Spurgeon
A feira da Vaidade não é um negócio
novo, mas uma instituição bastante antiga. Vou mostrar-lhes sua origem.
Há cerca de cinco mil anos, peregrinos
caminhavam rumo à Cidade Celestial, assim como estes dois homens honestos, e
Belzebu, Apolion e Legião, juntamente com seus acompanhantes, percebendo pelo
rumo que tomavam que iriam atravessar a cidade da Vaidade, inventaram
estabelecer uma feira permanente na qual se vendessem vaidades, tais como as
honras mundanas, casas, terras, empreendimentos, lugares, honras, preferências,
títulos, reinos, luxúrias, prazeres, e os deleites carnais, como prostitutas,
esposas, maridos, crianças, mestres, vidas de escravos, sangue, corpos, almas,
prata, ouro, pérolas, pedras preciosas e tudo mais.
Há diversos tipos de vaidade. A roupa e
os sininhos do bobo, a diversão do mundo, a dança, a lira e a taça dos
libertinos; todos sabem tratar-se de vaidades. Elas usam sobre a testa seus
nomes e títulos apropriados. Mais traiçoeiras são coisas igualmente vãs, como
os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas (Mateus 13:22). Um homem pode
estar seguindo a vaidade tão sinceramente no escritório como no teatro. Se ele
gasta sua vida amontoando riquezas, está desperdiçando seus dias num espetáculo
inútil. A menos que sigamos a Cristo e façamos de Deus o grande objetivo das
nossas vidas, só iremos nos diferenciar da maioria frívola na aparência.
É a doçura do pecado que o torna mais
perigoso. Satanás nunca vende seus venenos às claras; ele sempre os embrulha
para presente antes de vendê-los. Tome cuidado com os prazeres. Muitos são
inocentes e saudáveis, mas muitos outros são destrutivos. Dizemos que onde
crescem os cactos mais formosos, ali espreitam as mais venenosas serpentes. O
mesmo se aplica ao pecado. Os prazeres mais agradáveis podem comportar os
pecados mais gritantes. Tome cuidado! A víbora de Cleópatra foi trazida numa
cesta de flores. Satanás oferece ao ébrio a doçura da taça embriagante. Ele
oferece a cada um de nós nossa alegria particular, ele nos agrada com prazeres a
fim de nos capturar.
Além disso, nessa feira acontecem a todo
tempo trapaças, logros, jogos, brincadeiras, ludíbrios, imitações, cartas e
truques de todo tipo.
Nela veem-se, também, e por nada,
furtos, assassinatos, adultérios, falsos juramentos e toda forma de escândalo.
Expulse para sempre todo pensamento
carnal se você vive no poder do Senhor ressurreto. Seria terrível se alguém que
se diz vivo em Cristo fosse conivente com a corrupção do pecado. “Por que
buscais entre os mortos ao que vive?” (Lucas 24:5), disse o anjo a Madalena.
Será que quem é vivo e habita em sepulcros? Será que a vida divina deve estar
enclausurada numa capela mortuária de desejos carnais? Como podemos tomar parte
no cálice do Senhor e ao mesmo tempo beber do cálice de Belial? Você, cristão
que certamente já foi liberto de cobiças e pecados evidentes, você também já
fugiu das armadilhas mais secretas e ardilosas do passarinheiro satanás? Você
tem se desvencilhado do pecado do orgulho? Tem derrotado a preguiça? Tem
evitado a segurança carnal? Tem procurado viver dia após dia acima do
mundanismo, do orgulho da vida, da ilusão da ganância? Ande pelo caminho da
santidade; ela é a coroa e glória do cristão.
(continua)
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