sexta-feira, 3 de outubro de 2014

O PECADO DA INCREDULIDADE (2)




Spurgeon
         Aquele capitão respondera ao homem de Deus: Ainda que o Senhor fizesse janelas no céu, poderia suceder isso, segundo essa palavra? Dissera o profeta: Eis que tu o verás com os teus olhos, porém disso não comerás” (2 Reis 7:19)
         Em todos os casos, a cura de Naamã era assunto de conversa comum na corte; mesmo em face de toda essa evidência, nas barbas de todas essas credenciais da missão do profeta, ele duvidou e o insultou, dizendo que o céu precisava abrir-se inteiro antes que a promessa se cumprisse. Em resposta Deus pronunciou sua condenação pela boca do homem que recém pronunciara a promessa: “Tu verás com os teus olhos, porém disso não comerás”. A providência – que sempre cumpre as profecias, assim como o papel registra a impressão das letras – destruiu o homem. Pisoteado nas ruas de Samaria, ele morreu à porta, ainda vendo a abundância, mas sem chegar a prová-la. Talvez seu procedimento fosse arrogante e insultuoso para o povo, ou ele tentasse controlar a correria desenfreada deles; ou, poderíamos dizer, foi por meio acidente que ele foi pisoteado; assim ele viu a profecia se cumprir, mas não viveu para alegrar-se nela. Neste caso, ver foi crer, mas não foi prazer.
         Nesta manhã quero convidar a atenção de vocês para duas coisas: o pecado e o castigo deste homem. Talvez eu diga pouco do homem, pois já descrevi as circunstâncias, mas discurse sobre o pecado da descrença e seu castigo.
         1.      Primeiro, o pecado. Seu pecado foi incredulidade. Ele duvidou da promessa de Deus. Neste caso particular a descrença tomou a forma da dúvida da veracidade divina, ou de desconfiança do poder de Deus. Ou ele duvidou que Deus realmente que dizer o que Ele disse, ou que estava dentro do alcance do possível que Deus cumprisse Sua promessa. A incredulidade tem mais fases que a lua e mais cores que um camaleão. As pessoas comuns dizem que o diabo pode ser visto às vezes com uma forma e outras vezes com outra. Eu tenho certeza que isto vale também para o primogênito de satanás – a descrença – porque ela tem uma legião de formas. A um tempo eu vejo a descrença vestida como um anjo de luz. Ela chama a si mesma de humildade, e diz: “Não quero ser presunçosa; não me atrevo a pensar que Deus me perdoará. Sou um pecador ruim demais”. Chamamos isso de humildade, e agradecemos a Deus que nosso amigo apresenta uma atitude tão boa. Eu não agradeço a Deus por engano próprio como esse. É o diabo vestido como anjo de luz; no fim das contas é incredulidade.
         Outras vezes detectamos a incredulidade sob a forma da dúvida sobre a imutabilidade de Deus: “O Senhor me amou, mas talvez amanhã Ele me rejeite. Ele me ajudou ontem, e sob a sombra das suas asas eu estou seguro; mas talvez eu não receba ajuda na próxima aflição. Talvez ele me expulse; ele pode ter esquecido da sua aliança e deixar de ser gracioso”. Às vezes esta infidelidade está incluída numa dúvida quanto ao poder de Deus. Sofremos pressões novas a cada dia, somos envolvidos em novas dificuldades, e pensamos: “Com certeza o Senhor não pode nos livrar dessa”. Nos esforçamos para aliviarmos nosso fardo e, ao vermos que não o conseguimos, achamos que o braço de Deus é tão curto como o nosso e que seu poder é tão pequeno como a força humana.
(continua)

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