SPURGEON
Falando do Evangelho
rejeitado, vou esforçar-me por assinalar as duas espécies de pessoas que
desprezam de maneira igual a verdade. Os Judeus fazem dele um tropeço, e os
Gregos consideram-no loucura. Agora, estes dois respeitáveis cavalheiros —o
Judeu e o Grego—, estes antigos indivíduos,
não serão objeto de minha condenação, mas vou considerá-los como membros de um
grande parlamento, representantes de um grande círculo eleitoral, e vou tentar
mostrar-vos que ainda que toda a raça dos Judeus fosse erradicada, haveria
ainda um número muito grande no mundo que responderia ao nome de Judeus, para
quem Cristo é um tropeço; e que se a Grécia fosse tragada por um terremoto, e
cessasse de ser uma nação, haveria ainda Gregos para quem o Evangelho seria uma
loucura. De maneira simples vou introduzir o Judeu e o Grego, e vou deixá-los
falar-vos por um momento, para que possais ver os cavalheiros que vos
representam; os homens representativos; as pessoas que vos simbolizam, que ainda
não foram chamadas pela graça divina.
O primeiro é
o Judeu; para ele, o Evangelho é um tropeço. O Judeu era um homem respeitável
no seu tempo. Toda a religião formal estava concentrada na sua pessoa; ele ia
ao templo com muita devoção; dava dízimos de tudo o que possuía, incluindo a
hortelã e o cominho. Podias vê-lo jejuando duas vezes por semana, com o seu
rosto muito marcado pela tristeza e pela aflição. Se o olhavas, tinha a lei entre
os seus olhos; ali estavam os filactérios, e as franjas dos seus vestidos eram
de uma largura impressionante para que não se pudesse supor jamais que era um
cão Gentio; que ninguém pudesse conceber jamais que ele não era um Hebreu de
raça pura. Ele tinha uma linhagem santa; procedia de uma família piedosa; ele
era um bom homem correto. Não podia suportar a esses saduceus que não tinham
religião. Ele era um homem religioso cabal; apoiava a sua sinagoga; não
aceitava esse templo no monte Gerizim; não podia suportar os Samaritanos, e não
tinha entendimentos com eles; era um zeloso de primeira magnitude da religião,
um homem excepcional; um espécime de homem moralista, amante das cerimônias da
Lei.
Portanto, quando ele ouviu acerca de
Cristo, perguntou quem era Cristo. “O Filho de um Carpinteiro.” “Ah!” “O filho
de um carpinteiro, e o nome de sua mãe era Maria, e o de seu pai José.” “Isso
em si mesmo, é suficientemente presunçoso,” comentou ele, “prova positiva, de
fato, de que ele não pode ser o Messias.” E, O que é que diz? Bem, pois ele
diz: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!” “Isso não dará resultado.”
Além disso, ele acrescenta, “Não é pelas obras da carne que alguém pode entrar
no reino dos Céus.” O Judeu amarrava imediatamente um duplo nó nas seus
filactérios; ele pensava que teria de ter as franjas do seu vestido ampliadas
para o dobro. Ele inclinar-se ante o Nazareno! Não, não; e se simplesmente um
discípulo atravessava a rua, ele considerava o lugar poluído, e não continuava nos seus
passos. Pensais vós que ele abandonaria a religião do seu velho pai, a religião
que veio do Monte Sinai, essa antiga religião que se encontrava na Arca e sob a
sombra dos querubins? Renunciar a isso? Ele não. Um vil impostor: era isso que
Cristo era aos seus olhos. O Judeu pensava assim! “Um tropeço para mim! Não
posso ouvir falar disso! Não o quero escutar.” Por conseguinte, ele fez ouvidos
moucos a toda a eloquência do Pregador e não escutava nada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário