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Spurgeon
“Aquele
capitão respondera ao homem de Deus: Ainda que o Senhor fizesse janelas no céu,
poderia suceder isso, segundo essa palavra? Dissera o profeta: Eis que tu o
verás com os teus olhos, porém disso não comerás” (2 Reis 7:19).
Uma forma temível de descrença é a
dúvida que evita que as pessoas venham a Cristo de salvá-lo, a duvidar da
disposição de Jesus de aceitar um transgressor tão grande. O mais repugnante de
todos é o traidor, que se manifesta, blasfema contra Deus e nega com raiva a
sua existência. Infidelidade, deísmo e ateísmo são os frutos maduros desta
árvore perniciosa; são as erupções mais terríveis do vulcão da descrença.
Estou perplexo, e tenha certeza de que
você também ficará, se eu lhe disser que há algumas pessoas estranhas neste
mundo, que não creem que a incredulidade é pecado. Devo chamá-las de pessoas
estranhas porque sua fé é saudável em todos os outros aspectos, só para serem
coerentes em seus artigos de fé, no seu modo de ver, eles negam que a descrença
seja pecado. Lembro-me de um jovem que se aproximou de um grupo de amigos e
pastores que discutiam se era pecado quando alguém não cria no evangelho. Depois
de ouvir por algum tempo, ele disse:
- Senhores, estou na presença de
cristãos? Vocês creem na bíblia, por acaso?
- É claro que nós somos cristãos –
responderam eles.
- Mas então, não diz a Escritura: “Do
pecado porque não creem em mim”? Não é este o pecado que condena os pecadores,
de que não creem em Cristo?
Eu não teria imaginado que alguém
pudesse ser tão tolo a ponto de aventurar a afirmar que “não é pecado quando um
pecador não crê em Cristo”. Eu pensava que por mais vazão que eu quisesse dar
aos meus sentimentos, eles não iriam contar uma mentira para reter a verdade;
na minha opinião é exatamente isso que pessoas assim estão fazendo. A verdade é
uma torre forte e não precisa ser reforçada com erros. A Palavra de Deus vai
prevalecer sobre todas as artimanhas dos homens. Eu jamais levantaria um
sofisma para provar que não é pecado quando o descrente não crê, pois tenho
certeza de que é, depois que a bíblia me ensina que “o julgamento é este: que a
luz veio ao mundo amaram mais as trevas do que a luz”, e quando leio que “o que
não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus”.
Eu o afirmo, e a Palavra de Deus o declara, incredulidade é pecado. É óbvio que
as pessoas racionais e sem preconceitos não precisam de argumentos que provem
isso. Não é claro que é pecado quando a criatura duvida da Palavra do seu
Criador? Não é crime e um insulto contra a Divindade quando eu, um átomo, um
grão de pó, me atrevo a negar suas palavras? Não é o cúmulo da arrogância e o
extremo do orgulho quando um filho de Adão diz, nem que seja em seu coração? “Deus,
eu duvido da tua graça; Deus, eu duvido do teu amor; Deus, eu duvido do teu
poder”? Oh, senhores, creiam em mim, se vocês pudessem juntar todos os pecados
numa só massa, se pudessem tomar assassinato, blasfêmia, lascívia, adultério,
fornicação e tudo o que é maligno e unir tudo num conjunto imenso de corrupção
horrenda, nem isso se compararia com o pecado da descrença. Esse é o pecado
principal, a quintessência da culpa, a mistura do veneno de todos os crimes, a
escória do vinho de Gomorra; é o pecado A-1, a obra prima de Satanás, o
principal feito do diabo.
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