terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

FEIRA DA VAIDADE (3)




Spurgeon
        O terceiro motivo que não agradou nem um pouco os mercadores, foi que esses peregrinos davam pouco valoras mercadorias oferecidas à venda. Não se importavam nem em olhá-las, e quando os mercadores os chamavam para comprar, tapavam os ouvidos e exclamavam: “Desvia dos meus olhos, para que não vejam a vaidade” (Salmo 119:37), e olhavam para o alto indicando que seus negócios estavam no céu (Filipenses 3:20).
         Certo vendedor, observando o comportamento dos forasteiros, zombava deles, dizendo: “O que é que vão comprar?” Mas eles olharam –no muito sérios e responderam: “compramos a verdade” (Provérbios 3:23)
        A religião comum de hoje é uma mistura de Cristo e Belial.
        “Se o senhor é Deus, segui-O; se é  Baal, segui-o” (1 Reis 18:21). Não pode haver qualquer aliança entre os dois. Jeová e Baal jamais poderão ser amigos. “Não podeis servir a Deus e às riquezas”; “ninguém pode servir a dois senhores” (Mateus 6:24). Todas as tentativas de não ser tão rigoroso em questões de verdade e pureza estão fundamentados na falsidade. Que Deus nos livre dessa duplicidade odiosa. Não tenha nada com as palavras infrutíferas das trevas, antes reprove-as. Ande de modo digno do chamado e posição elevada que você recebeu. Lembre-se, cristão, de que você é um filho do Rei dos reis. Portanto, guarde-se da influência do mundo. Não suje de lama mãos que estão prestes a tocar harpas celestiais; não permita que seus olhos se tornem janelas para a cobiça, esses olhos que estão prestes a ver o Rei em Sua beleza; não deixe que seus pés, que em breve pisarão ruas de ouro, atolem em lamaçais; não consinta que seu coração, o qual em breve será preenchido com  o céu e transbordará num êxtase de alegria, seja contaminado por orgulho e amargura:
                                       Busque a beleza que é eterna
                                       E o gozo divinal;
                                       Onde a riqueza não se estraga
                                       E a glória é sem par!
        A resposta dos peregrinos provocou uma reação ainda mais forte: alguns zombavam deles, outros os insultavam e contradiziam, e não faltou quem quisesse bater neles. Levantou-se na rua um alvoroço tal, que toda semelhança de ordem desapareceu e a multidão começou a maltratar os peregrinos. Finalmente a notícia chegou ao chefe da feira, que imediatamente convocou seus amigos mais confiáveis para trazerem os homens que estavam transtornando o lugar, e afim de serem examinados.
         Assim, Cristão e Fiel foram levados presos para serem interrogados de onde vinham, para onde iam e o que faziam ali trajados daquela maneira estranha. Os dois disseram: “Somos peregrinos e estrangeiros neste mundo, e estamos a caminho de nossa pátria, a Jerusalém celestial. Não demos motivos aos da cidade para nos deterem na viagem e nos maltratarem, incluindo os mercadores, a não ser que, quando nos perguntaram o que queremos comprar, respondemos que era a verdade”. Porém aqueles que os interrogavam, acreditando que fossem loucos ou que de propósito quisessem provocar agitação, deram-lhes muitas pancadas e os sujaram de lama. Depois puseram Cristão e Fiel numa gaiola de ferro, como espetáculo para o público. Os dois jaziam ali, como objeto de escárnio e ofensas, e ninguém os defendia. O chefe da feira ria alto de tudo o que lhes sucedia.
(continua)












       

Nenhum comentário: