“Passava Jesus por cidades e
aldeias, ensinando e caminhando para Jerusalém. E alguém olhe perguntou:
Senhor, são poucos os que são salvos? Respondeu-lhes: Esforçai-vos por entrar
pela porta estreita, pois eu vos digo que muitos procurarão entrar e não
poderão” (Lucas 13:22-24)
A ATITUDE DE CADA SER HUMANA EM
FACE DA SUA RESPONSABILIDADE: “Esforçai-vos”
Quero
agora meditar um pouco mais no termo usado por Cristo: “Esforçai-vos”. O
esforço vem como uma reação em face do perigo. Se atravesso uma avenida
movimento, eu me apressarei em correr ao ver que um carro está vindo e poderei
ser atropelado. Li a respeito de um homem que levava sua esposa ao hospital,
pois ela estava sentindo as dores de parto. Eis que um pneu do seu carro caiu
num buraco, mas naquela angústia ele reuniu forças e conseguiu tirar a roda e
levar a esposa para chegar em tempo no hospital. A função da mensagem do
evangelho é fazer com que os pecadores vejam os perigos e busquem socorro. Mas
você vai argumentar dizendo que a busca por socorro é atividade do
livre-arbítrio. Mas é justamente o contrário, porque o livre-arbítrio ensina
que há liberdade no homem em tomar uma decisão. Ao ver o perigo o homem busca
socorro e não a decisão de ir. Foi isso que nosso Senhor quis dizer quando
mostrou a porta estreita como escape. Ninguém vai querer escapar de um prédio
quando tudo está normal ali, mas buscará socorro quando se vê cercado num
incêndio.
Também,
o esforço em correr para entrar pela porta estreita é algo da própria graça de
Deus. Nenhum pecador verá qualquer perigo eterno, sem que Deus lhe abra os
olhos para enxergar tal perigo. Pilatos resolveu lavar as mãos, achando que era
uma boa justificativa para escapar. Judas em seu orgulho resolveu por um ponto
final em sua vida pelo enforcamento. Há peixes no oceano que não tem visão
nenhuma, mas Deus deu a eles poder de localizar presas. Mas aos homens no
pecado não há qualquer elemento de esperteza para perceber os perigos eternos
que lhes rodeiam. Eles sempre correrão para o braço forte dos homens, ou mesmo
para seus ídolos e bens, menos para Deus. Assim podemos perceber que ao lidar
com a responsabilidade dos homens aqui, Deus está exibindo o quão rico e
maravilhoso Ele é em Seus atos de misericórdia, como é em Seus atos de juízo.
Mas
há o esforço da fé. Não tem algo mais belo neste mundo, aos olhos de Deus do
que ver homens e mulheres à busca daquilo que a natureza carnal e egoísta do
homem jamais busca. A primeira atividade da fé é buscar a comida e bebida que
suprirão a fome e a sede da alma e isso não é atividade da livre-iniciativa do
homem, pois é algo sobrenatural, jamais produzido pelo homem ou pelo mundo.
Quando isso acontece vemos que é obra de Deus: “Bem-aventurados os pobres de
espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mateus 5:2). Não há algo que mais
causa medo aos homens aqui do que a falta de comida e bebida. Então, podemos
notar que quando Deus trata com a responsabilidade do homem, Ele o faz na base
de que o homem natural falhou, assim como um servo falha em seu compromisso. Ao
tratar o homem como um ser responsável Deus, em Sua bondade mostra que ele será
julgado, que o Juiz está à porta. Deus diz que o homem não ficará impune, que
ele não é como os animais, que ele foi feito à imagem e semelhança de Deus,
como coroa da criação de Deus e que a queda foi algo terrível. Mas ao mesmo
tempo Ele aponta o lugar de escape, como Jesus apontou para aquele judeu
curioso. Se Ele há de usar de graça salvadora, isso é com Aquele que é livre
para agir com compaixão com que Ele quiser. Se um rei tem mil inimigos e em seu
decreto ordena que todos sejam executados, se usar de compaixão com cem deles,
ele o faz porque quer fazer.
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