sábado, 14 de fevereiro de 2015

FEIRA DA VAIDADE (2)




Spurgeon
        A feira da Vaidade não é um negócio novo, mas uma instituição bastante antiga. Vou mostrar-lhes sua origem.
        Há cerca de cinco mil anos, peregrinos caminhavam rumo à Cidade Celestial, assim como estes dois homens honestos, e Belzebu, Apolion e Legião, juntamente com seus acompanhantes, percebendo pelo rumo que tomavam que iriam atravessar a cidade da Vaidade, inventaram estabelecer uma feira permanente na qual se vendessem vaidades, tais como as honras mundanas, casas, terras, empreendimentos, lugares, honras, preferências, títulos, reinos, luxúrias, prazeres, e os deleites carnais, como prostitutas, esposas, maridos, crianças, mestres, vidas de escravos, sangue, corpos, almas, prata, ouro, pérolas, pedras preciosas e tudo mais.
        Há diversos tipos de vaidade. A roupa e os sininhos do bobo, a diversão do mundo, a dança, a lira e a taça dos libertinos; todos sabem tratar-se de vaidades. Elas usam sobre a testa seus nomes e títulos apropriados. Mais traiçoeiras são coisas igualmente vãs, como os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas (Mateus 13:22). Um homem pode estar seguindo a vaidade tão sinceramente no escritório como no teatro. Se ele gasta sua vida amontoando riquezas, está desperdiçando seus dias num espetáculo inútil. A menos que sigamos a Cristo e façamos de Deus o grande objetivo das nossas vidas, só iremos nos diferenciar da maioria frívola na aparência.
        É a doçura do pecado que o torna mais perigoso. Satanás nunca vende seus venenos às claras; ele sempre os embrulha para presente antes de vendê-los. Tome cuidado com os prazeres. Muitos são inocentes e saudáveis, mas muitos outros são destrutivos. Dizemos que onde crescem os cactos mais formosos, ali espreitam as mais venenosas serpentes. O mesmo se aplica ao pecado. Os prazeres mais agradáveis podem comportar os pecados mais gritantes. Tome cuidado! A víbora de Cleópatra foi trazida numa cesta de flores. Satanás oferece ao ébrio a doçura da taça embriagante. Ele oferece a cada um de nós nossa alegria particular, ele nos agrada com prazeres a fim de nos capturar.
        Além disso, nessa feira acontecem a todo tempo trapaças, logros, jogos, brincadeiras, ludíbrios, imitações, cartas e truques de todo tipo.
        Nela veem-se, também, e por nada, furtos, assassinatos, adultérios, falsos juramentos e toda forma de escândalo.
        Expulse para sempre todo pensamento carnal se você vive no poder do Senhor ressurreto. Seria terrível se alguém que se diz vivo em Cristo fosse conivente com a corrupção do pecado. “Por que buscais entre os mortos ao que vive?” (Lucas 24:5), disse o anjo a Madalena. Será que quem é vivo e habita em sepulcros? Será que a vida divina deve estar enclausurada numa capela mortuária de desejos carnais? Como podemos tomar parte no cálice do Senhor e ao mesmo tempo beber do cálice de Belial? Você, cristão que certamente já foi liberto de cobiças e pecados evidentes, você também já fugiu das armadilhas mais secretas e ardilosas do passarinheiro satanás? Você tem se desvencilhado do pecado do orgulho? Tem derrotado a preguiça? Tem evitado a segurança carnal? Tem procurado viver dia após dia acima do mundanismo, do orgulho da vida, da ilusão da ganância? Ande pelo caminho da santidade; ela é a coroa e glória do cristão.
(continua)








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