quarta-feira, 9 de julho de 2014

SABEDORIA DE DEUS (4)




SPURGEON
         Falando do Evangelho rejeitado, vou esforçar-me por assinalar as duas espécies de pessoas que desprezam de maneira igual a verdade. Os Judeus fazem dele um tropeço, e os Gregos consideram-no loucura. Agora, estes dois respeitáveis cavalheiros o Judeu e o Grego, estes antigos indivíduos, não serão objeto de minha condenação, mas vou considerá-los como membros de um grande parlamento, representantes de um grande círculo eleitoral, e vou tentar mostrar-vos que ainda que toda a raça dos Judeus fosse erradicada, haveria ainda um número muito grande no mundo que responderia ao nome de Judeus, para quem Cristo é um tropeço; e que se a Grécia fosse tragada por um terremoto, e cessasse de ser uma nação, haveria ainda Gregos para quem o Evangelho seria uma loucura. De maneira simples vou introduzir o Judeu e o Grego, e vou deixá-los falar-vos por um momento, para que possais ver os cavalheiros que vos representam; os homens representativos; as pessoas que vos simbolizam, que ainda não foram chamadas pela graça divina.
         O primeiro é o Judeu; para ele, o Evangelho é um tropeço. O Judeu era um homem respeitável no seu tempo. Toda a religião formal estava concentrada na sua pessoa; ele ia ao templo com muita devoção; dava dízimos de tudo o que possuía, incluindo a hortelã e o cominho. Podias vê-lo jejuando duas vezes por semana, com o seu rosto muito marcado pela tristeza e pela aflição. Se o olhavas, tinha a lei entre os seus olhos; ali estavam os filactérios, e as franjas dos seus vestidos eram de uma largura impressionante para que não se pudesse supor jamais que era um cão Gentio; que ninguém pudesse conceber jamais que ele não era um Hebreu de raça pura. Ele tinha uma linhagem santa; procedia de uma família piedosa; ele era um bom homem correto. Não podia suportar a esses saduceus que não tinham religião. Ele era um homem religioso cabal; apoiava a sua sinagoga; não aceitava esse templo no monte Gerizim; não podia suportar os Samaritanos, e não tinha entendimentos com eles; era um zeloso de primeira magnitude da religião, um homem excepcional; um espécime de homem moralista, amante das cerimônias da Lei.
         Portanto, quando ele ouviu acerca de Cristo, perguntou quem era Cristo. “O Filho de um Carpinteiro.” “Ah!” “O filho de um carpinteiro, e o nome de sua mãe era Maria, e o de seu pai José.” “Isso em si mesmo, é suficientemente presunçoso,” comentou ele, “prova positiva, de fato, de que ele não pode ser o Messias.” E, O que é que diz? Bem, pois ele diz: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!” “Isso não dará resultado.” Além disso, ele acrescenta, “Não é pelas obras da carne que alguém pode entrar no reino dos Céus.” O Judeu amarrava imediatamente um duplo nó nas seus filactérios; ele pensava que teria de ter as franjas do seu vestido ampliadas para o dobro. Ele inclinar-se ante o Nazareno! Não, não; e se simplesmente um discípulo atravessava a rua, ele considerava o lugar poluído, e não continuava nos seus passos. Pensais vós que ele abandonaria a religião do seu velho pai, a religião que veio do Monte Sinai, essa antiga religião que se encontrava na Arca e sob a sombra dos querubins? Renunciar a isso? Ele não. Um vil impostor: era isso que Cristo era aos seus olhos. O Judeu pensava assim! “Um tropeço para mim! Não posso ouvir falar disso! Não o quero escutar.” Por conseguinte, ele fez ouvidos moucos a toda a eloquência do Pregador e não escutava nada.

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