sábado, 7 de abril de 2012

BENÇÃO E MALDIÇÃO (12)



Mas, ai de vós, os ricos! Porque tendes a vossa consolação” Lucas 6:24
OS RICOS: (final)
 Se voltarmos nossos olhos para o texto em pauta veremos ali no verso 24 que o nosso Senhor inicia o texto com uma terrível maldição: “Ai de vós, os RICOS”. Nosso tema nessas mensagens é a respeito de BÊNÇÃO E MALDIÇÃO. Observemos a maneira que Deus vê as coisas, porque precisamos também ver as coisas assim. Ora, nós não gostamos nenhum pouco quando pessoas nos xingam ou se ouvimos dos lábios dos homens duras palavras de imprecações dirigidas contra nós. Ficamos realmente indignados quando alguém usa termos amaldiçoantes contra nós ou mesmo contra alguém a quem tanto amamos. Encaremos bem o texto, porquanto é Deus que dirige essa tão terrível expressão: “AI DE VÓS”. Estamos lidando com o Deus Glorioso e Soberano, aquele que tem o direito de fazer o que Ele bem quiser sem ter que prestar contas a ninguém porque Ele é Deus.
Vemos essa linguagem de Deus tanto no Novo como no Velho Testamento. O AI DE VÓS vindo dos lábios de Deus ressoa como maldição, como que ameaça de coisas que fatalmente acontecerão. Por exemplo, vemos no livro de Isaías cap. 5 uma série dessas imprecações vindas do Grande Jeová contra a nação de Israel, porquanto o povo estava vivendo em rebelião contra Deus. No Novo Testamento, o Senhor Jesus dirige duras palavras de maldição e de ameaças contra os fariseus e escribas. Aqui na passagem lida, de Lucas 6, vemos o Senhor dirigindo aos que se acham revestidos no coração da posição de “ricos”, conforme o pecado e o mundo. Creio que essa expressão vinda dos lábios do Senhor é suficiente para levar nossos corações a ficar abalados diante da verdade do evangelho. Eis aí aquilo que vemos em toda mensagem que o evangelho bíblico transmite. Foi exatamente essa a mensagem pregada por todos os apóstolos, que o homem é salvo ou é perdido; há os que são salvos e os que perecem. Os “ricos” são aqueles que perecem.
Apliquemos tal verdade trazendo sua luz para os corações que ainda se acham obscurecidos no pecado. Amigo, como é que o mundo lhe trata enquanto você se acha na condição perigosa de “rico” perante o Grande Deus? O mundo não lhe persegue, não lhe condena, não lhe censura por causa do caminho que você anda. Ao seu derredor tudo parece ser paz e segurança, porque você está plenamente cercado daquilo que representa a “riqueza”  que seu coração anseia possuir. Deus está anunciando o perigo que virá da parte Dele mesmo; Deus está mostrando que não há solução para sua vida, porquanto você continuará na mesma situação, com seu coração endurecido contra Deus e contra o Reino de Deus. Sendo “rico” na alma significa que você tem amado sua própria vida aqui. O mundo é exatamente aquilo que a riqueza tem desenhado em seu coração; é tudo aquilo que você ambiciona possuir; você recusa o galardão de lá de cima porque tem um galardão temporário aqui, aquilo que você espera receber da parte do reino dos homens.
Se voltarmos nossos olhos para o verso 24 verá que nosso Senhor mostra ali que tipo de maldição cai sobre aquele que é chamado por Ele mesmo de “rico”: “Já tendes a vossa consolação”. Eis aí aquilo que significa a “riqueza da alma”. Onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. O “rico” já tem sua consolação aqui. A palavra traduzida “tendes” era usada antigamente para recibo. Aquilo que você quer deste mundo, você vai ter constantemente.
         O que significa a consolação que a “riqueza” confere a alma? É exatamente aquilo que tanto seus olhos ambicionavam ver, que a carne ambicionava possuir e que lhe elevaria ao pináculo da soberba.. Se você é um “rico”, terá aquelas coisas que a riqueza mostrará serem seus deuses: Seus amigos, seus bens, sua saúde, sua religião, seus mestres religiosos. Eles dar-lhe-ão o consolo que tanto representa para seu viver. Você há de achar paz, alegria, prazer, felicidade, deleite, segurança, honras, prestígios, amizades, etc. Tudo isso aquele que é “rico” pode encontrar aqui, e tudo isso findará aqui mesmo.
          Amigo leitor voltemos nossos olhos para o verso 21. Já pude explicar o verso 20 onde nosso Senhor apresenta os “pobres”, aqueles que são abençoados com a bênção eterna do Reino dos céus. Mostrei no verso 24 o contraste que é feito com aqueles que são chamados de “ricos”. Estes são os herdeiros daquilo que o mundo pode lhes oferecer. A maldição contra eles aparece na dura expressão dirigida pelo Senhor: “Ai de vós”. A mensagem de Jesus não findou ali. São 4 lições dirigidas aos que são abençoados, e 4 que são para os amaldiçoados. Até agora temos visto apenas a primeira lição de cada lado.
         Depois de falar sobre aquele que é pobre, nosso Senhor apresenta sua bem-aventurança para aqueles que têm “fome”. Realmente não temos nenhuma mudança de assunto, mas sim um avanço do mesmo. O Senhor prossegue falando a respeito daqueles que são chamados de bem-aventurados, e eles são primeiramente “pobres”, mas seu estado de pobreza no coração levá-los-a a terem “fome”.
         O mundo proclama a respeito da situação social de muitos que passam fome e procura trazer-lhes alívio, providenciando meios que combatam a escassez de alimento. Mas o fato é que ninguém pode matar a fome. Quem se alimenta ao meio-dia voltará a ter fome à noite. Cristo não está tratando da fome física das pessoas, pelo contrário, nosso Mestre está referindo à condição do coração do homem e não do corpo. Trata-se da verdadeira “fome” que somente o “pobre” no íntimo sente. Vou me esforçar ao máximo para explicar o que a palavra de Deus diz a respeito dessa fome e do privilégio que muitos têm de experimentar esse desejo de alimentar-se da verdadeira e eterna alimentação, pois nosso Senhor afirma: “Bem-aventurados vós, os que agora tendes fome, porque sereis fartos”.
         Se alguém foi achado num estado de extrema pobreza nada possuindo daquilo que é celestial, tal pessoa sente fome. Na realidade trata-se da fome do verdadeiro homem interior, o homem do coração, e não aquilo que é apenas aparência. Realmente o pecado colocou o homem num estado de verdadeira desgraça, e ele não percebe sua real condição espiritual, porque uma das funções do pecado é infundir-lhe o engano de que tudo o que o homem precisa está neste mundo; o pecado ludibria-lhe em seu coração dando-lhe a idéia que esta vida presente é tudo aquilo que o homem necessita ter para ser alguém feliz e assim realizado.
         Quando, porém, o Espírito de Deus vivifica a palavra no coração e o pecador passa a ver em que escravidão de miséria ele se encontra, é como se acontecesse um verdadeiro desmoronamento em sua alma, ruindo todo seu mundo que fora erigido em seu viver no pecado desde seu nascimento. Quando o pecador se apercebe que neste mundo não passa de ser um algemado, escravo, servindo às paixões e prazeres, e que nada tem de Deus; que está distanciado da Glória de Deus;  essa alma clama ao Senhor por salvação. É o clamor de um coração aflito buscando o Salvador; essa alma sente fome de Deus; sente que está na penúria.
         É nossa tarefa conhecer o que a Palavra de Deus ensina a respeito dessa “fome espiritual” que chega à alma visitada pelo Espírito de Deus. O evangelho alcança os que têm fome, e o Senhor Jesus Cristo é o pão que satisfaz o pecador que se achega a Ele de todo coração.
         Ó que haja almas famintas por conhecer o verdadeiro e eterno alimento! O Senhor Jesus afirma: “Quem de mim se alimenta, também viverá por mim” (João 6:57). A linguagem bíblica direcionada à alma não é obscura, pelo contrário, ela é clara e inteligível. Assim como o corpo pede alimento, a alma aflita e desesperada busca em Deus a comida eterna. Eis que o Salvador está perto de todo pecador que O busca e O invoca de todo coração.

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