“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e
desesperadamente corrupto; quem o conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o
coração, eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um segundo o seu
proceder, segundo o fruto de suas ações” (Jeremias 17:9,10).
ELE É ENGANOSO: “Enganoso é o coração...”
Caro leitor,
digo mais que no íntimo o coração enganoso do homem não salvo o engana,
levando-o a pensar que ainda há tempo. O sistema enganador do pecado no coração
impede que o pecado seja movido pela aparência; leva o pecador a sentir-se
confortado ao pensar que nada há de errado, que há sólida rocha de confiança
debaixo dos pés, pelo fato que ele está com saúde, que a vida vai muito bem e
que as circunstâncias ao derredor em tudo lhe favorece.
Também, no
engano do seu coração o pecador acha que não haverá qualquer punição, mesmo com
as severas consequências resultantes de seus pecados, ele no íntimo pensa que
aquilo é normal, que a vida está indo bem, que no final tudo dará certo. O
engano do pecado confina a alma a confiar naquilo que vê, que sente e espera
que no amanhã tudo será melhor. Não foi assim com aquele louco da narrativa de
Cristo? Cercado de provisão financeira eis que ele imaginou no engano do pecado
que teria tempo aqui a fim de viver no máximo, de aproveitar bem a vida e de
experimentar a felicidade, por isso ajuntou tantos bens por tantos anos.
Posso
avançar mais na explicação, ao afirmar que, sendo enganoso o coração do homem, certamente
ele é indigno de confiança. Confiar em seu próprio coração é armar ciladas
para a alma; é dar as costas a Deus, a fim de confiar no mais perigoso
terrorista – o pecado no íntimo. Não foi assim com Davi, porquanto no momento
que ele deixou de confiar em Deus, imediatamente foi cercado pela armadilha de
seu próprio coração, imediatamente caiu na cilada armada pelo pecado para uma
queda que lhe custou caro (2 Samuel 11). Pedro era assim, pois confiava em seu
próprio coração, achando que para seguir a Cristo sua força física e sua
coragem natural podiam ajudar e que o Filho de Deus, em ocasiões difíceis precisaria
de sua ajuda. Foi assim que nosso Senhor simplesmente lhe arrancou toda essa
euforia carnal e o deixou sozinho, desamparado, diante do perigo da própria
morte. Ao negar seu Mestre três vezes, Pedro mostrou o quanto enganoso e
ludibriador é o pecado no íntimo.
O rei Davi
realmente precisou de seus soldados e teve muitos homens cheios de ousadia e de
coragem inigualável, mas nosso Senhor não. O Filho de Deus veio ao mundo e
ficou sozinho diante do terror e jamais apelou para a força de pobres homens a
fim de guardá-Lo e protegê-Lo. Nosso Senhor sabia o quanto um pobre Pedro não
passava de um miserável, sem qualquer valor diante dos poderes da morte, do
diabo e da Ira de Deus.
Mais do que
isso, esse engano que predomina e controla um coração não santificado pela
graça vai prosseguir enganando até o fim. Observe Judas, porque mesmo diante da
morte, mesmo perto do abismo ele ainda estava sob o controle desse sistema
maligno, pois com dó de si se atirou ao suicídio. Para ele aquela era a solução
que dissiparia de uma vez por todas as misérias da culpa que envolvia seu
coração. Foi assim que a perversidade do pecado no íntimo levou aquele homem
para as prisões eternas. Mesmo no castigo eterno, eis que homens e mulheres vão
estar para sempre nesse estado lastimável de miséria e engano, porquanto no
inferno não há lugar para o arrependimento. Ali é lugar de choro, porque verão
tardiamente que foram aqui mobilizados pelo orgulho do pecado a confiar em si
mesmos.
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