanos. O fato é que, ”É melhor um prato de hortaliça onde há amor do que um boi cevado e com ele contendas” (Provérbios 15:17), mas a famigerada natureza carnal salta para apossar-se do “boi cevado” preparado e posto na mesa mundana pelo príncipe deste mundo, mesmo que as conseqüências sejam gravíssimas.  A insensatez do pecado impossibilita o coração a meditar e considerar as verdadeiras riquezas que a alma tanto precisa que são achadas somente por quem anda pelo bom caminho.
         Mas, o que mais a alma precisa? Não é de descanso e paz? Pergunto, pode o mundo fornecer essas bênçãos? Jamais! O mundo promete uma paz, mas ela é perigosa e traidora, porquanto não é um bem durável. Ela seca como a água que é jogada num chão ressequido; evapora como a fumaça; passa rapidamente como um breve conto, porque ela vem de fora, do mundo e não atinge a alma, mas simplesmente alivia as tensões da carne. Satanás tem pesquisado e achado em todo seu reino muitos paliativos para manter homens e mulheres enganados. Ele é um psicólogo de primeira, e tem ajuntado tudo o que seu sistema religioso pode oferecer de melhor, a fim de que as multidões sejam mantidas entretidas, ocupadas nesse vastíssimo território de escravidão.
         Porém, vou ainda mais longe ao afirmar que a estrutura deste mundo possui um profundo conceito de perigosa paz. Se o coração for achado endurecido e obstinado contra a verdade revelada, imediatamente surge toda provisão terrena para adornar e revestir o pecador de uma aparente calma. Não faltam os ministros da mentira para trazer um envenenado conforto e dar ao coração a certeza que tudo irá permanecer normal no seu trajeto. O coração endurecido é imediatamente cercado com a paz de que tem um deus ao seu lado; será sempre convencido que o amanhã será bem melhor, cheio de alegrias, de saúde e prosperidade.
         Quando a alma for ameaçada e parecer que tudo estará desmoronando, eis que surgem os mensageiros para avisar que está tudo bem e que logo a calma virá. Em seu vastíssimo império maligno satanás sabe funcionar muito bem como um deus. Ele encanta seu mundo como um anjo de luz, e seu fulgor faz acender o fogo do prazer e da paixão nos corações rebeldes contra a verdade. Quando ele recebe autorização daquele que reina no céu e na terra, seu mundo funciona com um gosto paradisíaco.
         Veja amigo leitor, como os caminhos ímpios são lindos e atraentes comparados às antigas veredas. Deus não apresenta as glórias eternas imediatamente em seu caminho. Ele aponta aquilo que é útil ao pecador; aquilo que o homem precisa para sua jornada aqui. Nada melhor, mais rico, mais precioso do que a paz encontrada no caminho santo. Jesus deixou essa paz para Seus discípulos e foi bem claro em afirmar que Sua paz não era igual a paz que o mundo dá. Na próxima lição procurarei abordar a respeito dessa paz desfrutada por corações obedientes à verdade: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8:32).

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