quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O PECADO DA INCREDULIDADE (3)



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Spurgeon
         Aquele capitão respondera ao homem de Deus: Ainda que o Senhor fizesse janelas no céu, poderia suceder isso, segundo essa palavra? Dissera o profeta: Eis que tu o verás com os teus olhos, porém disso não comerás” (2 Reis 7:19).
         Uma forma temível de descrença é a dúvida que evita que as pessoas venham a Cristo de salvá-lo, a duvidar da disposição de Jesus de aceitar um transgressor tão grande. O mais repugnante de todos é o traidor, que se manifesta, blasfema contra Deus e nega com raiva a sua existência. Infidelidade, deísmo e ateísmo são os frutos maduros desta árvore perniciosa; são as erupções mais terríveis do vulcão da descrença.
         Estou perplexo, e tenha certeza de que você também ficará, se eu lhe disser que há algumas pessoas estranhas neste mundo, que não creem que a incredulidade é pecado. Devo chamá-las de pessoas estranhas porque sua fé é saudável em todos os outros aspectos, só para serem coerentes em seus artigos de fé, no seu modo de ver, eles negam que a descrença seja pecado. Lembro-me de um jovem que se aproximou de um grupo de amigos e pastores que discutiam se era pecado quando alguém não cria no evangelho. Depois de ouvir por algum tempo, ele disse:
         - Senhores, estou na presença de cristãos? Vocês creem na bíblia, por acaso?
         - É claro que nós somos cristãos – responderam eles.
         - Mas então, não diz a Escritura: “Do pecado porque não creem em mim”? Não é este o pecado que condena os pecadores, de que não creem em Cristo?
         Eu não teria imaginado que alguém pudesse ser tão tolo a ponto de aventurar a afirmar que “não é pecado quando um pecador não crê em Cristo”. Eu pensava que por mais vazão que eu quisesse dar aos meus sentimentos, eles não iriam contar uma mentira para reter a verdade; na minha opinião é exatamente isso que pessoas assim estão fazendo. A verdade é uma torre forte e não precisa ser reforçada com erros. A Palavra de Deus vai prevalecer sobre todas as artimanhas dos homens. Eu jamais levantaria um sofisma para provar que não é pecado quando o descrente não crê, pois tenho certeza de que é, depois que a bíblia me ensina que “o julgamento é este: que a luz veio ao mundo amaram mais as trevas do que a luz”, e quando leio que “o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus”. Eu o afirmo, e a Palavra de Deus o declara, incredulidade é pecado. É óbvio que as pessoas racionais e sem preconceitos não precisam de argumentos que provem isso. Não é claro que é pecado quando a criatura duvida da Palavra do seu Criador? Não é crime e um insulto contra a Divindade quando eu, um átomo, um grão de pó, me atrevo a negar suas palavras? Não é o cúmulo da arrogância e o extremo do orgulho quando um filho de Adão diz, nem que seja em seu coração? “Deus, eu duvido da tua graça; Deus, eu duvido do teu amor; Deus, eu duvido do teu poder”? Oh, senhores, creiam em mim, se vocês pudessem juntar todos os pecados numa só massa, se pudessem tomar assassinato, blasfêmia, lascívia, adultério, fornicação e tudo o que é maligno e unir tudo num conjunto imenso de corrupção horrenda, nem isso se compararia com o pecado da descrença. Esse é o pecado principal, a quintessência da culpa, a mistura do veneno de todos os crimes, a escória do vinho de Gomorra; é o pecado A-1, a obra prima de Satanás, o principal feito do diabo.

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