“Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque, quando estou fraco, então é que sou forte” (2 Coríntios 12:10).
INTRODUÇÃO:
Quando pensamos nos grandes homens de fé imaginamos que eram dotados de um descomunal e invencível poder. Devido nossas fraquezas, quantas vezes almejamos e chegamos a orar pedindo a Deus a graça de ser como Daniel, Paulo, Elias, ou outro renomado servo do Senhor! É normal para um santo de Deus querer subir á mesma altura de fé aonde homens de Deus chegaram. Mas nunca foi esse o propósito de Deus quanto aos Seus servos. Olhemos a vida de Josué que esteve sempre perto de Moisés. Quando chegou a ocasião de ocupar o lugar daquele grande líder que morrera, recebeu de Deus uma atividade diferente. Tinha a mesma fé, o mesmo Espírito, mas o poder dado por Deus a Josué foi para realizar um trabalho totalmente diferente que não coube a Moisés fazê-lo. Deus havia preparado Josué para tal serviço.
Não esqueçamos que todos os atos de vitória, coragem, santidade, ousadia e amor, vêm do Espírito de Deus. O mesmo Deus que exibe o caminho triunfante dos Seus servos abre também a cortina para revelar suas tremendas fraquezas. Por quê? Creio que a razão principal é para que jamais confiemos no homem, bem como para que também venhamos a lembrar que fomos feitos do mesmo barro. Obviamente, devemos ser imitadores daqueles que andam nos caminhos retos. Paulo diz: “Sede meus imitadores...”, por quê? Ele mesmo responde: “... como eu sou de Cristo”. A atividade de um justo é imitar a Cristo, nosso perfeito padrão de justiça, retidão, amor e santidade.
O fato que fomos feitos servos da justiça não indica que estamos livres de queda. Paulo diz: “Aquele que está em pé, cuide-se que não caia”. Os crentes são os únicos que neste mundo estão em pé, por isso estão sujeitos a cair. Os ímpios já estão caídos no pecado. Encaremos o que Paulo diz aos crentes em Efésios: “Ele vos deu vida estando vós mortos em vossos delitos e pecados” (Efésios 2:1). Ora, um morto sempre estará caído, inclusive a palavra traduzida “delito” indica exatamente a situação de alguém atirado à margem do caminho. Eis aí o triste resultado do pecado no homem. Na salvação Deus ressuscita o pecador, levantando-o dentre os mortos espirituais (João 5:24). São esses que agora podem andar pelo santo caminho; correr a carreira que lhes está proposta (Hebreus 12:1), que estão sujeitos à queda. Aliás, quando uma pessoa é salva fica sabendo dessa verdade por experiência, e é devido a essa consciência de fraqueza e de incapacidade própria para andar no caminho do dever, que faz o crente submisso, obediente e uma pessoa que constantemente fala com Deus em oração.
AS FRAQUEZAS DOS HOMENS DE DEUS
Uma simples passada pelas Escrituras leva-nos a perceber as fraquezas e quedas de homens de Deus. Foram-nos reveladas não para que sejamos imitadores em seus erros, mas justamente para que venhamos a depender da força da graça do Senhor, a fim de que andemos neste mundo na santa dependência do poder do nosso Deus. Essas fraquezas são vistas pelo menos de três ângulos diferentes:
1. NA CONSCIÊNCIA DO PECADO.
ABEL (Gênesis 4)
Foi o caso de Abel (Gênesis 4:4) percebe-se que aquele moço estava vivendo angustiado em face da sua condição pecaminosa. Sem dúvida, seus pais lhe ensinaram a respeito da queda no Éden, razão pela qual foram expulsos da presença
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de Deus. Abel humilhou-se para buscar o caminho de volta ao paraíso, oferecendo a Deus sacrifício de sangue, a fim de obter o perdão e a purificação dos seus pecados.
JACÓ (Gênesis 33)
Vemos atitude semelhante na vida de Jacó. Quando ficou cercado pelo medo de perder sua família e sua própria vida ao encontrar-se com Esaú, pode prostrar-se perante o Senhor na mais gloriosa experiência em sua vida. Na luta contra Deus a fraqueza do velho Jacó foi sua força, porquanto naquele momento estava ciente da sua condição e pode pedir do Senhor a bênção que lhe levou a ser um novo homem, o Israel (Gênesis 33:26). O fraco Jacó se tornou doravante, o forte Israel.
ISAÍAS (Isaías 6)
Uma outra impressionante experiência da fraqueza do homem natural perante a face do Senhor teve Isaías (Isaías 6). Ali estava aquele jovem estarrecido perante a visão do Trono do Altíssimo. Isaías não ficou festejando, pulando e cantando! Não! A visão deixou-o aterrado diante do fato que a presença santa fê-lo ver sua própria condição no pecado: “Ai de mim, estou perdido...”. Isaías presenciou o próprio inferno perante si e estava horrorizado.
NABUCODONOZOR (Daniel 4)
Outra ilustração marcada nas páginas sagradas foi aquela tida pelo perverso Nabucodonosor. Deus usou Daniel para arrostar-se perante aquele temível monarca. Quão oportuna e eficaz foi a presença de Daniel, conforme o registro no capítulo quatro do seu livro. O rei fora avisado do que lhe aconteceria caso não se humilhasse perante Deus e mudasse sua atitude tão perversa perante os homens. Não demorou para que a sentença viesse contra o arrogante rei, porquanto foi envolvido por loucura e atitude animalesca, ao ponto de ser separado da sociedade e viver com os animais no campo por sete anos. Deus teve misericórdia dele, e quando foi acordado da sua condição, pode dar glória a Deus e viver o resto de seus anos como um homem humilde.
2. NA REVELAÇÃO DAS FRAQUEZAS DA NOSSA NATUREZA.
Não podemos esquecer que foi a graça de Deus que nos salvou. Nada houve em nós que atraísse a atenção de Deus. Nada houve em nós que pudesse ser aproveitado por Deus a fim de ajudar na gloriosa salvação: “Não por obras de justiça que houvéssemos feitos...” (Tito 3:5). O homem velho teve que ser desfeito; todos os escombros da velha vida tiveram que ser retirados. Quando Deus nos salvou, ele posicionou-se perante cadáveres e deu vida aos que estavam espiritualmente mortos (Efésios 2:2), à semelhança do que Jesus fez ao chamar Lázaro dentre os mortos (João 11:43,44).
Essa tão gloriosa verdade a respeito da triste condição do homem no pecado, e da Soberana vocação de Deus na salvação do perdido é para que saibamos quem somos nós, mesmo agora com nova vida. O verdadeiro crente deve saber quem ele era em Adão, bem como o que é agora em Cristo. Todos nós devemos estar conscientes da natureza pecaminosa que habita em nosso corpo mortal (Romanos 6:19), e que todas as exortações dadas ao povo de Deus são para nos alertar a depender de Deus em santa humildade e obediência, a fim de que não caiamos diante dos perigos que nos cercam enquanto aqui vivermos.
Nesta lição veremos tal verdade através da experiência de santos de Deus e assim, buscarmos a resposta nos ensinos e exortações que nos são dados em toda extensão da Palavra de Deus. Nosso espaço não permite que falemos da fraqueza de todos, mas tomaremos as ilustrações mais importantes achadas nas páginas sagradas.
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ABRAÃO (Gênesis 12). Os grandes homens de Deus foram feitos “gigantes” espirituais pelo poder da graça. Se retirarmos a atuação soberana do chamado de Deus, restarão os resíduos da queda em Adão, como todos os homens. Eles foram fortes porque o Senhor era com eles. O que mais a Bíblia ressalta é a obra da graça divina que fez de Abraão um homem obediente a Deus, que pode brilhar no meio de homens corrompidos quando viveu no Egito e em Canaã.
Vemos Abraão como um homem semelhante a nós, carregado de fraquezas, quando entrou em Canaã em obediência a Deus, mas logo teve que deixar a terra da promessa devido à fome do Neguebe, a região sul, castigada pela seca (12:9e10), por isso desceu para o Egito. Nós somos assim, sempre desconfiamos dos recursos de Deus; sempre buscamos solução para nossos problemas no mundo. Notemos nos versos anteriores, grandes momentos de louvores e adoração ao Senhor na vida daquele patriarca, enquanto atravessava Canaã.
Mas, agora Abraão está no Egito. Será que há bênçãos no Egito? Não! Cada vez que tentamos resolver nossos problemas de uma maneira carnal, tendemos a arruinar mais. Por que não subiu ao invés de descer? Eis que no Egito teve que mentir para proteger-se da morte, por causa de Sara, sua mulher. Um pecado sempre atrai outro pecado. Além da mentira, Abraão mostrou-se covarde, porque não protegeu Sara, expondo sua esposa ao vitupério promovido por aqueles homens perversos. Não fosse a intervenção divina, quão desastrosa seria para Abraão sua entrada no Egito. Tudo começou com uma simples desconfiança de Deus. Daí a descida para uma fatalidade. Nós somos assim, tendenciosos a não confiar em Deus e em Seus cuidados por nós. Sempre tomamos o caminho fácil promovido pelo mundo, e assim sofremos as graves consequências da nossa desobediência ao Senhor.
MOISÉS (Números 20:2-13). Que grande homem foi Moisés! É dito a respeito dele após sua morte, que nunca mais levantou em Israel um profeta como ele (Deuteronômio 34:10). Seu sepultamente foi o único feito somente e tão somente por Deus (Deuteronômio 34:6). Grande líder, grande intelecto, grande coração cheio de amor sacrificial pelo seu povo, mas, como todos nós, cheio de fraquezas. Moisés normalmente era irritadiço. Aos quarenta anos matou o egípcio que feria um israelita (Êxodo 2:12). Aquela decisão custou sua fuga para o meio dos midianitas. Mesmo chamado por Deus para tirar o povo de Israel do Egito, Moisés revelou sua tendência à raiva quando não havia motivos. Em sua penúltima tentativa de persuadir faraó para que este deixasse o povo sair, diz o texto em Êxodo 11 que Moisés “... saiu da presença de faraó ardendo em ira”. A outra ocasião em que Moisés revelou sua irritação carnal resultou na disciplina de Deus contra ele impedindo que Seu servo entrasse na terra prometida (Números 20:1-12).
A ira em si não é uma atitude errada. Moisés teve outros momentos de ira, mas com justa razão, quando tratou certo, na hora certa com aquilo que estava errado. Precisamos vencer no poder de Deus toda atitude iracunda. Em Efésios 4:26 diz: “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira”. Paulo está tratando da atitude carnal que resulta em vingança e maldades contra nosso próximo. Em Tiago 1:20 o escritor sagrado diz: “Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus”.
DAVI. A vida desse homem grandemente usado por Deus mostra que é no maior brilho da graça, que mais aparecem as fraquezas de um servo de Deus. Quando perseguido pelo famigerado Saul, quantas vezes Davi tomou decisões sem buscar a liderança de Deus! Numa ocasião estava disposto a matar milhares de pessoas inocentes, simplesmente por vingança. Deus usou uma mulher sábia que estorvou seus intentos (1Samuel 25). Mais tarde, sem buscar orientação de Deus, fugiu para buscar refúgio no meio dos filisteus, devido as perseguições de Saul. Isso custou caro para Davi e seus soldados, pois deixaram suas famílias desprotegidas em Ziclague, resultando na invasão dos amalequitas (1 Samuel 30).
Assim percebemos que Deus revela as fraquezas de Seus servos a fim de que nós saibamos o que nós somos em Adão e o quanto precisamos da força da graça.
Os ensinos da Palavra de Deus nos foram dados exatamente para que fôssemos fortalecidos no viver e aprendamos a renunciar aqueles costumes com os quais andamos quando vivíamos na carne. Devemos saber que não seremos verdadeiros servos da justiça se mantivermos práticas carnais do nosso velho homem. Temos alguns exemplos de orientações bíblicas para que abandonemos os velhos costumes que faziam parte do nosso viver quando não éramos convertidos. Segue alguns exemplos.
Em Efésios 4:22-24 Paulo diz: “No sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.”
Notemos que Paulo usa a ilustração da vestimenta para mostrar que devemos fazer exatamente o mesmo na vida espiritual:
1. Quanto ao trato passado é para DESPOJAR do velho homem. Os maus costumes no pecado é como se fossem roupas velhas, imprestáveis. Esses antigos hábitos são corrompidos e corrompem no engano. Se um mendigo descobrisse que era um milionário, não continuaria com seus trapos. Sem dúvidas vestiria as melhores roupas.
2. É para haver uma RENOVAÇÃO no espírito do nosso entendimento. Os crentes não estão largados atoa pela vida afora. Temos todo ensino que precisamos para encher nossos corações da verdade, a fim de que mostremos a todos que somos transformados.
3. Devemos REVESTIR do novo homem. Não estamos limitados a um negativismo no nosso viver. Tiramos de nossas vidas aquilo que é imprestável e que não serve a não ser para prejudicar nossos vidas e nosso próximo. A nossa fé em Cristo mostra que agora somos novas criaturas e revelamos isso num viver de justiça e retidão procedentes da verdade.
Tendo isso em mente podemos trilhar o caminho do dever. Os servos da justiça são chamados a uma vida disciplinada, diferente do comportamento tortuoso daqueles que estão no pecado.
4. NO PERIGO DE UMA QUEDA
Em tudo que temos aprendido a respeito da nossa fraqueza, deixa subtendido que estamos sob o perigo de cair em terríveis pecados. Nosso bom Pastor nos guia pelas veredas da justiça (Salmo 23:3), mas se não estivermos voltados para um viver em persistente obediência à Sua Palavra, certamente cairemos em armadilhas preparadas pelo nosso inimigo.
Aprendamos que uma mera fraqueza pode tornar-se num tropeço inevitável. Sem dúvidas o rei Davi caminhou um longo caminho rumo ao adultério que culminou com um assassinato. Se vivermos adulando nossas fraquezas, elas crescerão e vão nos devorar levando-nos à queda. Determinados tropeços podem nos deixar manchados e incapazes de sermos usados por Deus como instrumentos de justiça enquanto aqui vivermos neste mundo.
A Bíblia tem para nós os recursos da graça para que em todos os aspectos do nosso viver sejamos triunfantes, a fim de que glorifiquemos nosso Senhor através de nossos corpos. Vejamos agora alguns desses recursos dados por Deus ao Seu povo:
1. A PALAVRA: “Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti” (Salmo 119:11). A Palavra de Deus é tudo que nós precisamos para viver. Quem ignora a leitura e meditação diária da Palavra de Deus está preparado para uma queda.
2. A ORAÇÃO: “Orai sem cessar para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade está pronto, mas a carne é fraca” (Mateus 26:41). Nosso Senhor mostra a oração como uma arma poderosa contra a tentação. Não é uma oração de vez em quando, mas sim uma constante atitude no coração, na santa dependência de Deus. Nosso Senhor ainda acrescenta o fato que nossa carne é fraca, susceptível à queda. Todo crente deve estar consciente disso. A nossa força está no homem espiritual vivificado e renovado no coração.
3. A VIGILÂNCIA: “Fugi da impureza...” (1Coríntios 6:18). Ficar perto de determinados perigos é estar exposto à queda. Não brinquemos com fogo! Notemos bem que somos ordenados a fugi do pecado da imoralidade. Escapemos de filmes, novelas, revistas e ambientes onde promovem a queda na imoralidade. O mundo atual brinca com a imoralidade em todo sentido, e nós os crentes não estamos imunes a esses constantes perigos. No verso 20 do texto em pauta somos ensinados que nossos corpos pertencem ao Senhor; fomos comprados por bom preço para que jamais ficássemos servindo ao pecado.
Fomos chamados para que neste mundo sirvamos à justiça. Está bem claro que os injustos não herdarão o reino de Deus (1Coríntios 6:9). Somos servos, portanto, estejamos bem preparados para o serviço do Senhor neste mundo. O pecado nos mancha e deforma nosso viver. A graça de Deus concedeu força a José no Egito, de tal maneira que ele pode conservar-se puro. E foi assim que Deus usou aquele moço maravilhosamente, não somente para o Egito, como também para sua família. Nunca há de faltar os recursos de Deus para um viver santo e puro, se formos humildes e obedientes às orientações do Senhor em toda nossa maneira de viver.
PERGUNTAS:
1. A quem o crente deve imitar?
2. Por que o crente está em perigo de cair?
3. Por que Deus revela as fraquezas dos servos em Sua Palavra?
4. O que Deus faz primeiro na vida de uma pessoa para levá-la à salvação?
5. Qual foi a evidente fraqueza de Moisés?
6. Quando é que a ira se torna pecaminosa?
7. Você já sabe em que área você revela suas fraquezas?
8. Cite um recurso da graça de Deus para que o crente seja livre de queda no pecado?
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