Spurgeon
“Aquele capitão respondera ao homem de Deus:
Ainda que o Senhor fizesse janelas no céu, poderia suceder isso, segundo essa
palavra? Dissera o profeta: Eis que tu o verás com os teus olhos, porém disso
não comerás” (2 Reis 7:19)
Um homem
sábio pode livrar uma cidade inteira; uma pessoa sábia poder trazer segurança
para milhares de outras. Os santos são “o sal da terra”, o meio de preservação
dos ímpios. Sem os crentes como conservantes, a raça humana seria totalmente
destruída.
Na cidade
de Samaria havia um homem justo: Eliseu, servo do Senhor. Na corte do rei já
não havia mais apreço pelas coisas de Deus. O rei era um pecador da pior
espécie, sua iniquidade era evidente e infame. Jeorão andava nos passos do seu
pai Acabe e fez deuses falsos para si. O povo de Samaria caíra como seu
monarca: tinham-se desviado de Jeová, esquecido o Deus de Israel. Não lembravam
mais da senha de Jacó: “O Senhor nosso
Deus, é o único Senhor”. Em idolatria flagrante eles se inclinavam diante
dos ídolos dos pagãos. Por isso o Senhor dos Exércitos permitiu que seus
inimigos os oprimissem até que a maldição do monte Ebal (Deuteronômio 27) se
cumpriu nas ruas de Samaria: “A mais
mimosa das mulheres e a mais delicada do teu meio, que de mimo e delicadeza não
tentaria por a planta do pé sobre a terra”, olharia com má intenção para
seus próprios filhos e devoraria seus descendentes por causa da fome atroz. Nesta
situação extremamente terrível o único homem santo foi o meio de salvação. Um
único grão de sal preservou uma cidade inteira, o único guerreiro de Deus
libertou toda a multidão sitiada. Por amor de Eliseu o Senhor prometeu que no
dia seguinte haveria comida, que já não havia mais por preço nenhum, para ser
comprada pelo preço mais baixo possível, às próprias portas de Samaria. Podemos
imaginar o júbilo da multidão quando o vidente pronunciou sua predição. Eles
sabiam que ele era um profeta do Senhor. Ele tinha credenciais divinas, todas
as suas profecias tinham-se cumprido. Eles sabiam que ele era um homem enviado
por Deus, que trazia a mensagem de Jeová. Certamente os olhos do monarca
brilharam de prazer e a multidão faminta saltou de alegria com a perspectiva da
libertação breve da fome. “Amanhã”, eles devem ter gritado, “amanhã nossa fome
terá acabado, e faremos festa a mais não poder!”.
Entretanto,
o ajudante sobre o qual o rei se apoiava expressou sua descrença. Não nos é
dito se alguém do povo, dos plebeus, disse algo assim, mas alguém da elite sim.
É estranho que Deus raramente escolhe pessoas importantes deste mundo. Lugares
altos e a fé em Cristo raras vezes combinam. Este homem disse: “Impossível!” e,
com um insulto para o profeta, acrescentou: “Ainda que o Senhor fizesse janelas
no céu, poderia suceder isso?”. Seu pecado consistiu em, depois de ver
evidências repetidas do ministério de Eliseu, ainda não crer nas afirmações que
o profeta fazia em nome de Deus. Com certeza ele tinha vista a derrota
esplêndida de Moabe; tinha ficado perplexo com as notícias da ressurreição do
filho da Sunamita; sabia que Eliseu tinha revelado os segredos de Ben-Hadade
e tornado cegas suas hordas de
assaltantes; ele vira o exército da Síria ser preso no centro de Samaria, e
provavelmente sabia a história da viúva que encheu todas as vasilhas com azeite
e libertou seus filhos. (continua)
Nenhum comentário:
Postar um comentário