“...busquei o amado de minha alma, busquei-o e não o achei. Levantar-me-ei, pois, e rodearei a cidade, pelas ruas e pelas praças; buscarei o amado de minha alma. Busquei-o e não o achei. Encontraram-me os guardas que rondavam pela cidade. Então lhes perguntei: Vistes o amado da minha alma? Mal os deixei, encontrei logo o amado da minha alma; agarrei-me a ele e não o deixei ir embora, até que o fiz entrar em casa de minha mãe e na recâmara daquela que me concebeu” (Cantares 3:1-4).
À PROCURA DO AMADO DA ALMA: “...busquei o amado de minha alma...”
Prezado leitor, hoje é minha tarefa mostrar em que consiste a busca do Amado da alma, como é isso na prática. Na meditação anterior pudemos ver o que acontece quando uma alma é despertada por Deus e repentinamente passa a ver algo que jamais vira. Estamos diante da poderosa obra da graça, algo que somente Deus pode mostrar. Alguém pode passar anos numa igreja; pode ter lido a bíblia muitas vezes; pode ter seus pais crentes, etc. e jamais tenha sido salvo. Tenho um amigo que por anos pastoreou uma igreja e descobriu que nunca foi salvo.
O fato é que a salvação pertence exclusivamente a Deus. Nenhum pastor, nem igreja, nem batismo, nem oração, nem as muitas atividades religiosas podem salvar o perdido. Não podemos dar vida sequer a uma barata, quanto mais ressuscitar mortos espirituais. É trabalho soberano da visitação do Alto, e que pertence ao Pai e ao Filho. Foi exatamente isso que nosso Senhor mostrou aos fanáticos e supersticiosos judeus: “...Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (João 5:17). A entrada do pecado não frustrou as pessoas da divindade, pelo contrário, foi o caminho aberto para a introdução da força da graça: “... Onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Romanos 5:20).
Tendo essas verdades em mente, digo e afirmo que a busca pelo Amado da alma começa num coração confesso. Ninguém pode conhecer a salvação de Deus sem confissão. Essa verdade é bem revelada em todo Velho Testamento, especialmente no livro de Levítico. Os sacrifícios de sangue eram aceitos mediante a sincera confissão da culpa do ofertante. A ausência da confissão indica que há pecado oculto (Salmo 32:3); a ausência de confissão indica que há lugares escondidos no coração, que o pecador não quer revelar. No Salmo 32 o salmista afirma que enquanto ele calou silenciou seus pecados no íntimo, o inferno continuou na alma. Houve um tipo de ressecamento, sua alma ficou como um solo ressequido, sem chuva, por isso não havia fruto da alegria, da paz e do viver (Salmo 32:3,4).
Milhares tentam ser crentes com seus pecados ocultos no íntimo. Eles se escondem numa igreja, procuram atividades dentro de uma religião, porém mantêm obstinadamente envolvidos com suas idolatrias e paixões bem escondidas do pastor, da esposa, do marido, dos pais e de outros. Aparentemente tudo parece ser belo ao derredor, mas a verdade registrada no íntimo é não há paz lá dentro: “Para os perversos, diz o meu Deus, não há paz” (Isaías 57:21) A maldade continua como se fosse uma fera oculta; sua revolta contra Deus está bem disfarçada.
Confissão é a porta do coração completamente escancarada para Deus. É a luz de Deus focada no íntimo e todos os esconderijos secretos do coração perante os olhos do Senhor: “Confessei-te o meu pecado, e a minha iniquidade não mais ocultei...” (Salmo 32:5).
A confissão indica que o portão do coração foi aberto para que o Rei da glória ali possa entrar e reinar. A confissão indica que a alma é completamente transparente, que nada mais fica encoberto, porque essa vida foi descoberta por Deus. A confissão indica que o pecador está em temor perante Deus; que está pronto a revelar toda sua maldade e declarando com isso sua culpa e total merecimento do castigo eterno.
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