sexta-feira, 12 de junho de 2020

A RESPONSABILIDADE DO HOMEM PERANTE DEUS (8)



“Passava Jesus por cidades e aldeias, ensinando e caminhando para Jerusalém. E alguém olhe perguntou: Senhor, são poucos os que são salvos? Respondeu-lhes: Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão” (Lucas 13:22-24)
A ATITUDE DE CADA SER HUMANA EM FACE DA SUA RESPONSABILIDADE: “Esforçai-vos”
        Quero agora meditar um pouco mais no termo usado por Cristo: “Esforçai-vos”. O esforço vem como uma reação em face do perigo. Se atravesso uma avenida movimento, eu me apressarei em correr ao ver que um carro está vindo e poderei ser atropelado. Li a respeito de um homem que levava sua esposa ao hospital, pois ela estava sentindo as dores de parto. Eis que um pneu do seu carro caiu num buraco, mas naquela angústia ele reuniu forças e conseguiu tirar a roda e levar a esposa para chegar em tempo no hospital. A função da mensagem do evangelho é fazer com que os pecadores vejam os perigos e busquem socorro. Mas você vai argumentar dizendo que a busca por socorro é atividade do livre-arbítrio. Mas é justamente o contrário, porque o livre-arbítrio ensina que há liberdade no homem em tomar uma decisão. Ao ver o perigo o homem busca socorro e não a decisão de ir. Foi isso que nosso Senhor quis dizer quando mostrou a porta estreita como escape. Ninguém vai querer escapar de um prédio quando tudo está normal ali, mas buscará socorro quando se vê cercado num incêndio.
        Também, o esforço em correr para entrar pela porta estreita é algo da própria graça de Deus. Nenhum pecador verá qualquer perigo eterno, sem que Deus lhe abra os olhos para enxergar tal perigo. Pilatos resolveu lavar as mãos, achando que era uma boa justificativa para escapar. Judas em seu orgulho resolveu por um ponto final em sua vida pelo enforcamento. Há peixes no oceano que não tem visão nenhuma, mas Deus deu a eles poder de localizar presas. Mas aos homens no pecado não há qualquer elemento de esperteza para perceber os perigos eternos que lhes rodeiam. Eles sempre correrão para o braço forte dos homens, ou mesmo para seus ídolos e bens, menos para Deus. Assim podemos perceber que ao lidar com a responsabilidade dos homens aqui, Deus está exibindo o quão rico e maravilhoso Ele é em Seus atos de misericórdia, como é em Seus atos de juízo.
        Mas há o esforço da fé. Não tem algo mais belo neste mundo, aos olhos de Deus do que ver homens e mulheres à busca daquilo que a natureza carnal e egoísta do homem jamais busca. A primeira atividade da fé é buscar a comida e bebida que suprirão a fome e a sede da alma e isso não é atividade da livre-iniciativa do homem, pois é algo sobrenatural, jamais produzido pelo homem ou pelo mundo. Quando isso acontece vemos que é obra de Deus: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mateus 5:2). Não há algo que mais causa medo aos homens aqui do que a falta de comida e bebida. Então, podemos notar que quando Deus trata com a responsabilidade do homem, Ele o faz na base de que o homem natural falhou, assim como um servo falha em seu compromisso. Ao tratar o homem como um ser responsável Deus, em Sua bondade mostra que ele será julgado, que o Juiz está à porta. Deus diz que o homem não ficará impune, que ele não é como os animais, que ele foi feito à imagem e semelhança de Deus, como coroa da criação de Deus e que a queda foi algo terrível. Mas ao mesmo tempo Ele aponta o lugar de escape, como Jesus apontou para aquele judeu curioso. Se Ele há de usar de graça salvadora, isso é com Aquele que é livre para agir com compaixão com que Ele quiser. Se um rei tem mil inimigos e em seu decreto ordena que todos sejam executados, se usar de compaixão com cem deles, ele o faz porque quer fazer.

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