“Então, olhando Ele para os seus discípulos, disse-lhes: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus.” Lucas 6:20
POBREZA ESPIRITUAL
Prezado leitor, no Velho Testamento, no livro do profeta Isaías tem um acontecimento que também explica o que significa pobreza espiritual. Envolveu a vida do próprio Isaías que naquela época deveria ter entre 16 a 20 anos. Conforme o cap. 6, aquele jovem teve uma visão da Glória de Deus, e esse acontecimento inusitado serviu como um preparo para que Deus mostrasse quem era o verdadeiro Deus de Israel em todo esse maravilhoso livro de 66 capítulos, contrastando assim com os ídolos tão buscados e venerados pelo povo de Israel naquela época. Ora, a visão de Deus foi algo aterrorizante na vida do jovem profeta. Ali ele pode saber a realidade do que significa na prática ser pobre de espírito. Isaías quando contemplou a glória de Deus foi como que rasgado e descoberto por dentro para ver os horrores de seu próprio coração corrompido pelo pecado, mas que até então estava encoberto pelo orgulho.
Ali ele viu o que praticava com sua própria língua. Era um moço de um linguajar sujo, profano, malicioso, como ele mesmo afirmou: “Sou um homem de lábios impuros...” A visão da glória de Deus veio como um facho de luz para mostrar o horror de seu coração ante a majestade Sublime do Deus Santo, Santo, Santo. Foi ali que Isaías, não somente viu seus pecados, como também viu a situação social do seu povo. Ele disse: “Ai de mim, sou um homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de impuros lábios...”.
Prezado leitor, em poucas palavras esforcei-me para descrever ao seu entendimento o que significa ser “pobre de espírito” ao usar algumas ilustrações tiradas da própria Bíblia. A definição, portanto, é que uma pessoa pobre de espírito é alguém que enxergou a si mesmo conforme Deus mostra em sua palavra, e essa pessoa, perante Deus não está fugindo, encobrindo e silenciando o pecado na alma, mas está com a porta de seu coração completamente aberta para Deus, pronta para uma genuína confissão. Ela está caída, prostrada perante Deus; certamente é uma pessoa contrita e convencida que nada tem de recurso em si mesma para achegar-se a Deus. Notemos bem que ela não está fazendo isso para chamar a atenção das pessoas, a fim de mostrar que é muito religiosa ou espiritual. Ela não está interessada em saber o que as pessoas pensam dela, mas sim triste e pesarosa pela sua situação de um pecador manchado pelo pecado, que Deus está vendo a sua triste condição da qual não pode escapar por si mesmo, e sem qualquer condição de achegar-se a Deus. Foi assim que Pedro, o pescador, viu a si mesmo quando percebeu aquele homem que mandou jogar a rede para o lado direito do barco era o próprio Messias. Pedro disse: “Senhor, afasta-te de mim porque eu sou um pecador” (Lucas 5:8). Também, o Grande Deus afirma várias vezes em Sua Palavra que Ele é Deus dos contritos e quebrantados de espírito (Isaias 66:2). Vemos também essa verdade registrada no Salmo 51 quando Davi sentiu o quebrantamento do seu coração perante o Deus de toda Misericórdia.
Eu sei quão difícil é levar esta verdade aos corações, mas simplificando, digo ao querido leitor que o Deus da bíblia é o Deus dos contritos, das almas que invocam o Seu nome para serem salvas. Essas são as pessoas pobres de espírito. Todos os que foram salvos experimentaram essa triste condição na alma. A provisão da cruz tem tudo para o perdido, inclusive a fé. O pobre pecador nada tem para dar a Deus, mas o Filho de Deus conquistou na cruz tudo para que a alma aflita possa achar esse grande Salvador.
Amigo leitor, se esta meditação tem chegado ao seu coração, pode estar certo que o Deus da Palavra é o seu Deus. Pode estar certo que você é uma alma bem-aventurada. Cante, alegre-se no Senhor pela tão grande salvação! O Senhor afirma que pertence a você o Reino de Deus, e que não tem alguém tão privilegiado como você em todo universo.
Dando continuidade a esse tema de BENÇÃO E MALDIÇÃO, procurarei ser o mais prático possível, pois a Palavra de Deus resulta no viver prático e suas doutrinas têm um efeito na vida de cada um de nós, porquanto nada pode estar encoberto perante o Senhor. Ora, se essas pessoas descritas por nosso Senhor como sendo espiritualmente pobres, noutra linguagem são os “mendigos espirituais”, é de se esperar que elas sintam falta, estão desprovidas de recursos espirituais. Temos que nos envolver com a Palavra de Deus para que descubramos quais são essas riquezas espirituais tão buscadas por aqueles a quem Jesus Cristo veio salvar e outorgar vida eterna.
FALTA VIDA. Obviamente falta aquilo que é principal - a vida. A própria Bíblia afirma que o pecado trouxe morte: “O salário do pecado é a morte...”. Essas almas possuem vida natural, mas aquilo que é da natureza alienada de Deus, produto da carne que não pode agradar a Deus (Romanos 8:8). Sendo assim, elas desconhecem a Deus e estão distanciadas da glória de Deus e do Deus da Glória. Elas nada sabem em que situação o pecado colocou-as e quando ficam sabendo a respeito das perfeições de Deus descobrem que estão no pó e no desespero porque nada podem fazer por si mesmas para achegar-se a Ele. Querem subir, mas descobrem que só conseguem descer, como alguém que ao tentar escapar da areia movediça afunda ainda mais. Estão presas, emaranhada na rede do pecado da qual não conseguem escapar. Procuraram em todos os meios conseguir vida, mas era apenas ilusão; acharam emoções momentâneas, por isso gritam, clamam, choram, suspiram no íntimo como que perguntando: “Que faremos para herdar vida eterna?”
FALTA PAZ. Àquele que é espiritualmente pobre lhe falta paz com Deus e a paz de Deus. Procurou a paz que o mundo dá, através do conforto, da riqueza, da religião, das amizades, etc., mas percebeu que essa paz produzida aqui não somente era semelhante à fumaça que passa como também perigosíssima, porquanto não era a verdadeira paz proveniente de justiça e retidão exigidas pela justa lei. Não escondeu sua situação, mas lançou fora como trapo imundo aquilo que tanto as multidões buscam como se fossem verdadeira felicidade e paraíso desejáveis, para dar plena vazão a sua situação interior, porquanto sabia que dentro de si nada havia a não ser conflito e ininterruptas perturbações.
FALTA JUSTIÇA. Aquele que é pobre perante Deus sente falta de justiça, ou retidão. Ele tentou várias vezes buscar justiça na lei, obedecendo alguns detalhes da santa lei de Deus, mas ao tentar chegar perto das perfeições dela descobriu que não passava de um amaldiçoado, pois jamais conseguia cumprir as exigências e os rigores da perfeita lei. Ele vê que suas mãos estão manchadas (Salmo 24), que seus pés dispostos para correr para o mal, são inclinados somente para buscar aquilo que é transgressão perante Deus; sua boca está fechada (Romanos 3:20), afinal o que ele vai falar perante um Deus Santo? (Isaías 6). Ele sabe de sua condição de imundície (Isaías 64:6) e que Deus contempla sua situação espiritual, cheio de chagas purulentas da cabeça aos pés (Isaías 1). Talvez tentasse várias vezes usar as “folhas de figueira” a fim de expor perante Deus alguns traços de justiça própria, tentando fazer o melhor possível numa igreja, ajudando ao máximo as pessoas com obras de caridade, e procurando ter um elevado caráter perante a sociedade, mas já percebeu ser tudo inútil e desesperador, porque não pode esconder a realidade do seu coração da corrupção interior e do seu distanciamento de Deus. Sabe que a ira de Deus estava sobre si e que as flechas dos terrores de Deus estão sendo atiradas e não lhe atingiram ainda devido a misericórdia do próprio Deus.
Amigo, examine seu ser perante o Deus da Bíblia e veja se é você alguém espiritualmente pobre, porque é esse tipo de pessoa que Cristo veio buscar e salvar.
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