“Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá da fé” (Romanos 1:17).
Em continuação ao assunto sobre A VIDA DO SERVO DA JUSTIÇA, vamos vê-la agora de uma forma mais prática. Vimos que ele foi salvo pela fé, mas sua vida há de prosseguir pela fé. Se a Justiça de Cristo está nele, então obviamente há de mostrar o fruto da justiça em seu viver.
Quantos tentam inventar um viver cristão diferente daquilo que nos foi revelado! Alguns tentam viver pelas emoções, querendo sentir a presença de Deus, mas o justo não vive assim, ele começou pela fé e há de continuar liderado pela fé que o Espírito de Deus implantou em seu coração. Seus olhos foram abertos para conhecer a verdade revelada nas Sagradas Letras, assim agora há de viver pela liderança daquilo que aprende do Senhor. Notemos o que Moisés diz, em tom de adoração, pouco antes da sua morte: “Na verdade, amas os povos; todos os teus santos estão na tua mão; eles se colocam a teus pés e aprendem das tuas palavras” (Deuteronômio 32:3).
ANDANDO COM DEUS
A triste situação do homem no pecado é que ele é espiritualmente cego, não consegue ver a drástica situação em que se encontra no pecado, nem tampouco percebe a maneira como o mundo e o diabo manipulam seu curto viver. Na salvação os olhos do homem são abertos; ele é tirado das trevas para andar na luz (Colossenses 1:13). Ele passa a ver a verdade a respeito dos perigos e da liderança perversa de satanás neste mundo. Agora passa a andar com Deus. Notemos o que é dito a respeito de Enoque em Gênesis 5:24: “Andou Enoque com Deus...”. Enoque percebeu o engano do pecado e a falsa impressão de bem-estar no meio de toda prosperidade em que vivia aquela população que atraiu o juízo de Deus no dilúvio. Eis a sua disposição de andar com Deus. O mesmo aconteceu com Noé: “... Noé andava com Deus” (Gênesis 6:9).
Na conversão o homem passa a ter a liderança de Deus no viver. Ele passa a andar com Deus. Não somos diferentes daqueles homens que viveram antes e depois do dilúvio. Os santos de todos os tempos e de todas as épocas sempre andaram com Deus. A promessa de Deus feita a Josué: “... Não te deixarei, nem te desampararei” (Josué 1:5) é a mesma que Deus dirige a todos os Seus santos em todos os tempos: “...porque Ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei” (Hebreus 13:5). O Senhor se responsabiliza por aqueles que Ele mesmo conquista neste mundo. Ele se coloca como o Pastor das ovelhas (Salmo 23 e João 10); é dito, também, que “... Ele será nosso guia até a morte” (Salmo 48:14).
Esse breve panorama bíblico é suficiente para que entendamos que todos os justos andam com Deus neste mundo. Sua nova maneira de viver começa na sua conversão quando é feito nova criatura, salvo, filho de Deus. Dá para perceber como o justo ama a Palavra de Deus e quer aprender para praticar. O justo é um discípulo, alguém que continuamente aprende. Mais do que isso, seus olhos foram abertos na conversão para saber que não pode andar sozinho. Agora é um filho da luz, que anda na luz com Deus, aprende a falar com Deus em oração e quer amadurecer na
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fé. A humildade faz parte integrante da vida do justo, e quando há sinal de qualquer orgulho, eis que aparece a disciplina de Deus para levá-lo à maneira correta de proceder.
UMA VISÃO CORRETA DAS COISAS
No pecado a alma do homem é torta: “Eis o soberbo, sua alma não é reta nele...” (Habacuque 2:4), mas eis que quando ele é feito justo com a perfeita Justiça do Filho de Deus, passa, então a percorrer o caminho certo. O justo agora vê a corrupção que há no mundo, e não pode conformar-se com o sistema mundano de vida. Por causa disso há um sofrimento em sua alma. Numa breve passagem a Bíblia revela o caráter piedoso de Ló no meio daquela população extremamente corrompida de Sodoma (2 Pedro 2:6-8). Ele presenciava o caminho de perversidade daqueles homens e não podia conformar-se. Quão diferente era sua mulher! Parece que Ló habitava ali contra sua vontade, a fim de conformar-se aos desejos de sua esposa e filhas.
Mas, não pensemos no justo guiado apenas por um sentimento negativista em relação a este mundo. Não esqueçamos que o justo odeia o mal, mas ama o bem, por isso o justo trabalha tendo em vista o bem do seu próximo, mas ele toma o caminho certo direcionado por Deus em Sua Palavra. Ele busca do alto os recursos da Graça de Deus, e o faz em oração e intercessão, tendo em vista o bem-estar eterno das almas.
HOMENS PIEDOSOS
Foram homens justos que Deus usou para implantar um caminho de justiça, e podemos ver isso especialmente na história dos reis piedosos levantados por Deus na história de Israel. Josias assumiu o trono de Jerusalém ainda novo, mas foi zeloso em expurgar da cidade e da nação toda e qualquer praga de idolatria e maldade resultante do afastamento de Deus (2 Reis 22 e 23). De uma maneira maravilhosa Deus usou Daniel e seus amigos na corte babilônica, trazendo temor e obediência a Deus num ambiente de paganismo, idolatria, maldade e imoralidade. Prevaleceu a fé daqueles quatro justos que ali decidiram agradar a Deus. A história tem mostrado as grandes bênçãos que os justos têm trazido a este mundo.
Obviamente, nem sempre o viver de um justo resulta em avivamento e mudança numa sociedade onde prevalece a maldade. Milhares sofreram afrontas e perseguições praticadas contra eles. No reinado do perverso Manasses muitos foram massacrados devido à impiedade daquele rei.
Então, concluímos que a justificação faz com que o homem seja direcionado pelo caminho certo, do amor e temor a Deus e do amor e respeito ao seu próximo. Esse é o caminho apresentado por Deus em Sua Palavra para todos os Seus santos. Eles foram tirados da tortuosidade do pecado a fim de trilhar o caminho reto (Salmo 119:1). Os justos são os servos de Deus neste mundo, foram salvos para servir ao Deus vivo e verdadeiro (1 Tessalonicense 1:9). Foi esse o projeto de Deus na salvação em Cristo, e todo ensino a respeito da vida do justo está delineado, especialmente em todo Novo Testamento.
SUBORDINADO À FORÇA DA FÉ
A vida de fé do justo é algo misterioso, inexplicável neste mundo. A fé é o viver em contraste com tudo aquilo que é da natureza. A fé opera acima de tudo o que o mundo tanto dá valor e pode vencer tudo baseando apenas numa decisão de uma fé simples que segue em obediência a Palavra de Deus.
DAVI E SAUL (1Samuel 30)
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Notemos na linguagem bíblica exemplos claros de que somente a fé genuína pode superar obstáculos intransponíveis aos olhos deste mundo. Davi estava sendo perseguido por Saul que queria exterminá-lo. Davi decidiu ajuntar-se aos filisteus e não pediu a orientação de Deus. Nas suas idas e vindas deixou a sua família e de seus homens sem a devida proteção. Um dia quando retornaram definitivamente encontraram um quadro de completa desolação. Ziclague havia sido destruída completamente pelos amalequitas; todos os bens foram roubados, as casas tinham sido queimadas e as mulheres e crianças foram levadas cativas (1Samuel 30).
O que fazer diante de uma situação tão drástica? A culpa era sua pela decisão que havia tomado (1Samuel 27:1); seus homens, além de angustiados, estavam extremamente irritados pelo que acontecera com suas famílias, por isso falavam em apedrejar Davi (1Samuel 30:1-6). Mas eis que a fé entra em ação naquele momento: “... mas Davi se fortaleceu no seu Deus”! Para a mente natural tudo estava perdido, mas para o homem de Deus aquilo era o começo de uma grande demonstração do triunfo. Foi assim que Davi e seus homens foram atrás dos inimigos, derrotaram-nos e, além das suas famílias trouxeram consigo os despojos (1Samuel 30:17-20).
Somente a fé pode obedecer a Deus e passar por cima de todo e qualquer obstáculo da natureza. A pessoa que não é salva não pode obedecer a Deus e nem tampouco superar os obstáculos postos pela natureza carnal, avarenta e mundana. O rei Saul era um ímpio, por isso sua natureza abominava qualquer obediência irrestrita a Deus. Ele não fez exatamente como o Senhor havia ordenado no caso do extermínio dos amalequitas (1Samuel 15), por isso foi repudiado para a posição de rei de Israel.
A FÉ DANDO ORDENS
A fé mobiliza o justo a se erguer para a glória de Deus. O justo foi arrancado do mundo, da carne e do diabo para servir ao Senhor que lhe salvou. O justo é cheio de fraquezas, mas jamais é tombado como um ímpio. Quanto mais cheio estiver da Palavra de Deus, mas firme, decidido e vitorioso ele é. Notemos o que somente um justo pode e consegue fazer: “Bendize ó minha alma ao Senhor, e tudo o que há em mim, bendiga ao seu santo Nome” (Salmo 103:1). Eis aí o triunfo do justo. A fé está dando ordens à alma, e tudo está simplesmente subordinado a Deus. Ora, sem o conhecimento do Deus da Bíblia é puramente loucura tal atitude para uma pessoa mundana, porque não há qualquer base na sua vida para isso. Não há o conhecimento de Deus e da salvação de Deus conforme está apresentado nesse mesmo Salmo.
Concluímos nossa lição sobre A VIDA DO SERVO DA JUSTIÇA dizendo que todo ensinamento bíblico é dirigido ao homem de fé, porque ele pode obedecer e é capacitado a fazer o que lhe é ordenado. Ele o faz por amor ao Deus que lhe salvou, e porque almeja o bem do seu próximo. O justo é fraco porque habita num corpo pecaminoso e carrega consigo toda inclinação para o mal. Mas habita nele o Espírito de Deus que lhe concede graça para seu viver dia após dia.
PERGUNTAS:
1. Cite uma ilustração de uma atitude de fé extraída da Palavra de Deus.
2. Qual é a diferença básica entre a vida de um justo e a vida de um ímpio?
3. Que ilustração você tem de sua própria vida para afirmar que sua vida é de um justo e não de um ímpio?
4. Baseado em gênesis 4, porque Abel foi considerado justo e Caim um ímpio?
5. Com base no Salmo 32:1, 2, quando começa a vida de fé de um justo?
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