“Eis o soberbo, sua
alma não é reta nele, mas o meu justo viverá por sua fé” (Habacuque 2:4)
QUALIFICANDO A FÉ:
“...o justo viverá da fé”.
Estou me esforçando para mostrar aos
meus leitores o quanto a palavra de Deus qualifica e destaca a fé; mostra que
há diferença entre ela e a fé espúria deste mundo. A fé verdadeira vem de Deus;
é o Espírito Santo implantando no peito a fé que leva o crente a deleitar-se na
graça e na tão grande salvação. Esta salvação tem o começo feito por Deus e
continua a obra diariamente, até o grande Dia final. A fé natural, ou nascida
do homem, nada tem de valor. O Senhor viu a ausência da fé pura na igreja de
Laodicéia e censurou os falsos crentes ali. Satanás é o fabricante dessa fé;
ela nasce aqui e morre aqui; ela não tem o verdor da graça; ela é mundana,
infiel, desobediente e idólatra; ela é essencialmente humanista e presa aos homens aqui. Enquanto o
pecador não for salvo, sua fé nenhum valor terá perante Deus.
Digo mais que a fé verdadeira, há de
mostrar a qualidade do viver do justo. Primeiramente, a fé justifica Deus. Não
vemos um verdadeiro crente se justificando, porque compreende que nada há de
bom em si mesmo. O crente dá a Deus toda honra, em todos os aspectos da vida.
Notemos bem que em Habacuque o crente é chamado de “o justo”. Significa que a
vida foi arrumada; que a alma torta perante Deus, agora é reta e que não há
vaidade nisso. A fé natural tende a achar bem no homem; tende a confiar em si
mesma e vê motivo de louvores naquilo que o homem religiosamente é capaz de
fazer. Mas não age assim os que verdadeiramente creem, porque já brilha a luz
da verdade em seu ser, e assim o viver será para os louvores do Senhor.
Além disso, o verso deixa claro que
habita vida naquele que crê, enquanto a falsa fé tem luz daqui mesmo, a luz que
brilha e apaga diante das circunstâncias adversas deste mundo. A fé tem a vida
que há no Filho, por isso pode viver. De repente a alma vê tudo à luz celestial
e caminho no sentido contrário que o mundo caminha; agora marcha para o céu,
tomando decisões firmes e fortes aqui. Nota-se que o padrão da fé cristã é
infinitamente mais elevada do que o padrão deste mundo. Os salvos trilham o
caminho da certeza; eles lidam com o documento de Deus. A fé contempla o
invisível e essa atitude inquieta o mundo, pois a impiedade não pode conceber
tal atitude: “Onde está o teu Deus?” (Salmo 115:2). Notemos bem como José no
Egito foi conduzido na certeza de que tudo estava sendo conduzido pelas mãos de
Deus, enquanto ele passava no meio da incerteza. Coisas que Potifar e Faraó
jamais poderiam ver, aquele jovem escravo podia ver o que estava além deste
véu.
A incredulidade depara com a vida aqui e
pode curtir com aquilo que compreender ser verdade, mas vive sem documento.
Quando vêm as dificuldades a incredulidade não tem onde firmar seus pés; não há
qualquer rocha que venha lhe dá sólida confiança. Como um cão farejando o chão
à procura de alimento, eis que falsa fé fareja o mundo, buscando aqui e ali
algo que lhe dê melhor sorte, fortuna, saúde e paz. A fé falsa fala de Deus,
mas não pode estribar-se em Deus; pode crê em Jesus, mas nada há de uma ligação
com o Senhor. A fé natural não tem parentesco com o céu, por isso nada de lá
lhe interessa. Seus parentes e amigos estão aqui, confinados aqui mesmo, por
isso delicia-se com as chamadas bênçãos terrenas. Olhemos bem para a fé
natural, pois ela se encanta com mentiras religiosas e é levada facilmente por
belas palavras dos falsos mestres.
Quão felizes são os que creem! Quão
bem-aventurados são os que podem repousar sua confiança e esperar no Senhor!
Neste mundo tão horrível, cheio de desespero, maldade e outros tormentos, a fé
falsa é desmanchada, como se desmancha o gelo ante o calor. A fé pura e santa
prevalece, busca força na graça, cresce na confiança e caminha seguro descanso
nos eternos braços do Senhor e Pastor das ovelhas.
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