Spurgeon
Então vi em meu sonho que, quando eles saíram
do deserto, avistaram uma cidade que se chama Vaidade. Nela era realizada uma
feira chamada Feira da Vaidade, que funciona o ano todo. A cidade tem esse nome
porque é “mais leve que a vaidade” (Salmo 62:9) e também porque tudo que ali é
vendido ou acontece é vaidade, como diz o sábio: “Tudo quanto sucede é vaidade”
(Eclesiastes 11:8).
O estado mais feliz de um cristão é o de
mais santidade. Como o calor próximo do sol é mais intenso, assim é a
felicidade mais junto a Cristo. Nenhum cristão usufrui desse conforto enquanto
tem olhos fixos em coisas sem valor. Não culpo os ímpios por se atirarem aos
prazeres. Que tenham sua satisfação. Isso é tudo o que eles têm para usufruir,
mas os cristãos têm de buscar seus prazeres e alegrias numa esfera superior às
insípidas frivolidades do mundo. Correr atrás de coisas fúteis é perigoso para
almas renovadas.
Pois bem: o caminho para a Cidade
Celestial passa justamente por meio desta cidade onde se realiza esta feira da
de desejos; e aquele que pretende chegar à Cidade Celestial sem atravessar esta
cidade “teria de sair do mundo” (1 Coríntios 5:18).
Ao sentir-se fatigado pela luta e pecado
com que você depara no caminho, lembre que todos os santos passaram por esse
mesmo sofrimento. Não foram levados aos céus carregados em liteiras, e você não
deve esperar viajar em condições mais fáceis do que eles. Tiveram que arriscar
suas vidas até à morte, nos lugares mais árduos do campo de batalha, e você não
será coroado até que também tenha enfrentado as dificuldades como um bom
soldado de Jesus Cristo. Portanto, “permanecei firmes na fé, portai-vos
varonilmente, fortalecei-vos” (1 Coríntios 16:13).
Agora era a vez desses peregrinos
passarem por esta feira. E assim o fizeram, mas tão logo se aproximaram, todo o
povo se agitou, e surgiu logo um alvoroço em torno deles, por diversos motivos.
Primeiro, como a roupa dos peregrinos
era diferente da dos habitantes da cidade, todos os olhares admirados, julgando
que fossem idiotas ou loucos (1 Coríntios 4:9).
Segundo, assim como se maravilharam com
sua aparência, o mesmo sucedia em relação à sua maneira de falar, pois poucos
entendiam o que diziam. Naturalmente falavam a língua de Canaã; os que
organizavam a festa eram homens que pertenciam a este mundo. Assim, de uma
extremidade da feira à outra, pareciam bárbaros uns aos outros (1 Coríntios
2:7,8).
Se você segue a Cristo totalmente, tenha
certeza de que será chamado por outro destes nomes. Dirão como você é
diferente. Se você é um cristão autêntico, logo será um homem marcado: “Como
ele é estranho”, “Como ela é esquisita!”. Pensarão que tentamos nos destacar
entre os outros, quando de fato somos apenas conscienciosos e estamos nos
empenhando em obedecer à vontade de Deus.
Dirão eles: “Como vocês são antiquados!
Vocês acreditam nas mesmas coisas antigas como nos temos de Oliver Cromwell –
aquelas doutrinas puritanas arcaicas!”. Eles riem de nossa fé e afirmam que
perdemos a liberdade.
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